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Erik Menendez, retratado em série da Netflix, tem liberdade condicional negada

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Erik Menendez, o mais novo dos dois irmãos de Beverly Hills que ficaram conhecidos por assassinar os pais a tiros em 1989, após anos de alegados abusos sexuais, teve sua liberdade condicional negada em uma audiência altamente aguardada na última quinta, 21.

A negação, que determina um período mínimo de três anos antes que Erik possa tentar novamente, frustrou a esperança de muitos apoiadores de que ele, hoje com 54 anos, pudesse passar as festas de fim de ano ao lado da família. A decisão também reduziu as expectativas em relação à audiência separada de liberdade condicional de seu irmão mais velho e co-réu, Lyle Menendez, de 57 anos, marcada para esta sexta, 22.

“Acredito na redenção, ou não estaria fazendo esse trabalho”, disse o comissário Robert Barton ao anunciar a decisão. “Mas, com base nos padrões legais, concluímos que você ainda representa um risco irrazoável à segurança pública.”

Barton afirmou que o histórico de violações de regras por parte de Erik enquanto esteve preso pesou bastante na decisão, especialmente o uso de celulares contrabandeados, o mais recente no ano passado. Ele também ressaltou que Erik “não estava em perigo iminente de morte” quando abriu fogo contra os pais.

Participando da audiência por videoconferência, diretamente da prisão em San Diego, Erik acenou com a cabeça enquanto ouvia a decisão, mas aparentava estar abalado. Barton foi direto ao dizer que considerou a execução de Kitty Menendez, mãe de Erik, “desprovida de compaixão humana”, destacando ainda que Kitty também sofria violência doméstica nas mãos do marido, José Menendez.

“Não consigo me colocar no seu lugar. Não sei se algum dia senti uma raiva desse nível, jamais. Mas isso é preocupante, especialmente porque parece que ela também era vítima de violência doméstica”, disse Barton. “A coisa mais verdadeira que você disse hoje, no que diz respeito à responsabilidade, é que não há justificativa para suas ações. […] O que você fez, quando fez, da forma como fez, não tem justificativa.”

Em sua fala antes da decisão, Erik disse que lamentava profundamente o assassinato dos pais, José e Kitty Menendez, ocorrido há 36 anos, na sala de estar da mansão de US$ 4 milhões onde a família morava. Ele relembrou que, na época, acreditava que sua vida estava em risco, mas admitiu que o crime não foi um ato de legítima defesa.

“Meu pai iria ao meu quarto naquela noite para me estuprar. Isso ia acontecer, de uma forma ou de outra. Se ele estivesse vivo, isso iria acontecer”, disse Erik à junta de condicional. Questionado sobre por que também matou a mãe, Erik respondeu que estava cego pela crença de que ela apoiava incondicionalmente José. “Naquela noite, eu os vi como uma só pessoa. Se ela não estivesse no quarto, talvez tivesse sido diferente”, disse.

“Gostaria a Deus que não tivesse feito aquilo”, afirmou. “Não consigo expressar suficientemente minha tristeza e meu remorso. Passar o resto da minha vida tentando não será suficiente.”

Emocionado em alguns momentos, Erik lembrou que a quarta-feira anterior havia marcado mais um aniversário do crime, ocorrido em 20 de agosto de 1989. “Hoje é 21 de agosto. Hoje é o dia em que todos os meus [parentes] souberam que meus pais estavam mortos. Então, hoje é o aniversário do início da jornada de trauma deles”, disse à junta. “Só quero que minha família entenda que sinto um arrependimento inimaginável pelo que os fiz passar.”

O promotor adjunto Habib Balian se posicionou contra a concessão da liberdade condicional, afirmando que, embora seja verdade que Erik se formou pela UCLA enquanto estava preso e tenha iniciado programas para ajudar outros detentos, ainda não está claro se ele entende “a gravidade e a depravação completas de sua conduta”. Ele sugeriu que o crime foi “calculado”.

