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Por que os voos estão mais turbulentos? Especialista explica
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A aviação comercial brasileira bateu recorde no primeiro semestre de 2025. Nos primeiros seis meses deste ano, 61,8 milhões de passageiros viajaram em voos domésticos e internacionais. A movimentação nos aeroportos cresceu 10% na comparação com o mesmo período do último ano.
Mas, junto com o aumento no número de voos, cresce também a sensação de que os céus estão mais agitados. Episódios recentes de turbulência severa em voos comerciais têm gerado apreensão entre passageiros e levantado uma dúvida que parece cada vez mais pertinente: será que as mudanças climáticas estão tornando o ato de voar mais instável?
Para Raul Campos Bernardes Leão, professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Faculdade Anhanguera, a resposta é técnica e longe de alarmista. “As turbulências não são novidade na aviação, mas sua frequência e intensidade têm mudado em algumas regiões. O aumento de eventos climáticos extremos, como correntes de jato mais instáveis, tem tornado certas rotas mais suscetíveis”, explica.
Entre os fatores que contribuem para esse cenário está a chamada turbulência em céu claro —ou “clear air turbulence “(CAT), em inglês—, invisível a olho nu e aos radares convencionais. Segundo Leão, esse tipo de turbulência ocorre em altitudes elevadas, onde há variações bruscas de temperatura e velocidade do vento. “Estudos recentes indicam que, devido às mudanças climáticas, esse fenômeno pode se tornar até duas vezes mais frequente nas próximas décadas”, afirma.
Apesar do cenário desafiador, o especialista reforça que a aviação continua sendo um dos meios de transporte mais seguros do mundo. “Os aviões são projetados para suportar turbulências severas, e os pilotos são treinados para identificar, evitar e reagir com rapidez. Além disso, tecnologias como radares meteorológicos e softwares de monitoramento em tempo real ajudam a minimizar riscos”, destaca.
Como se proteger das turbulências?
Apesar de não poderem ser evitadas totalmente, algumas atitudes podem aumentar a segurança durante o voo. “A principal recomendação é manter o cinto afivelado sempre que estiver sentado, mesmo que o aviso esteja desligado. Muitos incidentes com feridos acontecem por conta de passageiros desacautelados durante turbulências inesperadas”, orienta o professor.
Para o especialista, o aumento da percepção das turbulências também tem relação com o aumento da cobertura midiática e do compartilhamento instantâneo nas redes sociais. “A sensação de insegurança às vezes é maior do que o risco real. Por isso, é importante confiar nos protocolos da aviação e se informar por fontes especializadas”, conclui.