Celebridade
Veterano de História de Amor morreu aos 68 anos após diagnóstico de câncer

Um ator de História de Amor morreu após descobrir um câncer em metástase; o veterano ainda deixou pedidos para o velório
Chegando ao final a exibição de História de Amor nas tardes da Globo, a obra trouxe muitos rostos saudosos que nos deixaram cedo e marcaram a televisão com sua arte. Um destes fez uma participação na obra de Manoel Carlos e deixou a teledramaturgia cheia de vida com seus papéis na emissora dos Marinhos. Trata-se do intérprete de Durval, o corretor de Helena (Regina Duarte), o ator Francisco Milani.
Começo de tudo
Milani começou sua trajetória aos 14 anos. No entanto, ele era apenas entregador em uma rádio de Piracicaba. Ao longo da sua passagem por lá, ele exerceu algumas funções, entre elas foi sonoplasta e locutor. Tudo mudou quando ele recebeu um convite para fazer um teste de atuação.
Em 1959, foi para o Rio de Janeiro e auxiliou na TV Continental e ficou pela cidade maravilhosa. Nos anos 60, se envolveu com o Centro Popular de Cultura (CPC), aliando-se a um dos principais movimentos artísticos ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi perseguido pela ditadura militar e interrompeu a carreira artística por uma década, trabalhando como caminhoneiro durante o período do regime autoritário.
Raízes no humor
Na década de 70, ele começou sua carreira de forma mais concreta, com participações em obras consagradas como Irmãos Coragem (1970) e Vamp (1991). Antes, no finalzinho da década dos anos 60, ele esteve em Terra em Transe (1967). Francisco se encontrou mais no humor e fez parte de formatos do gênero que são lembrados até hoje, como o Viva o Gordo, Escolhinha do Professor Raimundo, como Pedro Raimundo, um advogado com forte ceticismo e que exigia provas para qualquer fato da história. No Zorra Total, foi Saraiva e marcou com seu bordão (“Pergunta idiota, tolerância zero”).
Outro ponto destacável de Milani é sua atuação no campo político: ele era filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi eleito vereador no Rio de Janeiro em 1992 e, no mandato, passou para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, depois, ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Ele foi autor da lei que criou o RioFilme, uma iniciativa que ajudou o cinema nacional. Concorreu como vice-prefeito na chapa de Benedita da Silva (PT) e não conseguiu ser eleito. Francisco se comprometeu com a cultura e defesa da arte.
Despedida
Em 13 de agosto de 2005, ele foi vítima de um edema pulmonar em decorrência das complicações de um câncer. Anteriormente, havia sido diagnosticado com um tumor no reto, já em metástase. Durante o velório, foi atendido ao pedido dele de tocar o hino Internacional Socialista e o hino do seu time do coração, o Corinthians.
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