Connect with us

Música

Diretora de filme sobre Billy Joel fala à RS sobre ‘And So It Goes’ e saúde do artista

Published

on


À primeira vista, Billy Joel não parece um personagem tão interessante para render um documentário. Por anos o cantor e pianista americano, um dos recordistas em vendas de discos em todos os tempos, pareceu bem mais o retrato do establishment. Algo como a antítese do rock and roll, o retrato da música feita para vender, o alvo favorito da mordaz crítica especializada. Mas havia qualidade imensurável em seu trabalho — e mergulhar em sua trajetória turbulenta e repleta de altos e baixos torna ainda mais fantástica sua obra.

Billy Joel: And So It Goes, documentário da HBO Max dividido em duas partes (a primeira já disponível e a segunda com estreia na próxima sexta-feira, 25), percorre praticamente tudo. Pudera: são cinco horas de filme, numa narrativa não linear onde começa-se nos primeiros passos da carreira musical, para só depois de uma hora conhecer-se sua origem familiar. Um deleite para os aficionados.

Aqui vão pequenos spoilers, disponíveis em qualquer artigo biográfico sobre Joel:

  • Judeu, filho de um pai fechadíssimo (que abandonou os filhos ainda na infância após o divórcio) e uma mãe que transbordava amor e apoio, William Martin Joel se encantou pela música clássica até acabar seduzido pelo rock and roll;
  • Apaixonou-se pela esposa de seu primeiro grande parceiro artístico, relacionou-se com ela… e tentou tirar a vida duas vezes ao se dar conta do que havia feito;
  • Casou-se com esta mulher, que também se tornaria sua empresária. Eles romperam no início na década de 1980, quando Billy sofreu um grave acidente de moto;
  • O (ex-)cunhado virou empresário, mas muito tempo depois descobriu-se o rombo deixado nas contas do músico;
  • Joel ainda juntaria as escovas de dente com outras três mulheres e, ao todo, teve três filhas;
  • Ao todo, lançou 12 álbuns de música popular e um disco erudito, com mais de 160 milhões de cópias vendidas e 33 singles (cerca de 25% de todas as suas composições) emplacados no top 40 americano.
Billy Joel em 1978
Billy Joel em 1978 – Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Susan Lacy, uma das diretoras do filme ao lado de Jessica Levin, conta que sua vasta experiência com documentários sempre indica a mesma coisa: a importância da infância para uma pessoa. Neste período, praticamente define-se quem será aquele sujeito. Não surpreende, portanto, a opção por retratar os primeiros anos da vida de Billy e sua tumultuada relação familiar — especialmente com o pai, a quem reencontraria já adulto — mais adiante no documentário, com o público devidamente ambientado e atento.

“Foi uma decisão muito consciente. Quis trazer a infância dele para um momento em que o público realmente se importaria em descobrir sobre isso. Muitas vezes, se [o documentário] começa com essa parte, meio que fica encoberto. Desde o começo, pensei que o momento de abordar a história inicial dele seria quando ele voltasse para Nova York, criasse ‘New York State of Mind’ e estivesse voltando para casa. O que ‘casa’ significava para ele?”

As entrevistas de And So It Goes

A lista de entrevistados de Billy Joel: And So It Goes é, também, uma parte fundamental para a construção do filme. A equipe de Lacy e Levin ouviu praticamente todo mundo. Familiares ainda vivos de Billy, antigos e atuais integrantes de sua banda, as ex-esposas (uma delas, a mencionada ex-empresária, Elizabeth Weber, traz os melhores relatos), a filha mais velha (as mais novas ainda são crianças), jornalistas especializados em música e, claro, os mais variados artistas, sempre demonstrando enorme respeito pelo biografado. Paul McCartney, P!nk, Bruce Springsteen, Jackson Browne, Nas, Garth Brooks e por aí vai. O Beatle, inclusive, diz que gostaria de ter composto “Just the Way You Are”.

E vale a curiosidade: a mencionada canção do álbum The Stranger (1977) rende uma das duas referências ao Brasil no longa-metragem, quando Billy conta que, durante as gravações, pediu para o baterista Liberty DeVitto tocar um “samba ao contrário”. O colega, claro, não entendeu — mas conseguiu atender à solicitação. A outra se dá quando a supermodelo Christie Brinkley, segunda esposa de Joel, narra o dia em que conheceu o então futuro ex-marido. Ele estava ao piano em um bar no Caribe; ela sugeriu que uma música fosse tocada. Qual? “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”, começa a cantar a própria, com um português invejável.

