Celebridade
Filho de Pedro Rodríguez é atacado por usar vestido e psicóloga analisa: ‘Como uma vacina’

Jogador é alvo de ataques após permitir que o filho de 8 anos escolhesse fantasia do próprio aniversário e especialista alerta para danos emocionais
Uma simples comemoração de aniversário virou alvo de ataques nas redes sociais e reabriu uma importante discussão sobre identidade, preconceito e liberdade infantil. O jogador espanhol Pedro Rodríguez, ex-Barcelona e Chelsea e atualmente na Lazio, compartilhou uma foto do filho Marc, de 8 anos, usando um vestido e uma tiara do filme Lilo & Stitch em sua festa. A imagem gerou uma onda de comentários preconceituosos e até homofóbicos.
Críticas por conta da roupa e do tema “feminino demais” escancararam o preconceito de parte do público, que não hesitou em atacar a criança. Diante da repercussão negativa, Pedro optou por desativar os comentários da publicação, mas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Apesar dos ataques, o jogador já havia mostrado em outras postagens que respeita a liberdade dos seus quatro filhos com a esposa Patricia Magaña. Marc, por exemplo, já apareceu com saia, roupas coloridas e temas considerados “não tradicionais” em outras festas.
A atitude da família demonstra acolhimento e respeito pela individualidade da criança e foi justamente esse acolhimento que a psicóloga Leticia de Oliveira destacou como essencial em entrevista à CARAS Brasil.
Qual o impacto do preconceito de adultos em crianças?
Segundo a especialista, o discurso de ódio e o preconceito, especialmente quando direcionados a crianças, podem causar danos emocionais profundos e de longo prazo.
“O preconceito e o discurso de ódio podem ter impacto profundo e duradouro no desenvolvimento emocional de uma criança, principalmente quando ela está em construção da identidade. Alguns impactos que a criança pode sofrer incluem um abalo na autoestima, na forma como ela se enxerga ou no quanto ela se gosta”, afirma Leticia.
Ela alerta: “Pode haver um prejuízo significativo na construção da identidade, ou seja, no reconhecimento de quem ela é. Também aumenta o risco de ansiedade e depressão. Há ainda um prejuízo na vida emocional e social, na habilidade de se relacionar, porque se ela tem um impacto na autoestima e na identidade, acaba tendo dificuldade para se relacionar. E pode acabar também internalizando esse modelo de violência.”
E qual o papel dos pais nesses casos?
A psicóloga também reforça a importância da atuação ativa da família no desenvolvimento da autoestima da criança e na proteção contra comentários externos negativos.
“O ideal é que os pais reforcem sempre o lado positivo da criança, sempre as habilidades, não só no momento da crítica, mas em todos os momentos. Não é para falar algo falso, algo que não seja verdade, mas tudo que você perceber que seu filho é bom, tudo que você perceber que seu filho tem capacidade e habilidade, você deve descrever”, orienta.
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A especialista também garante que “isso faz a criança crescer com uma sensação de importância, de capacidade, de pertencimento. É como se fosse uma vacina, uma proteção para as críticas que vêm posteriormente na adolescência.”
O acolhimento dos pais é essencial
Para Leticia, em casos de exposição pública e julgamentos, como o ocorrido com o filho de Pedro, a resposta dos pais precisa ir além do silêncio: é necessário agir.
“O que os pais podem fazer é ter uma proteção ativa, não silenciosa. Defender de verdade, validar a dor da criança, se posicionar, proteger e denunciar. É um acolhimento firme, com amor incondicional, dizendo e verbalizando o quanto aquilo não simboliza o todo e o quanto ela é amada e importante”, explica a psicóloga.
Ela finaliza: “Falar no dia a dia sobre diferenças, empatia e identidade. Essa educação emocional que temos em casa estrutura a criança para crescer e conseguir lidar com o preconceito.”