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‘Vivemos em atrofia social’, alerta psicoterapeuta de relacionamentos
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Para a psicoterapeuta belga Esther Perel, o mundo moderno vive um fenômeno preocupante: a atrofia social. Segundo ela, estamos “dessocializando”, perdendo habilidades de convivência e de conexão interpessoal. A falta de contato direto, intensificada pelo avanço da tecnologia e pela rotina acelerada, estaria afetando tanto relações pessoais quanto profissionais.
Perel é uma das psicoterapeutas mais influentes da atualidade. Filha de sobreviventes do Holocausto, a belga construiu uma carreira marcada pela reflexão sobre os relacionamentos humanos. Seus livros se tornaram best-sellers internacionais, traduzidos para mais de 30 idiomas, e suas palestras no TED já ultrapassaram 40 milhões de visualizações.
Ela também é conhecida por seus podcasts de sucesso. Em Where Should We Begin?, lançado em 2017, aconselha pessoas comuns sobre suas relações íntimas. Já em How’s Work?, de 2019, debate as dinâmicas dentro de empresas familiares e ambientes corporativos.
Segundo ela, estamos passando por uma atrofia social em larga escala, que atinge todas as idades e muitas sociedades. “As pessoas estão perdendo suas habilidades, em parte porque vivemos em um mundo sem contato”, defendeu ela em um evento em São Paulo.
“Quantos de vocês cresceram brincando livremente na rua? E quantos de vocês têm filhos hoje que brincam livremente na rua? Essa pergunta, para mim, é o início da atrofia social. E isso é uma metáfora, não estamos falando apenas no sentido literal. Mas a rua é um terreno essencial para a negociação social, onde você aprende interações não roteirizadas, não guiadas, não monitoradas. Onde você faz guerra e faz paz, cria regras e quebra as regras, forma alianças, é criativo e desenvolve a essência das habilidades sociais.”
“Nós não temos que sair de casa para trabalhar, para comer, para comprar, para se exercitar, até mesmo para conhecer as pessoas. Não é apenas solidão, é isolamento autoimposto”, reflete Perel.
Relações como antídoto contra o isolamento
Perel defende que o fortalecimento das relações, tanto no âmbito interpessoal quanto no trabalho, é essencial para combater essa tendência de isolamento. Para ela, o convívio, a escuta ativa e a construção de vínculos sólidos funcionam como um verdadeiro antídoto à dessocialização.
Essa visão também inspira seus cursos e palestras, voltados a ajudar pessoas e empresas a desenvolverem melhores formas de lidar com conflitos, cultivar empatia e reforçar laços.
Uma voz presente na cultura contemporânea
O impacto de Esther Perel vai além da psicologia clínica. Ela já marcou presença em grandes palcos como o festival SXSW, onde suas conferências estão entre as mais concorridas, e ganhou espaço na cultura pop ao aparecer como ela mesma na série The Morning Show, contracenando com Jennifer Aniston.
Sua abordagem combina ciência, empatia e acessibilidade, tornando complexas reflexões sobre relacionamentos mais próximas do grande público.
Por que prestar atenção no alerta de Perel
A fala da psicoterapeuta ressoa em um momento em que a solidão e os transtornos ligados ao isolamento social aumentam globalmente.
Relatório da Comissão sobre Conexão Social da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que uma em cada seis pessoas no mundo é afetada pela solidão, com impactos significativos na saúde e no bem-estar.
Ainda segundo a pesquisa, a solidão está associada a cerca de 100 mortes a cada hora, mais de 871 mil mortes todos os anos.
Se a dessocialização ameaça a saúde coletiva, o convite de Esther Perel é claro: precisamos reaprender a nos conectar, dentro e fora do trabalho, para resgatar nossa vitalidade social.
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