Cientistas encontram espécie de 38 milhões de anos nunca antes vista na natureza

Uma descoberta impressionante em Wyoming, nos Estados Unidos, pode ajudar a reescrever parte da história evolutiva das cobras.

Quatro fósseis articulados de uma espécie até então desconhecida foram encontrados agrupados em um antigo abrigo natural, datado de 38 milhões de anos. Batizada de Hibernophis breithaupti, a serpente viveu no início do período Oligoceno e pertence ao grupo Booidea, que inclui as atuais jiboias e pítons.

Fóssil raro de cobra milenar estava intacto quando foi descoberto

O estado excepcional de preservação — com os ossos ainda conectados e na posição original — chamou atenção dos paleontólogos. Segundo o professor Michael Caldwell, da Universidade de Alberta, esse tipo de fóssil é raro, pois serpentes costumam ser encontradas apenas em fragmentos.

A localização dos fósseis, numa matriz de lama arenosa fina típica da Formação White River, aliada a intensa atividade vulcânica na época, ajudou a preservar os corpos após uma possível enchente.

Mais do que uma nova espécie, a descoberta oferece pistas sobre a origem do comportamento de hibernação em grupo.

A posição dos fósseis sugere que as cobras se abrigavam juntas, comportamento hoje comum em cobras-liga modernas, que se amontoam aos milhares para conservar calor. “É fascinante ver sinais de um comportamento social tão antigo”, afirmou Caldwell.

Além disso, a presença de exemplares em diferentes estágios de desenvolvimento oferece uma rara visão da evolução das jiboias escavadoras, também chamadas de “rubber boas”. Acredita-se que o centro e o norte da América do Norte tenham sido regiões-chave para o surgimento dessas espécies.

O estudo, publicado no Zoological Journal of the Linnean Society, traz novos elementos para o debate sobre a evolução de cobras pequenas e subterrâneas.