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Música

Kia Ora amplia experiência de pub musical em São Paulo

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No coração da noite paulistana, é possível encontrar bares que oferecem uma boa bebida, restaurantes com uma ótima comida e casas de show com grandes apresentações. No Kia Ora, tudo isso se encontra.

Criado há 21 anos inspirado na cultura maori da Austrália e da Nova Zelândia, o Kia promete uma experiência completa, que vai do cardápio cuidadosamente elaborado à curadoria de artistas meticulosamente selecionados.

Localizada no Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo, a casa, que une música e gastronomia, tornou-se um ponto de reunião de quem ama o rock ‘n’ roll, com direito a apresentações ilustres como o cantor e compositor Sérgio Britto, fundador dos Titãs.

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Cesinha Ranieri, fundador do Kia Ora, explicou o conceito por trás do bar e detalhou o que a casa tem a oferecer para quem procura um bom pub musical.

Cesinha Ranieri (Foto: Divulgação)
Cesinha Ranieri (Foto: Divulgação)

Como foi que você começou a se aventurar no mundo dos bares?

A minha formação é publicitária, eu trabalhei muitos anos na indústria de bebidas. E foi assim que comecei a me encontrar e a conhecer um pouco mais como era o cenário da noite em São Paulo. Eu era muito jovem, estava com uns 25 anos, mas a vontade de empreender também já me acompanhava há alguns anos.  E os bares, o entretenimento, me despertavam muito interesse desde garoto.

Acabou sendo um processo natural. Depois, claro, tendo as oportunidades para poder entrar no segmento, foi algo que aconteceu naturalmente.

E como foi que a música entrou na sua vida?

Eu gosto de música desde sempre. Minha família é de italianos, então meu pai sempre ouviu muita ópera em casa, no último volume. Eu não tinha muita escolha. Curiosamente, desde então eu me apeguei muito com a música. E acabei para o rock, que era o que meus amigos estavam começando a ouvir.

Na época, eram bandas nacionais, a gente não tinha muito acesso a outras bandas, exceto Rolling Stones e Beatles, né? Que era o que a gente costumava ouvir bastante. Mas eu fui pego mais pelo rock nacional. Aí eu tinha bandas que eu adorava: Ira, Titãs — minha favorita até hoje —, Charlie Brown Jr., Do Tijuana, CPM-22, enfim. Tenho um apego muito grande por elas, são bandas de uma qualidade muito boa mesmo.

E a ópera continua na sua vida ou ficou de lado?

Continua. Escuto bastante ainda. E passo isso para os meus filhos, inclusive.

O Kia Ora Bar nasceu em 2004. Como foi que ele surgiu?

Eu sempre pratiquei esportes a minha vida inteira, e joguei rugby durante 20 anos, um esporte muito tradicional, tanto na Austrália quanto na Nova Zelândia. Fiz amigos neozelandeses e fui tendo o contato com a cultura e com o esporte.

E na época, muitos jovens que queriam ir para a Austrália fazer intercâmbio. Então era um movimento muito grande na ocasião, também pela proximidade entre os povos. O clima é meio parecido e os australianos e neozelandeses também são alegres, divertidos, gostam de balada e de rock e amam o esporte. Foi o Rugby que me trouxe para o Kia Ora.

E você se aposentou do rugby depois desse tempo todo?

Ah, sim. Joguei 20 anos, depois não tinha como conciliar com a vida noturna também. Mas até hoje sou apaixonado pelo esporte. Me abriu muitas portas, eu tenho muitos amigos que são oriundos do rugby. Então eu tenho uma relação muito próxima e o Kia Ora fomenta isso todos os dias para nós.

Existe uma cultura muito legal de amizade e confraternização entre os amantes e praticantes do rugby.

Exatamente. A gente chama de terceiro tempo. No campo, você gladia com seu adversário. Quando termina o jogo, as pessoas, se abraçam, se cumprimentam, vão tomar uma cerveja juntas. Esse espírito do rugby é uma coisa que sempre me contagiou demais. Além do respeito que você tem não só pelo seu adversário, mas também pelo juiz, por todo mundo. Isso é muito legal.

Como você transportou essa cultura para dentro do Kia Ora?

Você tem a cultura do rugby, dos maoris e esse espírito jovem do povo australiano. Eu pensei: “Por que não ter um pub em São Paulo para reunir tudo isso?”. Assim surgiu a ideia de montar o Kia Ora.

Qual é a origem do nome?

O Kia Ora é uma expressão maori que significa “oi”. A pronúncia correta é Kia Ora. E ela vem exatamente dessa cultura das belezas naturais, dos animais. Tudo isso foram pontos importantes para a gente poder construir e montar um bar que conseguisse transmitir essa atmosfera para os clientes.

