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Santos pode ganhar mega terminal de cruzeiros; veja fotos

Santos pode ganhar em breve um moderníssimo terminal de cruzeiros que promete transformar o setor no Brasil. Essa é a proposta do projeto Santos + Vivo, que acaba de receber sinal verde do Ministério de Portos e Aeroportos.
Com investimento privado de R$ 1,24 bilhão, o plano é transformar a Ponta da Praia em um novo polo turístico e portuário, com estrutura para receber até três navios simultaneamente.
A ideia é ousada e ambiciosa: criar uma instalação portuária de turismo sobre uma ilha artificial, conectada ao continente por um píer. O complexo incluirá hotel, centro de negócios, restaurantes, marina e espaços de lazer. Tudo isso sem depender de recursos públicos, segundo a Transbrasa, empresa responsável pelo projeto.
Mas antes, o projeto ainda precisa passar por uma série de licenças ambientais e urbanísticas. Mesmo assim, o anúncio já movimenta expectativas e coloca Santos no radar internacional como destino de cruzeiros e turismo náutico.
Ilha artificial e estrutura de ponta
O coração do projeto é a construção de uma ilha artificial na Ponta da Praia, com cerca de 294 mil m². Nela, será erguido um prédio multifuncional com hotel, shopping, escritórios, residências e estacionamento. O terminal de cruzeiros ficará no píer, com capacidade para mais de 250 atracações por ano.
Além disso, o complexo contará com parque aquático, piscinas de ondas, paredes de escalada e boulevard comercial. A proposta é oferecer uma experiência completa para turistas e moradores, integrando lazer, comércio e turismo marítimo.
“Falando nos aspectos de turismo e economia, são estimados 7.500 empregos, uma injeção enorme de recursos privados na cidade, de impostos para o município e de crescimento do turismo em Santos”, explica Bayard, lembrando que o projeto segue padrões internacionais de urbanismo e sustentabilidade.
Primeira marina de Santos e novo modelo de negócio
Apesar de abrigar o maior porto da América Latina, Santos ainda não possui uma marina. O projeto Santos + Vivo pretende preencher essa lacuna com uma estrutura voltada à guarda e manutenção de embarcações de lazer. A expectativa é atrair público do litoral, Grande São Paulo e interior paulista.
A marina será integrada ao terminal e ao boulevard, criando um ambiente náutico moderno e funcional. Essa inserção no segmento náutico representa um novo modelo de negócio para a cidade, com potencial de gerar empregos e movimentar a economia local.
O projeto também tem valor estratégico para o crescimento do Porto de Santos. Ao funcionar como guia corrente, ele protege o calado do canal do estuário, reduzindo a necessidade de dragagem e facilitando o processo de aprofundamento do canal para 17 metros, necessário para acesso de grandes navios cargueiros.
Ao criar três berços de atração dedicados exclusivamente aos navios de cruzeiro, o projeto Santos + Vivo complementa a estrutura portuária santista, em um momento em que se discute a incorporação de mais 12,6 milhões de metros quadrados à poligonal do porto.
“O Santos + Vivo elimina a necessidade de utilizar com navios de passageiros berços que serão fundamentais para movimentação de cargas. É uma oportunidade de solucionar problemas do porto, da cidade e colocar Santos em um novo patamar de turismo no mundo”, completa Bayard Umbuzeiro Neto.
Nos últimos 10 anos, o Porto de Santos registrou 1.518 atracações de cruzeiros e 749 ocorreram fora do espaço do terminal de passageiros, ocupando berços destinados à movimentação de cargas.
Para o presidente da Transbrasa, Bayard Umbuzeiro Filho, o projeto é uma oportunidade de projetar Santos para o futuro. “Não podemos cometer o erro de planejar a cidade pensando somente no agora. O Santos + Vivo mira o futuro e atende as necessidades da Ponta da Praia, do turismo, do porto, da cidade e do Brasil para as próximas décadas”.
O projeto foi apresentado para as oito principais armadoras que operam cruzeiros ao redor do mundo, com grande aceitação.
Impacto ambiental e proteção da costa
Um dos pontos fortes do projeto é a preocupação com a balneabilidade das praias santistas. A estrutura da ilha funcionará como uma barreira física entre o canal do estuário e a orla, reduzindo a chegada de água poluída e protegendo a faixa de areia da Ponta da Praia.
Além disso, o projeto prevê o engordamento da faixa de areia e proteção contra ressacas, problemas recorrentes na região. A proposta está alinhada com o Zoneamento Urbano de Santos e já considera medidas de mitigação de impacto ambiental e de mobilidade urbana.
O posicionamento do projeto foi recomendado pela Universidade de São Paulo (USP), em estudo contratado pela Autoridade Portuária de Santos, para proteção da Ponta da Praia, contra ressacas. O projeto também prevê espaço para a acomodação das canoas havaianas, que hoje ficam indevidamente colocadas no calçadão da Ponta da Praia.
Terminal atual e planos paralelos
Santos já conta com o terminal Giusfredo Santini, administrado pelo Concais, localizado em Outeirinhos. No entanto, há planos para transferi-lo para o bairro do Valongo, em frente ao Parque Valongo. A proposta da prefeitura é integrar o terminal à malha urbana e valorizar o centro histórico da cidade.
Enquanto isso, o Santos + Vivo surge como uma alternativa complementar, voltada ao turismo e à modernização da infraestrutura portuária. A coexistência dos dois projetos pode colocar Santos em um novo patamar de competitividade no setor de cruzeiros.
Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, Santos pode ultrapassar a marca de 3 milhões de passageiros de cruzeiros até 2035, um aumento de 216% em relação à última temporada. O novo terminal atenderia essa demanda crescente, com estrutura moderna e eficiente.
A expectativa é que o projeto gere mais de 10 mil empregos diretos e indiretos, além de impulsionar o turismo, o comércio e a logística da região. A previsão inicial de conclusão é agosto de 2027, mas tudo depende da obtenção das licenças necessárias.