“Quando o que você fez foi assassinar seus pais com uma espingarda, deletar testamentos conflitantes, tomar o dinheiro deles, gastar o dinheiro deles — você é uma pessoa violenta”, argumentou Balian. “Quando alguém continua diminuindo sua responsabilidade por um crime e segue usando as mesmas desculpas falsas por mais de 30 anos, essa pessoa continua sendo tão perigosa quanto era quando matou os pais.”

A negação desta quinta-feira não encerra a tentativa de Erik de conseguir liberdade. Ele será elegível para uma nova audiência em três anos, mas tem o direito de pedir um adiantamento, o que poderia levá-lo à junta mais cedo. Além disso, os dois irmãos têm um pedido de novo julgamento ainda pendente nos tribunais e também aguardam um pedido de clemência que está na mesa do governador da Califórnia, Gavin Newsom. Ainda assim, o processo de liberdade condicional é considerado o caminho mais provável para a libertação dos irmãos.

Em um episódio de julho de seu podcast This Is Gavin Newsom, o governador disse que planeja tomar uma decisão sobre o caso dos irmãos até o Dia do Trabalho. Na ocasião, ele contou ao convidado Ryan Murphy, criador da série da NetflixMonstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais, que optou por não assistir ao programa para evitar ser “influenciado” por informações “que não estão nos autos”. Ele não indicou, no entanto, qual será sua posição.

Os irmãos conquistaram o direito à liberdade condicional em maio do ano passado, quando um juiz do condado de Los Angeles os re-sentenciou a 50 anos à prisão perpétua pelas condenações de assassinato em primeiro grau. (Antes, eles haviam sido condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.) Como ambos tinham menos de 26 anos na época dos assassinatos, as novas sentenças os tornaram imediatamente elegíveis para solicitar liberdade condicional, de acordo com a lei californiana para jovens infratores.


“Embora respeitemos a decisão, o resultado de hoje foi, claro, decepcionante e não o que esperávamos”, disseram os familiares de Erik em um comunicado conjunto. “Nossa crença em Erik permanece inabalável e sabemos que ele vai lidar com a recomendação da junta com resiliência. Seu remorso, seu crescimento e o impacto positivo que ele teve sobre outras pessoas falam por si mesmos.” Os parentes afirmaram que continuam “cautelosamente otimistas e esperançosos” em relação à audiência de Lyle, marcada para sexta-feira.

“Esta decisão faz justiça a José e Kitty Menendez”, disse o advogado Hochman em comunicado na noite de quinta-feira. “A junta determinou corretamente que as ações de Erik Menendez falam mais alto do que palavras e que sua conduta na prisão, bem como sua mentalidade atual, demonstram que ele ainda representa um risco irrazoável de perigo para a comunidade.”

Sem “fundamento moral”

No início da audiência de quase dez horas desta quinta-feira, Barton questionou Erik sobre os dois arrombamentos residenciais que ele cometeu antes dos assassinatos. Erik disse que estava tentando impressionar garotos mais velhos. Ele também afirmou que seus pais falharam em lhe transmitir um forte “fundamento moral”.

“Fui criado para mentir, trapacear e roubar”, disse ele. “Quando eu jogava tênis, meu pai se certificava de que eu trapaceasse em determinados momentos, se ele mandasse.” Erik admitiu que era impulsivo e “cheio de privilégios” na adolescência.

“Eu violaria as regras se acreditasse que isso me beneficiaria. Não confiava na autoridade. Não confiava nos meus parentes. Vivia em uma casa isolada. Fomos treinados para não sair do ambiente familiar. Eu tinha falhas profundas de caráter”, disse à junta. Erik afirmou que o segundo arrombamento foi uma forma de “provocar” o pai, pois poderia prejudicar a reputação de José.

“Mas você o assassinou porque acreditava que ele faria algo com você?”, perguntou Barton. Erik respondeu que sim. Ele disse que os assassinatos ocorreram pouco mais de um ano após o segundo arrombamento.

