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Médica sobre seis abortos de Thaeme Mariôto: ‘É traumático para…’

Após relato de Thaeme Mariôto sobre seis abortos, médica explica para CARAS Brasil quando buscar ajuda e quais exames são essenciais
A cantora Thaeme Mariôto (39) revelou que teve seis abortos espontâneos ao longo dos últimos anos. Mãe das pequenas Liz e Ivy, a artista afirmou que descobriu, após exames aprofundados, uma incompatibilidade genética com o marido, Fábio Elias, além de uma possível causa imunológica que levava seu organismo a rejeitar os embriões. Mas quando é hora de investigar uma perda gestacional? E que tipo de exames podem ser feitos desde o início?
Para esclarecer essas dúvidas, a CARAS Brasil conversou com a ginecologista e endocrinologista Maira Campos, especialista em reprodução, que detalhou quando o acompanhamento deve começar e os exames essenciais em casos de abortos de repetição.
É preciso esperar três abortos para investigar?
Segundo a médica, a recomendação de aguardar três perdas para iniciar exames é ultrapassada: “Essa recomendação de esperar três perdas é um protocolo antigo que precisa ser revisto urgentemente. Na minha prática clínica, não espero nem a segunda perda em mulheres acima de 35 anos. Cada perda gestacional é traumática para o casal, e se posso investigar e potencialmente prevenir a próxima, por que não fazer?”, afirmou a especialista.
Ela explica que exames já podem (e devem) ser solicitados após a primeira perda, como:
- Cariótipo do casal (para detectar alterações genéticas)
- Perfil hormonal completo (TSH, prolactina, glicemia)
- Pesquisa de trombofilias hereditárias
- Avaliação da anatomia uterina com ultrassom transvaginal
- Histeroscopia, quando necessário
- Níveis de vitamina D e ácido fólico
“Também investigo os níveis de vitamina D e ácido fólico, que são fundamentais para uma gestação saudável”, destacou.
Abortos muito precoces dificultam o diagnóstico, alerta médica
Thaeme revelou que algumas de suas gestações foram interrompidas tão cedo que só foram percebidas por testes muito precoces. Esse cenário, segundo a médica, é um desafio na prática clínica.
“As perdas muito precoces, que acontecem antes da sexta semana, realmente dificultam nossa investigação diagnóstica. Quando a perda ocorre tão cedo, não conseguimos fazer análise cromossômica do material abortivo, fica difícil diferenciar entre falha de implantação e perda embrionária propriamente dita, e não temos dados suficientes sobre o desenvolvimento inicial do embrião”, explica a ginecologista.
Para esses casos, ela adota um protocolo específico: “Solicito dosagem seriada de beta-hCG para acompanhar como os níveis estão progredindo, avalio a reserva ovariana da paciente através de exames como AMH e FSH basal, investigo fatores imunológicos que podem estar interferindo na implantação e analiso detalhadamente o perfil de coagulação.”
“Muitas vezes, essas perdas precoces são um sinal de que algo não está funcionando adequadamente no organismo materno, e essa investigação nos ajuda a identificar e corrigir esses fatores”, completa.
Perfis hormonais e metabólicos ignorados podem causar abortos recorrentes
Segundo a médica, muitos fatores passam despercebidos nos exames de rotina, mas estão diretamente ligados a abortos de repetição.
“A resistência à insulina é uma delas, e pode ocorrer mesmo em mulheres com peso normal. O hipotireoidismo subclínico, quando o TSH está acima de 2,5 mUI/L, também é um fator importante que muitas vezes é negligenciado.”
Ela ainda aponta: “A síndrome dos ovários policísticos, deficiência de progesterona na segunda fase do ciclo e alterações discretas na prolactina são outras condições que vejo frequentemente no consultório.”
Por isso, a ginecologista faz um alerta: “Recomendo que a mulher procure um ginecologista endocrinologista após a segunda perda gestacional, ou mesmo após a primeira se ela tem mais de 35 anos. Também é importante buscar essa especialização quando há dificuldade para engravidar por mais de seis meses, ciclos menstruais irregulares ou histórico familiar de perdas recorrentes. O acompanhamento especializado precoce pode fazer toda a diferença no desfecho das gestações futuras.”
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