Esse era o nosso principal objetivo, poder passar para os nossos clientes um pouco dessa maori, aborígene, juntamente com esse espírito jovem que eles têm, de curtir balada, rock e cerveja.

Essa reunião de elementos resultou em uma mistura completa.

Eu sou um cara muito criterioso. Quando saio para comer fora, me divertir, quer ir em lugares onde eu consiga comer bem. Isso para nós era um desafio muito grande. Ter um bar que não ofereça só a música boa, só uma atração legal, mas compor outros pilares: boa comida, boa bebida e bom atendimento.

A gente já tinha esses pilares, tinha uma bagagem a partir da experiência em outro pub, mas sempre foi um desafio.

Você diria que esse é o maior desafio do Kia Ora?

É um que a gente lida diariamente, mas não necessariamente o maior. Um dos grandes desafios que tivemos foi montar uma programação bacana, que consiga entreter o público.

A seleção de bandas também não é nada fácil, até porque, para ter uma banda no Kia, é preciso preencher ali algumas coisas que são muito importantes. Precisa ter uma conexão com o público, que é fundamental, autenticidade também e presença de palco. Então esses são também uns pontos que são bem importantes que passam a ser um desafio para nós.

Como funciona a curadoria do Kia Ora?

Ela começa justamente com esses aspectos que abanda precisa entregar para nós. A gente leva muito isso em consideração. Hoje, contamos com o Ivan Sader, um artista extremamente talentoso, que está na cena musical e é muito bem quisto. A chegada dele é um ganho enorme, porque ele faz essa ponte com artistas mais renomados, e assim, a gente transforma o Kia em um ponto de encontro musical em São Paulo.

Para além dos desafios, qual foi o maior aprendizado do Kia Ora nessas mais de duas décadas de história?

Foi entender que é possível humanizar alguns aspectos. Ter um bar com 21 anos, lidando com entretenimento, você vê mudanças de gerações. E isso nos torna mais resilientes. 

Ao mesmo tempo que você tem que estar muito antenado em tudo que está acontecendo, tem que tomar um cuidado muito grande para não fazer nenhuma mudança muito radical do que é a nossa essência do bar.

Você percebe muita diferença no público nesses mais de 20 anos?

Claramente. Imagina, o bar tem 21 anos. O pessoal que frequentava na inauguração hoje tem mais de 50 anos. E é uma galera que continua frequentando o bar. Mas, obviamente, a gente tem aquele cuidado de conseguir trazer o pessoal mais jovem. Quando a música é muito boa, acho que não tem essa discussão sobre gerações, as pessoas curtem e frequentam. Então, a gente procura hoje ter um cuidado com a programação, para conseguirmos atrair nichos que combinam com o bar. Até por isso, a gente acabou criando alguns outros labels dentro do Kia, para começar a atingir públicos diferentes.

Falando sobre experiências, o Label Rock Experience é um dos destaques dentro do Kia Ora. O que o público encontra?

Tudo começou com essa ideia e a possibilidade de trazer artistas renomados para o palco do Kia. Então, começou essa garimpada atrás de músicos profissionais, com bagagem em festivais e tudo mais. 

Começamos a fazer alguns músicos mais renomados e isso foi ganhando corpo. Permitiu que a gente pudesse continuar com o Rock Experience, abrindo o palco para artistas mais renomados para que eles possam mostrar seu trabalho para o público.

Isso mostra que o rock continua vivo?

Rock é mais que um estilo, é uma atitude, um modo de viver. E serve de base para outros estilos. Ele vai perdurar porque transmite liberdade. E a gente morando em São Paulo, uma cidade que pulsa 24 horas por dia, têm esse grito de liberdade do rock ‘n’ roll. O Kia Ora é o lugar onde esse grito ganha um eco.

Kia Ora (Foto: César Ranieri)
Kia Ora (Foto: César Ranieri)

Além da influência maori, o Kia também é muito atento às tendências internacionais. Quais são suas inspirações?

A forma como os bares lá fora se tornam uma extensão do estilo de vida das pessoas. Eu queria reproduzir isso dentro do Kia Ora, e existem várias formas. Não só através da música, do entretenimento, mas também através do próprio cardápio. É possível criar drinks, por exemplo, que possibilitem uma vida saudável frequentando o bar. 

Então esse é um cuidado também que a gente tem, mas não basta só copiar. Você precisa também ressignificar as coisas. Traduzir, e dar sua cara para as coisas. Eu sigo muitas tendências de fora, mas tento sempre fazer uma releitura para se alinhar com a nossa identidade. 

E onde o cardápio entra nesse cálculo?

