Música
Beyoncé deveria ser ‘processada’ por alegação sobre troca de apoio por dinheiro, diz Trump

Donald Trump segue tentando, aparentemente, desviar a atenção da repercussão dos arquivos de Jeffrey Epstein ao ressuscitar sua acusação completamente infundada de que celebridades como Beyoncé e Oprah Winfrey foram ilegalmente pagas com milhões de dólares para apoiar Kamala Harris durante a eleição presidencial dos Estados Unidos de 2024.
No fim de semana, Trump escreveu no Truth Social que estava “analisando a grande quantidade de dinheiro devida pelos democratas após a eleição presidencial, e o fato de que eles admitiram ter pago, provavelmente de forma ilegal, 11 milhões de dólares à cantora Beyoncé por um APOIO (ela não cantou, nem uma nota sequer, e deixou o palco sob vaias de um público bravo e decepcionado!), 3 milhões de dólares em ‘despesas’ para a Oprah, 600 mil dólares para um ‘âncora’ de TV de audiência baixíssima, Al Sharpton (um completo peso leve!), e outros nomes que ainda serão revelados, por fazerem absolutamente NADA!”
Não é a primeira vez na qual Trump faz esse tipo de alegação. Em maio de 2025, por exemplo, ele pediu uma “grande investigação” após afirmar que Kamala Harris teria violado leis de financiamento de campanha ao pagar figuras como Beyoncé, Oprah, Bruce Springsteen e Bono por apoio político “sob o pretexto de pagar por entretenimento”.
Ele repetiu a acusação em sua publicação no Truth Social neste sábado, afirmando que os “honorários ridículos” recebidos por Beyoncé, Oprah e Sharpton foram “registrados de forma incorreta nos livros e registros”. E acrescentou: “Você consegue imaginar o que aconteceria se políticos começassem a pagar pessoas para apoiá-los? O caos seria total! Kamala, e todos que receberam dinheiro por endosso, QUEBRARAM A LEI. Todos deveriam ser processados!”
Trump apresentou nenhuma prova de irregularidade por parte da campanha de Harris ou das celebridades citadas. Além disso, tecnicamente não existe nenhuma lei que proíba campanhas de pagarem celebridades por apoio político — embora qualquer pagamento precise ser declarado. Da mesma forma, ao organizar eventos com celebridades, campanhas são obrigadas a cobrir os custos de produção com base em valores de mercado, para evitar que indivíduos ou empresas excedam os limites federais de doações.
Por exemplo, quando Beyoncé participou de um comício de Harris em Houston, a campanha pagou à empresa da cantora US$ 165 mil por “produção de evento de campanha”, segundo registros de financiamento eleitoral (via The New York Times). Esse valor, claro, é muito menor do que os 11 milhões de dólares que Trump falsamente afirma que ela recebeu. (Esse valor inflado começou a circular online logo após o evento em Houston, e a campanha de Harris rapidamente o desmentiu como “falso”.)
Da mesma forma, a empresa de Oprah recebeu US$ 1 milhão para cobrir custos de produção e salários relacionados a um town hall transmitido ao vivo em Detroit. Oprah já afirmou que o valor não incluía nenhum cachê pessoal. E, novamente, esse valor é significativamente menor do que os 3 milhões de dólares que Trump alega que ela recebeu.
Representantes de Beyoncé e Oprah não responderam imediatamente aos pedidos de comentário. Um representante da National Action Network, de Sharpton, afirmou: “Não houve absolutamente nenhuma violação. A National Action Network nunca fez um endosso e o reverendo Al Sharpton nunca recebeu nada.”
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