Celebridade
Latino expõe vício que o levou à falência, e psiquiatra alerta: ‘Pode destruir vidas’

Em conversa com a CARAS, a psiquiatra Maria Fernanda Caliani explica os sinais do vício e faz alerta para os riscos para casos como o do cantor Latino
O cantor Latino (52) chocou o público ao revelar que perdeu cerca de R$ 30 milhões em apostas em corridas de cavalo. O artista descreveu o vício como uma “energia diabólica”, mais destrutiva até do que a dependência em cocaína. Segundo ele, o jogo o levou à falência, depressão profunda e à venda de todos os seus bens.
Diante da gravidade do relato, a psiquiatra Maria Fernanda Caliani analisou a situação em conversa com a CARAS Brasil e fez um alerta sobre os riscos reais do vício em apostas, que ainda é subestimado pela sociedade.
Quando o lazer vira dependência?
De acordo com a especialista, é fundamental entender quando o jogo deixa de ser diversão para se tornar um problema sério de saúde mental:
“Ainda existe uma romantização ou até banalização dos jogos de aposta — principalmente os online, que estão cada vez mais acessíveis. Mas o limite entre lazer e compulsão é bastante claro do ponto de vista clínico”, afirma a psiquiatra.
Ela explica os principais sinais de alerta: “A partir do momento em que a pessoa perde o controle sobre o ato de jogar, insiste mesmo diante de prejuízos financeiros, sociais ou profissionais, ou sente uma necessidade crescente de apostar quantias maiores para obter a mesma ‘emoção’, temos um sinal de alerta. Outro ponto é quando o jogo vira uma fuga: a pessoa usa as apostas como forma de aliviar tristeza, ansiedade ou frustrações.”
Vício em apostas pode ser tão nocivo quanto drogas?
Latino chegou a comparar seu vício em apostas com o vício em drogas, e segundo a psiquiatra, a comparação é válida:
“Essa comparação tem base científica, sim. O vício em jogos, assim como o vício em substâncias, ativa os circuitos de recompensa do cérebro — especialmente estruturas como o núcleo accumbens, amígdala e córtex pré-frontal. A dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à motivação, tem papel central nesse processo.”
Ela complementa: “No caso da dependência comportamental, como o jogo, a sensação de excitação e recompensa que o cérebro experimenta é muito parecida com a euforia causada por drogas. Por isso, o padrão de compulsão e abstinência também se manifesta de maneira semelhante.”
Até onde vai a compulsão?
Latino revelou que deixou os palcos para continuar jogando, acumulando dívidas com agiotas e mergulhando numa espiral de autodestruição. A psiquiatra explica que esse tipo de comportamento é comum entre pessoas que sofrem de dependência comportamental:
“Infelizmente, é bastante comum. A compulsão por jogos pode consumir não só recursos financeiros, mas também relações afetivas, reputação profissional e autoestima. Muitos pacientes mentem, pedem empréstimos, vendem bens ou se endividam sem que a família saiba.”
Ela conclui com um alerta severo: “É uma espiral muito perigosa, porque a culpa e o prejuízo geram mais ansiedade — o que leva o indivíduo a jogar novamente, numa tentativa desesperada de ‘recuperar’ o que perdeu. Os danos sociais podem incluir o isolamento, rupturas familiares e até comportamento suicida em casos mais graves.”
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