Celebridade
‘Não lembro que tenho 81 anos’

Zezé Motta comanda o Especial Mulher Negra 2025; em entrevista à CARAS Brasil, ela abre a intimidade ao falar de ativismo, maturidade e aposentadoria
No Dia Nacional de Tereza de Benguela e Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, comemorados nesta sexta-feira, 25, Zezé Motta (81) apresenta a quinta edição do Especial Mulher Negra, no canal E! Entertainment. Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz confessa ao falar de ativismo, trajetória artístico e maturidade.
Durante seus mais de 55 anos de carreira, Zezé Motta rompeu barreiras e pôs no centro da cena artística nacional as múltiplas dimensões do protagonismo feminino. Cantora, atriz e ícone das artes e da luta antirracista no Brasil, ela analisa.
“Eu outro dia mesmo estava comentando sobre isso, agora em quase todos os sets de filmagem, nas produções em geral, vejo as mulheres à frente de vários postos importantes, é gratificante ver isso. A mulher de uma forma geral está ocupando mais seu espaço, isso a gente pode comprovar nos tribunais, nos cargos importantes, na política, ainda somos minoria em algumas profissões e cargos, mas estamos chegando lá, o importante é irmos em frente e ocupando o nosso lugar. Ainda temos muita luta pela frente”, declara.
‘Não lembro que tenho 81 anos’
Zezé Motta celebrou 81 anos no mês de junho e confessa lidar muito bem com esta nova fase de sua vida. Cheia de realizações na carreira, a artista revela como concilia tantos projetos e abre a intimidade ao falar de maturidade.
“Eu não penso muito, acordo vejo o que tenho para fazer, vejo a agenda e vamos embora. Se for parar para olhar as viagens, todos os compromissos, a gente amarela. A vida do artista é isso, na estrada. Claro que tenho uma equipe hoje muito competente, que me auxilia, organiza, produz, e aí isso facilita muito a nossa vida. Tento dormir, comer bem, para poder dar conta. Não lembro que tenho 81 anos, só quando bate certa dorzinha aqui ou acolá, isso não dá para fugir”, confessa.
Parar? Só com 95 anos!
Zezé Motta exalta a importância da arte em sua vida e menciona ter desejo de continuar trabalhar até os 95 anos. No ano de 2020, a atriz disse nas redes sociais: “Por enquanto, não penso em aposentadoria, mas vai ter uma hora em que eu vou querer sombra e água fresca”. Agora, ela explica esta afirmação.
“Outro dia estava combinando isso com meu empresário, como minha mãezinha se foi aos 95, quero trabalhar até os 95 anos, depois realmente sossegar, a vida na estrada é muito puxada. Mas entendendo também que é o trabalho que me mantem bem, ativa, viva, se parar enferruja, né? O negócio é saber dosar”, afirma. Abaixo, confira trechos editados da entrevista de Zezé Motta à CARAS Brasil.
Qual a importância do Especial Mulher Negra 2025? O que podemos esperar?
– A gente quer falar sobre a nossa história, mas usando um tom leve, falando das coisas boas, das nossas conquistas, do espaço que nós mulheres negras estamos dominando. Esse ano a gente vai falar muito de amor e maternidade, relatos lindos da Luedji Luna, da Ludmilla, e da minha própria filha Cíntia.
A senhora é uma das maiores atrizes do país e também conhecida pelo seu ativismo. Como analisa esta trajetória?
– A arte desempenha um papel crucial na luta antirracista funcionando como uma ferramenta poderosa de expressão, conscientização e transformação social. Ela permite que artistas compartilhem suas experiências, desafiem narrativas dominantes e promovam a empatia e a compreensão da diversidade. Desde o final dos anos 70, quando ganhei espaço na mídia, fui protagonista de um filme que estourou no mundo, dava 5 entrevistas por dia, eu percebi que tinha alguma coisa errada, olhei para os lados e não vi ninguém, foi ai que eu comecei a estudar, criar um discurso, cobrar, denunciar nossa quase invisibilidade, e deu certo, é só a gente olhar hoje as produções… As coisas mudaram, graças a Deus.
O Especial Mulher Negra 2025 conta com as participações de sua filha e neta. Como é para a senhora ver este legado sendo perpetuando por elas?
– É uma emoção do tamanho do mundo ver duas gerações… Ver minha filha, agora minha neta, eu fico em estado de graça.
E quais novidades podemos esperar em sua carreira este ano, Zezé?
– Olha eu faço mil coisas ao mesmo tempo. No momento me encontro em turnê com o espetáculo ‘Vou Fazer de Mim um Mundo’, que é uma adaptação baseada no bestseller ‘Eu sei porque o pássaro canta na gaiola’ de Maya Angelou (escritora, poetisa e uma icônica ativista nos Estados Unidos). Estreamos em Brasília, fizemos uma temporada em Belo Horizonte, dia 15 de agosto estreamos no Rio de Janeiro e depois seguimos para São Paulo. No cinema em 2025 acabei de gravar dois novos filmes, e já me preparo pra começar a gravar o terceiro. Sou é a protagonista de ‘Somos Tereza’, a história de Tereza de Benguela, mulher que liderou por cerca de 20 anos um quilombo no Mato Grosso, e também protagonizo ‘Mãe Bonifácia’, mulher negra escravizadas que se tornou uma figura histórica e de grande importância para a luta do povo negro. Tanto Benguela como Mãe Bonifácia são símbolos de resistência. No próximo mês vou gravar o filme ‘Liberdade’, com Humberto Martins, Leticia Sabatella e grande elenco. Na TV, como atriz posso ser vista na 3ª temporada da série ‘Arcanjo Renegado’, no Globoplay e apresento o ‘Especial Mulher Negra 2025’.
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