Celebridade
‘Doença pode levar a alterações’

Para CARAS Brasil, médica explica como doença de Manoel Carlos afeta mente e emoções e quais terapias garantem mais autonomia e qualidade de vida
A Doença de Parkinson, condição neurodegenerativa e progressiva, tem impactado a vida de milhares de idosos no Brasil, inclusive a do autor Manoel Carlos (92). Embora os tremores sejam o sintoma mais conhecido, a geriatra Roberta França destaca que os efeitos do Parkinson vão muito além da perda de controle motor.
“Quando se fala na doença de Parkinson, a maioria das pessoas pensa exclusivamente no tremor. É comum associarmos o Parkinson apenas aos movimentos. No entanto, o Parkinson vai muito além disso. Sendo uma doença neurodegenerativa e progressiva, ela pode afetar a memória, o raciocínio, as emoções e o comportamento. Isso ocorre porque a doença compromete áreas do cérebro responsáveis não só pela função motora, mas também por outros processos cognitivos e emocionais”, explica a médica em entrevista à CARAS Brasil.
Mudanças cognitivas e emocionais são sinais de alerta
Roberta ressalta que os impactos emocionais e mentais do Parkinson costumam surgir com o avanço da doença: “Com o tempo, a doença pode levar a alterações de humor, problemas de memória, dificuldade de planejamento e organização das tarefas, além da identificação do pensamento.”
Segundo ela, é essencial quebrar o estigma: “O diagnóstico de Parkinson não deve ser visto como uma condenação, mas sim como uma condição tratável. Com os tratamentos adequados, o paciente pode manter uma boa qualidade de vida por muito tempo.”
Tratamentos vão além dos remédios
Embora a medicação seja parte importante no controle da doença, os maiores ganhos em qualidade de vida vêm das terapias complementares: “Em relação ao tratamento, a medicação desempenha um papel fundamental. Existem diversos medicamentos que ajudam a controlar principalmente os tremores (discinesias), a rigidez muscular e a perda da mímica facial.”
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No entanto, ela destaca que a reabilitação física e emocional tem impacto mais significativo no cotidiano do paciente: “Os tratamentos não medicamentosos são os que realmente trazem mais qualidade de vida ao paciente. A fisioterapia diária e a atividade física regular são essenciais para fortalecer os músculos, melhorar o equilíbrio e reduzir o risco de quedas.”
Terapias complementares ajudam na autonomia
A médica também enfatiza a importância de abordagens multidisciplinares: “A terapia cognitiva e a terapia ocupacional são importantes para retardar o declínio cognitivo, melhorar a organização emocional e ajudar o paciente a compreender o processo da doença.”
Além disso, há um cuidado especial com a comunicação e alimentação: “Também é fundamental a terapia fonoaudiológica, que auxilia na fala, deglutição, escrita e adaptação das rotinas alimentares para que o paciente possa continuar socialmente ativo e viver da melhor forma possível.”
Viver bem com Parkinson é possível
Apesar de crônica, a condição não deve impedir uma vida ativa e feliz: “É importante frisar que o Parkinson é uma doença crônica e neurodegenerativa, sim, mas que pode ser vivida com dignidade, autonomia e alegria. O paciente não precisa se isolar do mundo devido à doença. Com os tratamentos adequados e o apoio da família e dos amigos, é possível que o paciente tenha uma vida longa e com boa qualidade, inserido socialmente e sem perder sua capacidade de viver plenamente”, conclui a geriatra.