Christie Brinkley e Billy Joel em 1983
Christie Brinkley e Billy Joel em 1983 – Foto: Sonia Moskowitz / IMAGES / Getty Images

Seja por esse ou outros tipos de relato, Susan Lacy reconhece a importância dos entrevistados para o resultado final. A começar pelo próprio Billy, que concedeu nada menos que dez entrevistas para compor o material.

“A primeira entrevista foi basicamente sobre sua ancestralidade, aquela história oculta e desconhecida da relação de sua família com o Holocausto, além da história de quando ele encontra o pai já adulto. A segunda entrevista foi quase inteiramente sobre o impacto da música clássica em seu trabalho. E então, gradualmente percorremos a vida dele em ordem cronológica. Nas últimas entrevistas, exploramos algumas das coisas realmente difíceis, porque tínhamos desenvolvido uma relação de confiança. Foram as mais complicadas de se fazer.”

Quanto às demais pessoas ouvidas para o longa-metragem, ela reflete:

“A única pessoa com quem não conseguimos falar foi Elton John [junto de quem Billy realizou a longeva turnê Face to Face] — e acho que isso teve a ver apenas com a agenda dele. Todos os outros ficaram muito felizes em participar. Não foi da noite para o dia; leva muito tempo para entrar na agenda do Paul McCartney, mas conseguimos. Bruce Springsteen foi muito importante, pois eles eram comparados frequentemente, assim como Billy era comparado com Elton John. Billy era de Long Island e Bruce de Nova Jersey, ambos da classe trabalhadora, só que Bruce acabou mais aceito pela crítica. Ter Bruce comentando sobre isso foi importante para contextualizar.”

Bruce Springsteen e Billy Joel em 2009
Bruce Springsteen e Billy Joel em 2009 – Foto: Theo Wargo / WireImage

A saúde de Billy Joel

No fim de maio, pouco tempo antes da estreia de And So It Goes, Billy Joel anunciou o cancelamento de uma série de shows por problemas de saúde. O artista foi diagnosticado com hidrocefalia de pressão normal (HPN), que afeta o cérebro e causa perda de equilíbrio, memória, audição e visão. Ao que tudo indica, sua recuperação tem caminhado positivamente, visto que ele até mesmo concedeu uma entrevista ao podcast de Bill Maher e não só se declarou, como mostrou estar bem.

Billy Joel em 2024
Billy Joel em 2024 – Foto: Ethan Miller / Getty Images

Susan Lacy revelou não estar em contato com o biografado para além de “algumas mensagens de texto e e-mails”. A cineasta aproveitou a ocasião para apoiá-lo na decisão de cancelar os shows e cuidar de sua saúde. Além disso, confirmou que o artista passou por uma cirurgia no cérebro, necessária para tratar o problema de saúde.

“Acho que ele está se concentrando na coisa certa, que é melhorar, para poder voltar a se apresentar. Ele fez uma cirurgia no cérebro e isso afetou seu equilíbrio. Então, acho que não era saudável se apresentar ao vivo. Espero muito — e acho que ele espera muito — sua volta aos palcos. Mas ele está certo ao priorizar a saúde. Ele tem duas filhas pequenas e quer estar presente para elas.”

*A primeira parte de Billy Joel: And So It Goes está disponível na HBO Max. A segunda parte será lançada na sexta-feira, 25.

+++ LEIA MAIS: A opinião crítica de Billy Joel sobre o próprio hit “Piano Man”
+++ LEIA MAIS: Billy Joel é diagnosticado com doença no cérebro e cancela shows
+++ LEIA MAIS: Billy Joel revela tentativas de suicídio após caso com a esposa de seu melhor amigo
+++ Clique aqui para seguir a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram
+++ Clique aqui para seguir o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram



Continue Reading
Advertisement
Clique para comentar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Revista Plateia © 2024 Todos os direitos reservados. Expediente: Nardel Azuoz - Jornalista e Editor Chefe . E-mail: redacao@redebcn.com.br - Tel. 11 2825-4686 WHATSAPP Política de Privacidade