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Sinais de autismo podem ser identificados no caminhar da pessoa

Diferenças na forma de andar, como andar na ponta dos pés ou com os pés voltados para dentro ou para fora, podem ser mais do que uma simples característica física. Essas alterações, conhecidas como “diferenças na marcha”, agora são reconhecidas como uma característica de apoio no diagnóstico do autismo, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
Embora muitas vezes sutis, esses padrões de movimento dizem muito sobre como o cérebro de pessoas autistas funciona.
Estudos mostram que indivíduos com autismo tendem a andar mais devagar, dar passos mais largos e levar mais tempo para completar cada passo. Além disso, há maior variação pessoal na velocidade e no comprimento dos passos.
Essas diferenças motoras podem vir acompanhadas de outros desafios físicos, como dificuldades de equilíbrio, coordenação, postura e até mesmo na escrita. Em alguns casos, podem interferir na qualidade de vida e exigir apoio especializado.
Mas o que causa essas alterações?
Pesquisadores apontam que as diferenças na marcha estão ligadas ao desenvolvimento neurológico, principalmente em áreas como os gânglios da base e o cerebelo, estruturas cerebrais responsáveis por coordenar os movimentos, manter a postura e garantir que a caminhada seja fluida e automática.
Essas regiões funcionam de forma diferente no cérebro autista, tanto na estrutura quanto na forma como se comunicam com outras áreas.
Alterações motoras não são atraso, mas diferença neurológica
Importante destacar que essas diferenças não indicam atraso, mas sim um funcionamento cerebral atípico e persistente ao longo da vida. E quanto mais complexas forem as necessidades de suporte da pessoa autista, mais evidentes podem ser essas alterações na marcha.
Em muitos casos, as mudanças na forma de andar não precisam ser corrigidas, apenas compreendidas. A intervenção só se faz necessária quando há impacto funcional, como aumento do risco de quedas, dores musculares ou dificuldades para participar de atividades físicas.
Programas que incentivam o movimento no dia a dia escolar e em ambientes comunitários, como esportes e dança, têm mostrado bons resultados na Austrália e outros países.
Apoiar a autonomia, não corrigir o movimento
O modelo ideal de cuidado valoriza a autonomia e não tenta “normalizar” o modo como pessoas autistas se movimentam. A atividade física, quando bem adaptada, pode ajudar não só no desenvolvimento motor, mas também nas habilidades sociais e na autorregulação emocional, especialmente em crianças na primeira infância.
Conforme avançamos na compreensão do autismo, cresce a importância de reconhecer que há múltiplas formas de se movimentar, interagir e se expressar. O reconhecimento e o respeito por essas singularidades são passos fundamentais para uma sociedade mais inclusiva.
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