A gente tem um chefe de bar que é excelente, super estudioso. Um mixologista jovem, que também está muito antenado, sempre muito conectado com o que está rolando. E a ideia foi exatamente trazer esses mocktails para a cartela de drinks. São bebidas sem álcool ou com baixo teor alcoólico. E todos eles são muito saborosos, têm uma apresentação muito legal. Além de ser uma forma de a gente trazer para o bar aquela pessoa que trabalha cedo no dia seguinte. Agora não tem mais essa desculpa. É possível ir no Kia, tomar um mocktail a noite inteira, curtir um baita show e aproveitar sem se arrepender.

E pensando nas bandas, como é a experiência de quem se apresenta lá?

Hoje a gente trabalha com um número bem reduzido de bandas. E para elas poderem estar no Kia, precisam ter presença de palco, autenticidade e conexão com o público.

Nos últimos tempos, temos feito muitos investimentos em iluminação, som, acústica do bar, ou seja, preparamos uma estrutura favorável para que as bandas façam um show digno, possam entregar tudo.

Quando você começou, há mais de 20 anos, imaginava que o Kia Ora se tornaria esse lugar?

De forma alguma. Quando a gente montou o Kia, a ideia era fazer um pub australiano, neozelandês, com música ao vivo. Ao longo dos anos, fomos ganhando corpo, as coisas foram mudando.

Recentemente fizemos uma reforma para poder abarcar as tendências que acompanhamos, transformar o Kia em um espaço multiúso onde fazemos lançamentos de campanhas, recebemos empresas para workshops, coisas que não imaginávamos.

E isso reflete muito sua veia empreendedora, de não se limitar a uma frente só.

Hoje existe uma demanda muito grande por isso. Então, realmente, a gente precisa estar antenado para ver o que está acontecendo e quais demandas a gente pode absorver. 

Falamos sobre a mudança de público e a festa “Vai Dar Match” é um dos destaques para o público mais jovem. Como essa iniciativa surgiu?

É uma festa que a gente faz desde a inauguração do Kia. Criamos a Noite dos Solteiros, comemorada sempre no dia 12 de junho, Dia dos Namorados. Foi um sucesso desde o começo. Mas começamos a ver que era mais que uma festa, as pessoas estavam procurando diversão e conexão.

Então mudamos o nome, tudo muito bem pensado, cardápio, atrações, para criar esse clima gostoso e dar às pessoas exatamente isso.

Hoje o Kia Ora está em São Paulo. Existe algum plano para levar o bar para outras cidades ou estados?

Lembro que logo no início, quando estávamos começando a trazer alguns artistas famosos, clientes que eram de fora de São Paulo chegaram para mim e falaram: “Pô, Cesinha, você precisa levar esses shows para fora de São Paulo, na minha cidade não tem nada.” Foi daí que começamos a falar que o Kia é mais que um pub, é um local de entretenimento.

Porém, o Kia Ora é muito específico com algumas coisas, por isso eu tomo um pouco de cuidado. Para não ir para outras praças e a gente perder um pouco dessa identidade. Mas, respondendo a sua pergunta diretamente, sim, a gente tem muita vontade de começar a fazer uma expansão da marca.

Qual é sua memória mais marcante com o Kia Ora?

São várias, mas o maior destaque foi quando trouxemos o nosso primeiro convidado famoso, que foi nada mais, nada menos do que o Sérgio Britto dos Titãs, minha banda favorita da infância. Eu lembro do disco Cabeça Dinossauro, que tinha capa dupla, ele não tem nem as tracks mais, de tanto que eu ouvia.  E o Sérgio Britto, curiosamente, sempre foi para mim a voz dos Titãs. 

E aí você pensa: dono de um bar em São Paulo, que um belo dia consegue trazer o cara que te ensinou a ouvir rock para o seu palco, cantando para você e seus clientes as músicas que você ouvia desde criança. Foi algo muito emocionante, guardo com muito carinho até hoje.

Qual é o seu line-up dos sonhos para o Kia?

Não pode faltar Titãs. Começaria com o rock nacional, também com Charlie Brown Jr., para deixar a energia da galera lá em cima. Depois colocaria um Green Day, The Killers, para a galera cantar junto. E para fechar, Metallica, minha banda de cabeceira. Amo o Metallica, não perdi nenhum show deles em São Paulo desde 1992. Seria o line-up perfeito.

E ao nível pessoal, se você pudesse assistir ao show de qualquer artista, qual escolheria?

Queen, Freddie Mercury. Era uma experiência. Conheci a banda em uma fase mais adulta, mas quando você entra fundo no trabalho dos caras, vê que eram muito fora da curva. Um show do Queen, na fase áurea do Freddie Mercury, com certeza.

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