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‘Juntos’ tenta ser desconfortável, mas é horror corporal tímido e decepcionante

Desde os primeiros materiais de divulgação, Juntos parecia destinado a ser um dos filmes mais desconfortáveis do ano, trazendo um casal em crise — vivido por Alison Brie (A Comédia dos Pecados) e Dave Franco (The Rental) — cujo relacionamento é posto à prova após uma ida ao campo e um encontro com o sobrenatural.
No entanto, a execução do diretor e roteirista Michael Shanks é tímida demais para um filme de horror corporal que tinha tudo para apostar na intimidade do casal protagonista — casados na vida real. Embora Brie e Franco já tenham contracenado juntos antes, é curioso ver essa relação transposta para um body horror, subgênero que poderia potencializar suas conexões, mas que aqui fica aquém do esperado.
O grande problema de Juntos, que chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira, dia 14 de agosto, está justamente em não apostar naquilo que o subgênero mais se destaca: a exposição do corpo como fonte de desconforto e medo.
No filme, essa exposição é escassa e pouco explorada, e as poucas cenas em que os corpos dos personagens sofrem transformações físicas intensas — e nem tão intensas assim — estão, em sua maioria, concentradas no trailer, o que diminui seu impacto na experiência do espectador. Essa timidez em mostrar o corpo em seu estado mais vulnerável e perturbador faz com que o filme falhe em causar o desconforto que o gênero exige.
Além disso, quando Juntos finalmente investe nesses efeitos mais explícitos, eles não conseguem gerar o desconforto necessário. Isso contrasta fortemente com produções recentes como A Substância, de Coralie Fargeat, que sabe exatamente o que e como mostrar para causar incômodo no espectador. A timidez na exposição dos corpos compromete a imersão e o impacto esperado, tornando a experiência menos visceral e memorável do que poderia ser.
David Cronenberg, mestre consagrado do body horror com obras icônicas como Videodrome: A Síndrome do Vídeo (1983), A Mosca (1986) e Crimes do Futuro (2022), sempre foi capaz de chocar pela intensidade da fisicalidade mostrada na tela, ao mesmo tempo em que explora temas profundos e atuais para cada fita: a invasão da tecnologia no corpo e na mente em Videodrome, a fragilidade e deterioração física diante dos avanços científicos em A Mosca, e a constante transformação corporal ligada ao sofrimento, prazer e à evolução em Crimes do Futuro.
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