Música
Os dois ex-integrantes que devem ser excluídos de filme do Scorpions

Seguindo a tendência de vários outros artistas e bandas, o Scorpions também será retratado em uma cinebiografia. Wind of Change, filme de mesmo título de seu maior hit, ainda está em produção, mas teve seu primeiro teaser divulgado online.
A obra busca celebrar os 60 anos da banda alemã, uma das mais influentes e longevas da história do hard rock. Com direção de Alex Ranarivelo, o longa-metragem é produzido pela ESX Entertainment para a Fox Entertainment Studios em associação com a Warner Bros Home Entertainment.
De acordo com a sinopse:
“O filme conta a história de uma banda unida pela paixão pela música, que buscava inspirar mudanças no mundo por meio de seu som poderoso e letras significativas. No coração do filme está seu hino icônico ‘Wind of Change’, que se tornou a trilha sonora do fim da Guerra Fria, simbolizando esperança, paz e união. Por meio de sua música, com sucessos que vão de ‘Rock You Like a Hurricane’ a ‘Still Loving You’, o Scorpions ajudou a unir o Oriente e o Ocidente, deixando uma marca indelével na história e comprovando o poder transformador da arte.”
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o vocalista Klaus Meine disse que Alex Ranarivelo é grande fã do Scorpions e partiu dele a ideia de fazer uma cinebiografia em vez de um documentário. Ele conta:
“Ainda estamos na fase de configurar todo o projeto. Queremos que as filmagens comecem em breve, mas ainda não sabemos exatamente quando. Esperamos que consigam terminar tudo nos próximos meses, para que coincida com o 60º aniversário da banda. Eles vão contar a história dos Scorpions de um ponto de vista diferente. O produtor é persa, vive em Los Angeles e trabalha muito próximo da Warner Bros há muitos anos.”
O elenco principal conta com:
- Alexander Dreymon (O Último Reino) como o guitarrista e fundador Rudolf Schenker;
- Ludwig Trepte (Geração da Guerra) como o vocalista Klaus Meine;
- Ed Speleers (Você) como o guitarrista Matthias Jabs;
- Luke Brandon Field (Entrevista com o Vampiro, Jojo Rabbit) como o baterista Herman Rarebell;
- David Kross (O Leitor) como o amigo Andrej, preso do outro lado do Muro de Berlim;
- Dominic West (The Crown) como o empresário Doc McGhee.
Chama atenção, contudo, a ausência de pelo menos dois integrantes cruciais, um deles presente na fundação do grupo e o outro, membro durante os anos de maior sucesso e creditado inclusive por tocar em “Wind of Change”. São eles:
- o guitarrista Michael Schenker, irmão mais novo de Rudolf e vinculado ao grupo de 1969 até 1973, com retorno em estúdio entre 1978 e 1979;
- e o baixista Francis Buchholz, presente na formação entre 1973 e 1992 — praticamente o mesmo tempo que o baterista Herman Rarebell, retratado no filme e membro entre 1977 e 1996.
Os músicos cortados do filme do Scorpions
É difícil dizer com precisão por que integrantes específicos foram cortados de Wind of Change, visto que, obviamente, não se sabe com detalhes a trama completa do filme. Contudo, há razões para justificar as ausências tanto de Michael Schenker quanto de Francis Buchholz.
Há décadas, Michael está em pé de guerra com Rudolf, especialmente devido ao vínculo breve entre 1978 e 1979, quando o mais jovem foi trazido de volta para gravar o álbum Lovedrive (1979). Em entrevista ao The Metal Voice (via site Igor Miranda), Michael acusou o irmão de não permitir que ele fosse retratado na foto da banda que acompanha o encarte e não creditá-lo pelas composições das músicas “Holiday” e “Coast to Coast”.
Definindo Rudolf como “traidor”, ele declarou:
“Por que Rudolf toca com uma guitarra Flying V preta e branca? Por que ele pinta o cabelo de branco? Ele quer ser eu. Você acha que Rudolf dá a parcela justa de direitos autorais para qualquer um? Ele é um ‘wannabe’ desesperado que imita seu irmão. Rudolf nem consegue tocar guitarra, acredite em mim.”
A situação com Francis é mais delicada e menos passional. O músico ficou insatisfeito após uma série de mudanças internas no âmbito empresarial e financeiro do grupo e resolveu sair. Nenhuma das partes dá detalhes específicos do que realmente ocorreu — embora o baixista fale de modo mais aberto do que seus ex-colegas —, mas fato é que quando o Scorpions reuniu seus ex-integrantes no festival Wacken Open Air em 2006, Buchholz foi a única ausência.
Em entrevista à Classic Rock, Klaus Meine comenta:
“As pessoas costumam achar que nosso rompimento com Dieter [Dierks, produtor] foi feio, mas não foi bem assim. No entanto, com Francis, foi um rompimento muito feio. Para encurtar a história, quando tomamos a decisão de mudar toda a nossa estrutura empresarial e demitir nosso empresário, infelizmente Francis foi com ele. Perdemos um amigo e um grande músico.”
Por sua vez, ao site Get Ready to Roll, Francis afirma que a decisão de romper foi metade dele, metade da banda. Para ele, estava insustentável continuar com a estrutura empresarial daquele período.
“Logo após o início de uma turnê, foi decidido que iríamos demitir nosso empresário, CCC. Enquanto todos se divertiam nas piscinas do hotel durante os períodos de folga, passei meu tempo ao telefone conversando com Dick Asher, que era presidente da gravadora. […] Percebi que precisávamos muito de um empresário americano profissional novamente. Asher sugeriu que Doc McGhee – empresário do Bon Jovi na época – assumisse a gestão mundial, conversei com ele, todos gostaram. Poucos anos depois, o resto da banda decidiu repentinamente demitir nossos advogados e consultores fiscais, embora ninguém – exceto eu – realmente se importasse com todos esses assuntos. Ninguém parecia entender a importância de uma estrutura funcional para uma banda em turnê internacional. Eu não estava disposto a mudar tudo de novo.
Também não estava disposto a ter o caos no meio de um exame feito pelas autoridades fiscais alemãs, que ocorreu naquela época. Eu preferia dedicar meu tempo à criatividade musical e precisava de tempo para minha família. Novas pessoas foram contratadas: um empresário adicional para McGhee, um novo advogado e uma nova empresa de consultoria tributária. […] Eu me deparei com a questão de aceitar essas pessoas novas e ainda inexperientes na indústria musical, o que a banda queria, ou sair. Além disso, senti que algumas dessas pessoas novas não pareciam corresponder às minhas ambiciosas expectativas.”
Fato é que será bem estranho assistir a uma banda de rock sem baixista no filme, já que ninguém foi colocado no lugar de Buchholz. O longa-metragem ainda não tem previsão de estreia.
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