Celebridade
‘Passado não pode ser controlado’

Em entrevista à CARAS, sexóloga analisa revelação de Flávia Alessandra e orienta sobre ciúmes e diálogo saudável no relacionamento
Durante uma participação descontraída no podcast Surubaum,Flávia Alessandra (51) pegou todos de surpresa ao revelar que já esteve em um “swing”. A revelação veio depois de uma pergunta provocativa feita por ela ao casal de apresentadores sobre já terem frequentado um dark room. O mais surpreso foi seu marido, Otaviano Costa (52), com quem é casada há 18 anos.
Diante da repercussão da fala, a CARAS Brasil consultou a sexóloga Bárbara Bastos, especialista em Terapia Cognitiva Sexual e pós-graduanda em Sexualidade Humana pelo Child Behavior Institute of Miami, para entender os impactos que experiências do passado podem ter em um relacionamento atual.
Como lidar com revelações sexuais do passado em relacionamentos duradouros?
De acordo com Bárbara, esse tipo de revelação pode gerar desconforto, mas a chave está na forma como os sentimentos são acolhidos:
“Lidar com experiências sexuais antigas que não foram compartilhadas em um relacionamento, como no caso de Flávia Alessandra, exige primeiramente acolher o sentimento de desconforto ou angústia que surge. Muitas pessoas tentam fugir desse sentimento, mas ele não desaparece e pode até piorar”, explica.
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Ela ainda ressalta a importância de lembrar que todos têm um passado: “É crucial lembrar que a pessoa teve uma vida antes de você. Isso não deve gerar mais angústia, mas sim a consciência de que o passado não pode ser controlado.”
E vai além: “Não é necessário e nem sempre saudável saber de todas as experiências sexuais que seu parceiro ou parceira teve antes de você. Compartilhar tudo pode gerar ciúmes e angústia, e não há garantia de que isso trará conforto.”
Para a especialista, o foco deve estar na segurança emocional e no diálogo respeitoso: “Em um relacionamento seguro, maduro e baseado na confiança, abrir esse tipo de conversa é um gesto de intimidade, não de ameaça.”
“Você pode dizer ao seu parceiro: ‘Eu quero saber se você se sente confortável em falar sobre suas experiências passadas’ ou ‘Eu não quero saber sobre suas experiências passadas, pois isso me deixa desconfortável.'”
Ciúmes e insegurança: como não deixar que tomem conta?
Segundo a sexóloga, é natural sentir ciúmes ou insegurança após uma revelação inesperada: “O erro não está em senti-los, mas em como lidamos com eles. Muitas pessoas se julgam por sentir essas emoções, o que as impede de acolhê-las e lidar de forma saudável.”
Ela orienta que a melhor estratégia é dar um tempo para organizar os pensamentos: “Às vezes, são necessários alguns minutos ou algumas horas para se retrair, entender os próprios pensamentos e sentimentos, e colocá-los em ordem. Só então a comunicação saudável pode acontecer.”
Esse momento de recolhimento é essencial para evitar conflitos desnecessários: “A pessoa do outro lado também precisa estar aberta a ouvir e, se for o caso, tranquilizar o parceiro, explicando que os pensamentos não correspondem à realidade e que o interesse em questão não existe.”
Como tornar a comunicação sexual natural no casamento?
Para Bárbara, a comunicação sexual é tão essencial quanto o diálogo cotidiano em um relacionamento. A dificuldade, segundo ela, vem da criação e da falta de educação sexual adequada:
“Tabus, preconceitos e uma educação sexual equivocada impedem as pessoas de discutir abertamente sua intimidade. Falar sobre sexualidade é vital, pois os corpos e desejos mudam ao longo do tempo.”
Ela propõe um caminho de leveza e verdade: “A sinceridade é fundamental. Não se trata de ‘sincericídio’, mas de expressar seus sentimentos de forma autêntica.”
E sugere até como iniciar esse tipo de conversa: “Você pode dizer: ‘Amor, sinto vergonha e medo de falar sobre sexo, talvez pela forma como fui educada, mas sei que é importante para nós e para a nossa relação. Quero a sua ajuda para encontrarmos a melhor forma de conversarmos sobre isso.'”
Finalizando, Bárbara reforça: “Com o tempo e a prática, essa conversa se torna tão natural quanto discutir seus programas de TV favoritos, planos de viagem ou até mesmo sonhos.”