Relembrando os assassinatos ocorridos em um domingo à noite, em 1989, Erik disse que, na terça-feira anterior, contou a Lyle que “os abusos sexuais ainda estavam acontecendo”. Dois dias depois, os irmãos discutiram pela primeira vez a compra de armas, após Lyle ter tido uma “confrontação muito ruim” com o pai, contou Erik.

“Quando falamos sobre comprar as armas, eu tinha decidido que nunca mais deixaria meu pai entrar no meu quarto e fazer aquilo de novo”, disse Erik. “Na minha cabeça, fugir significava morrer. Não havia outra opção. Eu estava totalmente convencido de que não havia nenhum lugar para onde eu pudesse ir.”

Erik admitiu que “fantasiava” com a morte do pai, mas afirmou que “apertar o gatilho” não foi premeditado, acrescentando que seu pai “era o ser humano mais aterrorizante” que ele conhecia.

“Há alguma parte disso que você acredita ter sido legítima defesa?”, perguntou Barton. Erik disse que não.

“Meu objetivo ao comprar as armas era me proteger caso meu pai ou minha mãe viessem me matar. Ou caso meu pai entrasse no quarto para me estuprar. Foi por isso que comprei as armas”, disse. Ele contou que sentiu que sua vida estava em “perigo extremo e imediato” depois que ele e Lyle confrontaram os pais sobre os supostos abusos sexuais.

Quando perguntado quem agiu primeiro “em termos de violência”, Erik disse que Lyle subiu até o topo da escada assim que o pai ordenou que ele fosse para o quarto. “‘Está acontecendo agora’, Lyle supostamente me disse”, contou Erik. “Tudo o que eu sabia era que precisava chegar à sala de estar. O medo estava me empurrando para lá.”

Erik lembrou que pegou sua arma e a levou até o carro para carregá-la. Barton então perguntou se ele reconhece, hoje, que tinha “outras opções naquele momento”.

“Quando olho para quem eu era na época, e para o que acreditava sobre o mundo e meus pais, fugir era inconcebível. Fugir significava morrer”, disse Erik. Ele alegou que o pai “o treinou para acreditar que fugir significava morrer”.

“Por que matar a mãe?”, perguntou Barton. Erik disse que, quando sua mãe contou que sabia dos supostos abusos, ficou em choque. “Foi o momento mais devastador de toda a minha vida. Mudou tudo para mim. Eu estava protegendo ela ao não contar nada”, disse. Erik contou que a mãe afirmou considerar José um “grande homem” e que jamais o deixaria.

“Passei a ver minha mãe e meu pai como uma só pessoa depois que descobri que ela sabia, então, quando corri para a sala, estava em um estado de terror, de pânico, de raiva”, disse ele. “Não separei mentalmente minha mãe do meu pai. Corri para a sala porque o medo me obrigava a correr para lá.”


Erik disse que fez o possível para depor com sinceridade depois de confessar o crime. “Testifiquei sobre o recarregamento [da arma], o que eu não precisava fazer”, disse ele, referindo-se ao fato de que seu irmão recarregou a arma durante o tiroteio. “Não havia nenhuma prova disso.”

Conduta na prisão

Questionado sobre suas violações de regras enquanto esteve preso, Erik identificou suas áreas de risco como “pensamento criminoso, abuso de substâncias, violência, raiva, impulsividade, uso de celular”. Barton afirmou que a conduta na prisão era relevante porque servia como um indicador importante do risco que ele representa para a segurança pública.

Barton disse que Erik teve problemas por escrever cartas em um dispositivo de trabalho em 1997, por se envolver em brigas físicas com outros presos e por posse de itens proibidos, incluindo celulares, material de arte, tabaco e álcool. Ele também foi advertido por contato físico excessivo com visitantes, segundo os arquivos da prisão. Um dos incidentes envolveu uma visita de sua atual esposa, em 2006. A filha de nove anos da mulher estava na sala. Erik disse que a menina estava do outro lado do cômodo, lendo um livro, enquanto ele e a esposa “ficavam abraçados”.

