Connect with us

Música

Quando Jesus Cristo quase fez o U2 acabar

Published

on


Questões envolvendo música e religião, ou vice-versa, sempre levantaram dilemas no rock, principalmente quando determinado artista se converte e decide abandonar a carreira para buscar a espiritualidade. No Brasil, Rodolfo Abrantes, ex-Raimundos, é um exemplo clássico.

No caso do U2, porém, isso veio antes mesmo da fama e sem que algum integrante tivesse algum tipo de epifania posterior com Jesus Cristo. O guitarrista The Edge e o vocalista Bono já erão cristãos praticantes e tinham a fé como algo importante em suas vidas. A ponto de se questionaram se o rock seria um “ambiente” apropriado para viverem e terem uma carreira.

Na biografia oficial da banda, U2 by U2 (2005), The Edge resume o dilema que acometia o pensamento de ambos no início da década de 1980, quando vieram os primeiros questionamentos internos:

“Por um lado, tentávamos ser o mais verdadeiros espiritualmente possível e, por outro, queríamos estar na melhor banda de rock n’ roll que poderíamos ter. Então, havia um elemento de incerteza no futuro.”

Momento crítico

A situação atingiu o ponto mais crítico após o lançamento do álbum de estreia, Boy (1980), e antes do segundo trabalho, October (1981). De acordo com Bono, The Edge chegou a desistir da banda e queria largar tudo.

“The Edge deixou a banda. Mas ele não contou para a banda, apenas me contou, e eu não estava interessado em estar na banda se ele não estivesse. Ele dizia: ‘O que estamos fazendo é ótimo, mas existe outro mundo lá fora e é dele que eu quero fazer parte. E a verdadeira cura para os males do mundo não está em uma banda de pós-punk’.”

U2 em 2018
U2 em 2018 – Foto: Simone Joyner / Getty Images

The Edge minimiza o episódio e considera que não chegou, de fato, a deixar o U2. Mas esteve perto:

“Na verdade, eu não saí da banda. Mas houve um período de duas semanas em que coloquei tudo em espera e disse: ‘Olha, não posso continuar com a minha consciência nesta banda no momento. Então, segurem tudo. Quero apenas ir embora e pensar sobre isso. Só preciso de algumas semanas para reavaliar para onde estou indo e se posso realmente me comprometer com esta banda ou se, a esta altura, terei que desistir. Porque estávamos ouvindo muita gente dizendo: ‘Isso é impossível, vocês são cristãos, não podem estar em uma banda. É uma contradição e vocês têm que seguir um caminho ou outro’.”

Quem resolveu a situação do U2

A banda não era ainda um fenômeno comercial como viria a ser, mas estava crescendo e já tinha seus compromissos, os quais não poderiam ser cancelados.

Coube ao empresário Paul McGuinness ser o mais sensato e pragmático. Na ocasião, ela explicou aos pupilos como as coisas funcinavam na indústrica fonográfica — e que Deus teria de esperar.

“Eu disse: ‘Olha, honestamente, se Deus tinha algo a dizer sobre esta turnê, ele deveria ter levantado a mão um pouco antes, porque, enquanto isso, contratamos uma equipe grande e assumimos compromissos com as pessoas, e, na minha opinião, vocês são obrigados a cumpri-los’.”

Continuidade e sucesso

O U2 seguiu em frente e em 1983 lançou War, seu primeiro álbum a chegar ao topo das paradas no Reino Unido. A banda manteve sua espiritualidade ao longo do tempo, mesclando temas de cunho sócio-político a letras mais pessoais aqui e acolá.

+++ LEIA MAIS: Bono explica por que abandonou o nome “Bono Vox”
+++ LEIA MAIS: A única música realmente rock ‘n’ roll do U2, segundo The Edge
+++ LEIA MAIS: Bono revela que U2 ‘acaba o tempo todo’; entenda

Continue Reading
Advertisement
Clique para comentar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Revista Plateia © 2024 Todos os direitos reservados. Expediente: Nardel Azuoz - Jornalista e Editor Chefe . E-mail: redacao@redebcn.com.br - Tel. 11 2825-4686 WHATSAPP Política de Privacidade