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como coletivos de bem-estar e arte transformam ruas em ponto de encontro
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As cidades estão em constante movimento, mas também podem ser lugares de pausa, encontro e conexão. Em São Paulo, coletivos de arte e bem-estar têm ressignificado ruas, praças e avenidas, criando ambientes acessíveis para práticas que vão além do lazer. Essas iniciativas aproximam a comunidade, democratizam o acesso à cultura e incentivam hábitos mais saudáveis, fortalecendo vínculos sociais e ampliando o sentimento de pertencimento.
Um exemplo inspirador é o projeto Treino na Laje, que nasceu com a missão de democratizar o acesso ao yoga, levando a prática para as periferias de São Paulo e até para dentro do sistema carcerário. O coletivo acredita no poder da consciência corporal como instrumento de cura, autoconhecimento e liberdade.
As aulas são abertas, inclusivas e sem julgamentos, permitindo que pessoas de diferentes contextos experimentem os benefícios físicos e emocionais do yoga.
De acordo com Sophia Bisilliat, fundadora do Treino na Laje, o projeto acontece em comunidades e instituições periféricas, onde existe um número significativo de pessoas que estão em busca de melhorias para a própria vida, incluindo o cuidado com a saúde.
“Eu recebo depoimento quase todos os dias de como a vida dessas pessoas melhorou. Tinha depressão, parou de ter depressão. Tinha muitas dores e as dores diminuíram. A relação com a família melhorou porque a pessoa ficou melhor. É uma cadeia de bem-estar”, diz.
Mais que um cuidado com o corpo e o emocional, o projeto atua em outra frente: a ocupação de territórios. Sophia leva seus alunos para além das lajes, organizando práticas em lugares como o Pico do Jaraguá e até mesmo na cidade de Santos.
“O pessoal da periferia pouco sai de lá. Só sai para trabalhar e volta para casa, mas não curte a cidade. Então, nesse sentido, o Treino na Laje tá ajudando. E eu estou sentindo de oferecer para os alunos a ocupação de São Paulo”, conta.
Esses encontros fora da rotina fortalecem ainda mais a comunidade criada pelo projeto.
“Quando a gente faz os passeios, todas as lajes se encontram e elas começam a se interagir. E elas vão criando laços de amizade, é muito bacana.”
Conexão através da arte
Outra forma de ocupar a rua é através da arte. Também na capital paulista, o Linhas de Sampa transforma praças e espaços públicos em lugares de diálogo e criação por meio das suas rodas de bordado político.
O coletivo atua como um clube de bordado que une pessoas em torno de reflexões sobre democracia e direitos humanos, costurando cidadania com linha e agulha.
Os encontros, abertos ao público, acontecem em diferentes pontos da cidade e reúnem pessoas que bordam juntas enquanto conversam e trocam experiências. Mais do que uma prática manual, as rodas se tornam um espaço de acolhimento, expressão artística e participação social, onde cada ponto bordado também é uma forma de resistência e de afirmação coletiva.
Com clima acolhedor e terapêutico, o Linhas de Sampa mostra que a arte pode ser ferramenta de transformação e conexão, fortalecendo vínculos e dando novos significados ao espaço urbano.
Qualquer pessoa é bem-vinda. Basta ficar de olho na agenda do grupo que é divulgada em seu perfil no Instagram.
Conheça outros coletivos que ocupam as ruas de SP:
@2dasminas – aulas gratuitas de skate em Heliópolis e São Caetano do Sul
@letshoprun – grupo de corrida de rua que percorre diversos bairros de São Paulo e confraterniza no final.
@vemcomnois – grupo combina corrida e dança e se reúne em frente à praça Oswaldo Cruz, em frente ao Shopping Pátio Paulista, toda quarta-feira, às 20h30.
@pedalpaulistaoficial – grupo de pedal que ocupa ruas, avenidas, trilhas e estradas.
@rapaduradamooca – grupo que oferece caminhadas gratuitas pelas ruas do bairro da Mooca, com saídas às segundas, quartas e sextas, às 19:30, da Praça Visconde de Souza Fontes.
@mahakarmayogasp – projeto social voluntário que democratiza a prática de yoga. Aulas rolam no Parque Ibirapuera, Aclimação e Villa Lobos.
@caminhadanoturnacentrosp – grupo que propõe um novo olhar sobre o centro de São Paulo, com saídas noturnas por suas ruas. O encontro ocorre todas as quintas-feiras, às 20h, na Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94).
@correquebrada.ofc – grupo de corrida periférico que promove saúde, representatividade e acolhimento. Os locais mudam, sempre divulgados no Insta.
@_aceleradas_ – movimento feminino que une todos os estilos, clubes e grupos de mulheres apaixonadas por duas rodas.
@sambadaelis – rodas de samba abertas e gratuitas voltadas para a participação de mulheres, no Butantã.
@caminhoseemocoes – grupo que une passeios urbanos, trilhas e ações solidárias.
@sampacharme_sp – comunidade que promove aulas de charme gratuitas toda semana no Vale do Anhangabaú.
Conexões sociais melhoram a saúde, segundo estudo global da OMS