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Celebridade

‘A criança precisa ser livre desses preconceitos’

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Ao falar com a CARAS Brasil, Leticia de Oliveira explica como os pais podem lidar com estereótipos de gênero e proteger seus filhos da intolerância

Uma foto de aniversário virou uma onda de intolerância nas redes sociais. O atacante espanhol Pedro Rodríguez Ledesma, ex-Barcelona e Chelsea e atualmente na Lazio, compartilhou a celebração dos 8 anos do filho, Marc, que usava um vestido e uma tiara com o tema do filme Lilo & Stitch. A publicação rapidamente foi inundada por críticas e comentários homofóbicos, gerando revolta e um importante debate sobre liberdade de expressão infantil e estereótipos de gênero.

Embora Pedro tenha optado por não se pronunciar publicamente e tenha desativado os comentários da postagem, as reações não passaram despercebidas. Personalidades como a eurodeputada Irene Montero saíram em defesa do menino, afirmando que “toda criança tem o direito de ser quem é”.

Em registros anteriores no perfil do jogador, já era possível notar que Marc sempre teve liberdade para escolher suas roupas e temas de aniversário. O menino já apareceu usando saias, blusas coloridas e até celebrando festas com tema de princesa. Essa abordagem de criação livre, inclusive, é estendida aos demais filhos de Pedro.

Para entender como os pais podem lidar com situações assim e ajudar os filhos a crescerem livres de preconceitos, a CARAS Brasilconversou com a psicóloga Leticia de Oliveira, que explicou por que essa liberdade é tão importante para o desenvolvimento emocional infantil.

Criança deve ser livre para criar e imaginar

Segundo Leticia, a ideia de que há uma idade certa para que a criança comece a escolher o que vestir ou gostar é um mito. “Não existe uma idade certa. A criança deve e pode se expressar nas roupas e nos personagens da forma como ela quiser, da mesma maneira que ela cria outras coisas: quer trabalhar como bombeiro, quer trabalhar como pipoqueiro, tem amigos imaginários. A criança precisa ter essa liberdade da criatividade e ser livre desses preconceitos que a gente tem no mundo”, afirma.

Leia também: Jogador é atacado após deixar filho usar vestido durante festa de aniversário

Mas essa liberdade não significa ausência de orientação. Para a psicóloga, o papel dos pais é preparar os filhos para as reações do mundo, sem podar sua autenticidade:

“É claro que temos uma função como pais de orientar e estruturar, porque se ela escolhe um personagem e é julgada, talvez não dê conta. Qual é esse processo? ‘Olha, filho, você pode escolher, tudo bem. Pode colocar o personagem que você quiser. Mamãe está aqui, mamãe te ama’. É uma preparação para a exposição, ao invés de escolher por ela para evitar a crítica“, orienta.

Por que tanto incômodo quando meninos usam rosa?

A raiz de reações negativas como as enfrentadas por Marc está, segundo a especialista, no machismo estrutural que ainda impera na sociedade. “Porque a sociedade ainda é muito machista. Ainda existe a crença de que, se um homem usar rosa, ele automaticamente tem uma inclinação à homossexualidade, quando, na verdade, não existe correlação nenhuma”, explica.

Ela ainda aponta a diferença de julgamento entre meninos e meninas: “O contrário não costuma acontecer com as meninas, que gostam de personagens masculinos como Homem-Aranha ou Batman. É uma questão social de preconceito, de masculinidade e virilidade, onde o homem não pode chorar e precisa escolher coisas tipicamente masculinas”, destaca.

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