“Às vezes eu passava do limite na sala de visitas com minha esposa porque sentia atração por ela e tínhamos sentimentos sexuais um pelo outro”, disse Erik. “É difícil estar ao lado de uma mulher que eu amo, por quem sinto atração, com quem quero estar, e só poder segurar a mão dela. Foi uma falha de julgamento. Não era algo que eu fazia todos os dias.”

Erik contou que chegou a experimentar heroína na prisão, mas não gostou. A audiência então tocou em um assunto delicado envolvendo o irmão.

Barton acusou Erik de esconder um aspecto de seu relacionamento com Lyle ao pedir transferência para a prisão onde ele estava. Erik havia dito à equipe que ele e Lyle nunca tiveram problemas. Barton classificou isso como uma “mentira”.

Nesse ponto, Erik revelou que a alegação de que Lyle o “molestou [quando criança]” foi algo que ele não contou ao departamento de correções. Disse que apenas queria estar mais próximo da família. A advogada de Erik na audiência, Heidi Rummel, afirmou que seu cliente não era obrigado a contar todos os detalhes do relacionamento com o irmão ao sistema prisional.

Erik admitiu ter participado de um esquema de fraude fiscal em 2013, mas disse que fez isso para se proteger, depois que seus amigos mais próximos na prisão foram esfaqueados e estuprados. Embora os detalhes do esquema não tenham sido explicados, Erik afirmou que uma gangue violenta da prisão o recrutou para preencher formulários, e ele aceitou a proposta para “se alinhar a eles” e “sobreviver”.

Ele disse que o risco de ser pego com celulares era superado pela “conexão com o mundo exterior” que eles proporcionavam. Afirmou que seu pensamento mudou no ano passado, quando, pela primeira vez, teve a possibilidade de re-sentença e liberdade condicional. “Agora as consequências importavam. Agora as consequências significavam que eu estava destruindo minha vida”, disse. Erik contou que usava os celulares para “me conectar com minha esposa, assistir ao YouTube, ouvir música, ver filmes, pornografia. Tudo o que se podia fazer num celular, eu fazia.”

No entanto, Erik disse que, após um ponto de virada em 2013, decidiu que seu propósito seria se tornar uma “pessoa melhor” e deixar um legado. “Não gostava de quem eu era em 2013. Não gostava de usar drogas. Não gostava de ajudar a [gangue]”, disse. “Isso só me fazia sentir sujo e desprezível.”

Infelizmente, contou que acabou ficando “viciado” nos celulares e se convenceu de que não estava prejudicando ninguém. Agora, entende que isso é prejudicial ao ambiente da prisão porque envolve corrupção de funcionários e gera “taxas” para beneficiar gangues internas.

“Justifiquei isso dizendo que, se eu não comprasse, outra pessoa compraria”, disse ele. “Os celulares seriam vendidos de qualquer forma, e eu ansiava por essa conexão.” Questionado se Lyle foi quem o introduziu ao uso de celulares, Erik disse que não. Afirmou que Lyle tem sido uma boa influência, dizendo que hoje são “parceiros sérios de prestação de contas”.

Re-sentença em maio

Na audiência de re-sentença, ambos os irmãos expressaram arrependimento pelo assassinato dos pais. Participando por videoconferência, Erik classificou suas ações como “egoístas, cruéis e covardes”. Ele admitiu que inventou um álibi, dizendo que estava no cinema, e fez tudo o que pôde “para escapar das consequências dos meus crimes”. Pediu desculpas aos familiares por ter “roubado” José e Kitty deles e disse que pretende passar o resto da vida ajudando outras pessoas.

“Não tenho desculpas e não ofereço justificativas”, disse Lyle em sua declaração separada. “Assumo total responsabilidade pelas minhas escolhas. A escolha de confrontar meu pai sobre os abusos. A escolha de manter o segredo da família em vez de pedir ajuda. A escolha de ficar, em vez de ir embora. A escolha de comprar armas e munição. A escolha de apontar uma arma para minha mãe e meu pai e atirar. A escolha de recarregar… e correr até minha mãe caída no chão e atirar nela novamente.”

