Música
Rosalía responde após ser criticada por silêncio sobre Palestina

A cantora espanhola Rosalía se manifestou publicamente após ser alvo de críticas do estilista Miguel Adrover, que recusou um convite para criar um vestido exclusivo para a artista. O motivo, segundo o próprio designer, seria o “silêncio” da cantora diante do conflito entre Israel e Palestina.
“Silêncio é cumplicidade, ainda mais quando se tem um microfone onde milhões te escutam”, escreveu Adrover nas redes sociais. Em sua postagem, ele compartilhou um print de uma conversa por e-mail entre seu time e representantes de Rosalía. O pedido da equipe da artista seria para a criação de um look customizado a ser entregue até setembro, prontamente recusado pelo designer, que respondeu: “Miguel não trabalha com nenhum artista que não apoie publicamente a Palestina”.
No mesmo post, Adrover reforçou que não se trata de algo pessoal. “Rosalía, admiro seu talento e o que você construiu, mas acredito que você é mais do que entretenimento. Agora é hora de fazer a coisa certa”.
O episódio reacendeu nas redes sociais a cobrança por posicionamentos de celebridades sobre o conflito no Oriente Médio. Embora Rosalía já tenha compartilhado em 2023 um story promovendo uma campanha da UNICEF sobre a crise humanitária em Gaza, a postagem expirou sem deixar registros públicos permanentes, o que aumentou a pressão por um pronunciamento mais claro.
Na tarde de hoje, quarta-feira (30), a artista finalmente respondeu às críticas em seus stories do Instagram:
A mensagem diz, em tradução livre:
Tenho acompanhado com grande tristeza o que tem sido dito nos últimos dias. Desde já aceito que o que escreverei aqui será incompleto e imperfeito, mas é a minha verdade e está escrito com a melhor das intenções. O fato de não ter usado minha plataforma de uma forma alinhada com o estilo ou expectativas alheias não significa de forma alguma que eu não condene o que está acontecendo na Palestina. É terrível ver dia após dia como pessoas inocentes estão sendo assassinadas e como aqueles que deveriam impedir isso não o fazem. Não vejo como envergonharmos uns aos outros seja a melhor maneira de seguir adiante na luta pela liberdade da Palestina. Acredito que as críticas deveriam ser direcionadas para cima (a quem toma decisões e tem poder de ação), e não horizontalmente (entre nós).
Em um mundo como o de hoje, todos vivemos em constante contradição, eu, a primeira, e, embora pessoalmente eu sempre tente fazer “o certo”, provavelmente nem sempre consigo, mas nesse processo procuro aprender e melhorar. Infelizmente, este texto não é e nem será suficiente em um contexto de violência extrema como o que está acontecendo. Por isso, gostaria de encerrar com um profundo respeito e agradecimento às pessoas que realmente atuam: ONGs, ativistas, voluntários, profissionais de saúde, trabalhadores, cooperativas, associações e jornalistas que dedicam sua vida a ajudar nesta causa e em tantas outras.
O caso ilustra como artistas de alcance global vêm sendo cada vez mais convocados a usar sua visibilidade em causas humanitárias, especialmente quando as autoridades globais parecem se recusar a tomar medidas concretas para solucionar o problema. Calar-se não é uma opção.
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