Celebridade
‘É um marco muito grande’

Na abertura do Festival de Cinema, Rodrigo Santoro, apresenta o longa O Último Azul e é homenageado por sua trajetória
Chegar aos 50 anos é um presente para Rodrigo Santoro. A idade chega como a coroação de suas escolhas, dos afetos e, claro, de muitas conquistas. “É um marco, sem dúvida, mas não é a idade que define uma pessoa. O que te define são suas escolhas, sua vontade de viver, sua vontade de sonhar”, reflete o ator, em entrevista ao dominical Fantástico, da Globo.
Ele celebra meio século de vida em um momento em que arte, família e autoconhecimento caminham lado a lado. “Estou também fazendo uma reflexão da minha vida. Acho que a questão dos 50 é mais um grande tabu do que qualquer outra coisa. Eu já estava fazendo isso no ano passado, para ser sincero. Não pelos 50 anos, mas sim por uma necessidade interna”, revelou.
A celebração começou antes mesmo que ele pudesse pensar em festa. Durante a cerimônia de abertura do 53º Festival de Cinema de Gramado, Santoro foi o grande protagonista da noite ao receber o Kikito de Cristal, uma honraria entregue a artistas que contribuíram de forma decisiva para o cinema brasileiro e internacional.
A homenagem chegou exatamente uma semana antes de seu aniversário, como um presente antecipado pelos seus 30 anos de carreira. “É muito significativo para mim, não se assemelha com nenhum prêmio que eu tenha recebido antes”, declarou ele, emocionado. Na mesma noite, o ator ainda eternizou suas mãos na Calçada da Fama da cidade e reviveu lembranças ao lado de sua eleita, a atriz Mel Fronckowiak (37).
“É um retorno. Vim em 2014, mas, muito antes disso, foi aqui que tive meu primeiro contato com um festival, ainda como espectador”, relembra ele. “Caminhar de mãos dadas e lado a lado com você me faz uma mulher mais forte, mais corajosa e mais feliz, meu amor. Poder testemunhar esses momentos únicos em que te vejo com os olhos brilhando, emocionado com o reconhecimento é uma das partes mais lindas dessa vida que escolhemos viver juntos”, declarou Mel, apaixonada. “Que orgulho da sua vida, da sua jornada, da sua história, do seu coração! Como sou privilegiada de poder acompanhar de perto esses seus momentos”, completou a atriz.
Ainda em Gramado, Rodrigo lançou também O Último Azul, longa de Gabriel Mascaro (41), protagonizado por ele e Denise Weinberg (69). Ambientada na Amazônia, a obra apresenta um Brasil distópico em que idosos são transferidos para colônias habitacionais. Mais que ficção, um convite à reflexão sobre etarismo e sobre a beleza de todas as fases da vida.
“É preciso dissociar a beleza exclusivamente da juventude”, defende o ator. O filme já acumula conquistas internacionais, entre elas, o Urso de Prata no Festival de Berlim, e foi incluído na pré-lista
brasileira para disputar o Oscar em 2026. Para Santoro, estar em um projeto assim no momento em que completa 50 anos é simbólico. “É um filme que fala sobre a importância de respeitar e valorizar qualquer idade”, destaca ele, que analisa como o cinema brasileiro tem conquistado mundo afora.
“É muito bonito que isso esteja acontecendo. Sempre falei do Brasil como um País de cultura extremamente diversificada. E hoje não somos reconhecidos apenas pelo futebol, pelo carnaval ou pelas belezas naturais, mas também pelo cinema”, afirma ele.
E, se na sétima arte Santoro mergulha em personagens complexos, fora das telas ele prefere a simplicidade. Há dois anos, dedica-se ao tênis como uma forma de terapia. “Acho que estou vivendo uma das melhores fases da minha vida. O tênis é quase uma meditação em movimento”, descreve, aos risos. O segredo, segundo ele, é não se deixar levar nem pelo excesso de aplausos nem pelas críticas. “Se você se deixar influenciar tanto pelo acerto quanto pelo erro, você perde o jogo”, reflete.
Casado com Mel desde 2017, o ator é pai de duas meninas: Nina (7) e Cora (1). O casal prefere manter a vida das filhas longe dos holofotes e não mostra o rosto das crianças nas redes sociais. “Isso é uma reverberação de como eu sou, de como sempre fui na minha vida, na minha relação com o mínimo de intimidade que preciso para a minha saúde mental”, explica Santoro.
Ainda assim, a paternidade não passa despercebida em sua trajetória e molda não somente sua maneira de enxergar a vida como também suas prioridades e até mesmo os personagens que escolhe interpretar. “Eu sou filho de italianos, venho dessa estrutura de afeto. Não é fácil lidar com a fama e
os holofotes, mas eu nunca quis me afastar das minhas raízes, do que me sustenta, de quem eu sou”, garante.
Premiado, consagrado e, acima de tudo, em paz com o tempo, Rodrigo já começa a se preparar para os desafios futuros. Ainda este ano, ele poderá ser visto em outros dois filmes: O Filho de Mil Homens, adaptação da obra de Valter Hugo Mãe (53), e Runners, thriller de ação rodado na Austrália ao lado de Owen Wilson (56) e Alan Ritchson (42), no qual dará vida ao vilão Damian.
“As pessoas costumam dizer que temos que nos manter focados no presente. Isso não é um slogan ou
uma frase inventada. É uma realidade. Não há nada melhor do que o presente”, revela ele, que se diz orgulhoso das próprias escolhas. “A gente sempre tem encruzilhadas na vida e, exatamente quando O Filho de Mil Homens recebeu a luz verde para ser feito, eu recebi um convite para fazer uma série grande, estrangeira, e entrei num dilema muito grande. Foi muito difícil esse momento”, relembra ele, que seleciona seus papéis com o coração.
“Por um lado, estava seduzido e pressionado a aceitar este outro trabalho, mas o filme tinha me atravessado, e eu não consegui sabotá-lo. Para mim, é sempre a escolha que vem de dentro, a do coração, a da escuta interna”, revela.
Ao lado da família, ele inicia a nova década com leveza. “Essa questão da idade é muito mais simbólica. Claro, você vai sentindo no corpo, na disposição… Mas o que importa é a escuta interna, é se permitir sonhar”, reflete o ator, que vê nesse marco um convite à reflexão.
“A gente chega a um ponto em que precisa olhar para trás, entender as escolhas, celebrar as conquistas e se abrir para o que vem”, diz. E o que vem, ao que tudo indica, é um futuro que combina ainda mais maturidade com novos desafios.
“Eu continuo desejando um monte de coisas, tenho vários planos, projetos… é um marco muito grande. Posso dizer que meus 50 estão chegando muito bem. Eu estou a fim de fazer um monte de coisa, cheio de gás”, assume o ator.
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