Lyle disse que se arrepende da escolha que fez, após sua prisão, de “fazer uma paródia do sistema de justiça criminal ao solicitar falso testemunho”. Foi uma admissão notável, considerando que os promotores afirmaram repetidas vezes, durante a audiência de re-sentença, que os irmãos nunca haviam admitido ter pedido para que pessoas mentissem para encobrir suas ações. O promotor adjunto Habib Balian acusou especificamente Lyle de tentar recrutar uma ex-namorada, Jamie Pisarcik, para testemunhar falsamente que José a havia drogado e violentado.

Lyle disse que era “imaturo, impulsivo, emocionalmente isolado” e que vivia uma “relação de co-dependência” com Erik. Ele afirmou ainda que seu pai também o molestou quando era mais novo, e que os irmãos compartilhavam um “vínculo traumático” por terem sofrido os mesmos abusos sexuais.

“Minha decisão de comprar armas não veio da lógica ou da razão. Eu estava com medo, mas também tomado pela raiva. Sinto muito por não ter pedido ajuda. Eu deveria ter confiado em alguém: um parente, a polícia, um padre”, disse ele.

“José era muito poderoso”

Os irmãos passaram os últimos 35 anos atrás das grades pelo assassinato brutal dos pais, crime que se tornou uma sensação midiática. Após o primeiro julgamento televisionado terminar com dois júris indecisos — um para cada irmão —, Lyle e Erik foram condenados por assassinato em primeiro grau em um segundo julgamento e sentenciados em 1996.

Durante o julgamento, os irmãos contaram aos jurados que sofreram anos de abuso sexual e acreditavam que os pais planejavam matá-los para manter o segredo sombrio da família. Já os promotores argumentaram que os irmãos agiram por ganância, recorrendo ao assassinato para ter acesso imediato à herança multimilionária antes que fossem retirados do testamento.

No testemunho prestado ao tribunal em maio, a prima Diane VanderMolen relembrou parte do que havia dito aos jurados no primeiro julgamento dos irmãos. Ela contou que Lyle confidenciou a ela, ainda na infância, que o pai o molestava. Também descreveu a chamada “regra do corredor” na casa da família Menendez. (Seu depoimento sobre os supostos abusos sexuais não foi aceito no segundo julgamento.)

“Quando José estava com um dos meninos, você não podia descer o corredor”, relatou Diane na terça-feira. Ela disse que ninguém ousava confrontar José, pois ele era extremamente “intimidante”. Explicou também que, embora Kitty tenha sido como uma segunda mãe e mentora para ela, a personalidade da tia “mudou drasticamente” depois que supostamente descobriu que José “tinha um caso”.

“José era muito poderoso. E Kitty virou a pessoa que impunha as regras”, testemunhou Diane em voz baixa. Ela declarou que Erik e Lyle estavam compreensivelmente apavorados com os pais quando cometeram os assassinatos. “Eles não viam uma saída”, disse. “Depois, com o passar dos anos, eles perceberam que teriam tido outras oportunidades.”

O juiz concedeu a re-sentença apesar da tentativa do promotor do condado de Los Angeles, Nathan Hochman, de barrá-la. O processo havia sido iniciado por seu antecessor mais progressista, George Gascón, em outubro do ano passado. Gascón disse que considerou a pouca idade dos irmãos na época dos assassinatos — Erik tinha 18 anos e Lyle, 21 —, além do bom comportamento exemplar deles na prisão. Ele afirmou que os dois já haviam pago sua “dívida” com a sociedade e deveriam ter direito imediato à liberdade condicional.

