Celebridade
‘Só gera mais angústia e sofrimento’

Para CARAS Brasil, médica explica como a família pode oferecer suporte para Bruce Willis e manter a qualidade de vida nessa condição
O ator Bruce Willis (70) vive um dos papéis mais desafiadores de sua vida fora das telas: lidar com a demência frontotemporal, uma doença neurodegenerativa que afeta diretamente áreas do cérebro responsáveis pela personalidade, comportamento e linguagem.
Diferente do Alzheimer, essa condição costuma surgir precocemente, atingindo principalmente pessoas entre 45 e 65 anos. Seus impactos são devastadores, tanto para o paciente quanto para seus familiares. Com o tempo, há uma perda progressiva da cognição, da capacidade de comunicação e até de reconhecimento de situações sociais.
Em entrevista à CARAS Brasil, a geriatra Roberta França destacou os principais cuidados que as famílias devem adotar para garantir segurança, dignidade e qualidade de vida aos pacientes.
“Conviver com um paciente com demência frontotemporal exige muita paciência e uma grande capacidade de adaptação por parte da família. É essencial compreender que o paciente não age de forma proposital: ele está doente e precisa de auxílio e compreensão para distinguir o que pode ou não ser feito”, afirmou a médica.
Segundo Roberta, criar uma rotina estruturada é um dos pilares mais importantes no manejo da doença. Isso ajuda a reduzir a ansiedade e a confusão mental, sintomas comuns nesse tipo de demência.
Comunicação deve ser simples e sem julgamentos
Outro ponto crucial é a forma como a família se comunica com o paciente: “A comunicação também deve ser simplificada: mesmo que o paciente tenha sido uma pessoa muito inteligente, que falava vários idiomas, é necessário adaptar a linguagem. Usar frases curtas, claras e dar tempo para que o paciente compreenda e responda. Confrontá-lo (‘Você sempre soube falar isso!’) só gera mais ansiedade, angústia e sofrimento”, explicou a geriatra.
Cuidados práticos também são fundamentais. “É essencial monitorar a higiene e a alimentação, já que o paciente pode não perceber suas próprias necessidades. Muitas vezes ele não nota que está sujo ou com odor desagradável”, disse.
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A especialista ainda alerta para a importância de adaptar o ambiente doméstico: “Também é fundamental adaptar a casa: manter objetos cortantes e perigosos fora de alcance, pois a impulsividade pode levá-lo a atitudes perigosas, como pegar uma faca ou tesoura em um momento de raiva ou descontrole”.
Apoio psicológico para a família é indispensável
Mais do que cuidar do paciente, é preciso cuidar de quem cuida: “O apoio psicológico à família é indispensável. Lidar com a frustração, o medo, a insegurança, a incerteza e até a raiva faz parte desse processo. São muitos sentimentos confusos e dolorosos que surgem ao longo da convivência com alguém em processo de demência. Por isso, é preciso apoio para que os cuidadores não se percam de si mesmos enquanto cuidam de quem amam. Isso é, acima de tudo, um ato de amor e resiliência”, concluiu a médica.