Outra prima, Tamara Lucera Goodell, também testemunhou em maio que os irmãos estavam reabilitados. Ela destacou os programas de áreas verdes, cuidados paliativos e meditação para outros detentos que os dois criaram na prisão. Pediu ao juiz que derrubasse as sentenças de prisão perpétua para que sua avó de 93 anos, Joan VanderMolen — irmã de Kitty e atualmente acamada — tivesse a chance de ver os sobrinhos pessoalmente antes de morrer.

“Por 35 anos, vi toda a minha família se despedaçar em diferentes conversas sobre o que aconteceu”, disse Tamara. “Vi minha avó e minhas tias traumatizadas.” Ela afirmou que a família da avó tem “um longo histórico de abusos de várias formas” e que uma possível reunião com os irmãos poderia ajudar no processo de cura do trauma.

A irmã mais velha de José, Teresita Menendez-Baralt, de 85 anos, e Joan, irmã de Kitty, também testemunharam em outra audiência, realizada em novembro do ano passado, dizendo que apoiavam a libertação. “Nenhuma criança deveria passar pelo que Erik e Lyle passaram nas mãos do próprio pai”, disse Joan no tribunal. “Parte meu coração saber que minha irmã Kitty sabia o que estava acontecendo e, pelo que sabemos, não fez nada”, declarou, respondendo a perguntas do advogado Mark Geragos, que representa os irmãos.

Teresita, que voltou a depor nesta quinta-feira, chorou durante seu testemunho. “Quero deixar claro que, embora ame meu irmão, perdoei completamente Erik”, disse ela, chamando o sobrinho de “alma doce e gentil”. Teresita contou à junta que está em estágio 4 de um câncer terminal. “A verdade é que não sei quanto tempo ainda me resta. Se Erik conseguir a liberdade condicional, seria uma bênção poder ajudá-lo de todas as formas possíveis”, disse. “Mais do que tudo, espero viver o suficiente para recebê-lo na minha casa. Para sentar na mesma mesa. Para abraçá-lo. Isso me traria uma paz e uma alegria imensuráveis.”

A sobrinha-neta de Kitty, Natascha Leonardo, disse à junta que estava disposta a abrigar Erik no Colorado, junto com sua família. Ela afirmou que Erik é próximo de seus filhos. “Não estamos pedindo para que vocês soltem Erik na incerteza. Estamos pedindo para que o liberem em uma rede de amor e apoio”, declarou.

Um clássico do true crime

A história de Lyle e Erik atraiu enorme atenção nacional em 1989 devido à riqueza da família e à alegação dos irmãos de que seus pais haviam sido assassinados em um ataque no estilo da máfia. Inicialmente, a polícia os tratou como órfãos em luto, mas, em 1990, eles foram presos e acusados de assassinato em primeiro grau.

O caso permaneceu um clássico para os fãs de true crime, mas, durante a pandemia de Covid-19, a CourtTV — o canal que originalmente transmitiu o julgamento — disponibilizou online a gravação completa do processo. Isso gerou uma grande retomada de interesse no caso Menendez, especialmente entre os espectadores mais jovens que nem sequer haviam nascido na época do julgamento televisionado.

Mais tarde, na série documental Menendez + Menudo: Boys Betrayed, lançada pelo Peacock em 2023, Roy Rossello, ex-integrante da boy band porto-riquenha Menudo, fez novas acusações. Rossello afirmou que José Menendez, um importante executivo da indústria musical, também o havia abusado sexualmente. Em outubro de 2024, a Netflix lançou Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story, uma dramatização de Ryan Murphy que retratou os irmãos de forma mais simpática. A série gerou uma nova onda de apoio público e de celebridades pela libertação dos dois.

“Por mais de 35 anos, eles demonstraram crescimento constante. Assumiram total responsabilidade, expressam remorso sincero para com nossa família até hoje e construíram uma vida significativa, pautada por propósito e serviço”, disse a família Menendez em um comunicado antes das audiências da junta de liberdade condicional. “Nós sabemos que Erik e Lyle vão voltar para casa, disso não temos mais dúvida. Só esperamos que lhes seja concedida essa segunda chance a tempo de abraçarem suas tias Joan e Terry.”

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