Celebridade
‘Quando o sexo vira obrigação, perde a essência’

A sexóloga Bárbara Bastos conta para CARAS Brasil os principais sinais de alerta para a intimidade do casal após relato de Fernanda Lima
Fernanda Lima (48) surpreendeu ao revelar publicamente que, diante da correria da vida com filhos e trabalho, ela e Rodrigo Hilbert (45) chegaram ao ponto de agendar horários para manter a vida íntima ativa. A declaração, feita em tom sincero e sem tabu, levantou discussões sobre como casais equilibram amor, desejo e rotina. Mas, afinal, esse tipo de “agenda sexual” é um sinal de maturidade ou um alerta?
Em entrevista para a CARAS Brasil, a sexóloga e terapeuta sexual Bárbara Bastosavalia com profundidade os efeitos dessa prática e os sinais de que algo pode não estar indo bem na relação.
Quando o sexo se torna obrigação?
“A distância sexual em um relacionamento não significa, necessariamente, a falta de amor ou de atração entre o casal. Longe disso. Frequentemente, é um reflexo da complexidade do desejo sexual, que não é um botão de liga e desliga, como muitas vezes retratado em filmes e novelas. O desejo é multifatorial, ou seja, diversos elementos o influenciam”, explica a especialista.
Segundo ela, a rotina pode ser um fator silencioso e traiçoeiro. “Em relacionamentos longos, a rotina desempenha um papel crucial. Embora seja algo positivo – não devemos demonizá-la –, a rotina pode levar ao comodismo. Acabamos deixando de nutrir o que antes era alimentado por novidades, pela ansiedade da conquista e pela empolgação do início.”
Outros pontos que afetam diretamente a libido, diz Bárbara, são o esgotamento físico, a chegada dos filhos e o excesso de responsabilidades: “Muitas vezes, as pessoas ficam tão presas ao modo automático, cumprindo suas obrigações diárias, que se desconectam das coisas que lhes proporcionam prazer de vida.”
Ela também alerta para a perda de si mesmo na dinâmica familiar: “Libido não é apenas desejo sexual; libido é, antes de tudo, o prazer de viver. Precisamos nos conectar com atividades individuais que nos preenchem. Com as responsabilidades de casa, filhos e parceiro, acabamos nos focando em fazer tudo funcionar para os outros, deixando de lado nossos próprios hobbies, o tempo para nós mesmos e até mesmo a atividade física.”
“Sexo não deve ser feito por culpa ou obrigação”
Para a terapeuta, o principal sinal de alerta aparece quando o sexo deixa de ser prazeroso e vira uma tarefa na agenda. “Quando o sexo se torna uma obrigação ou mais uma tarefa na lista de afazeres, ele perde sua essência de entrega, conexão, atenção e presença. Não se trata de fazer sexo por dever, para evitar que o parceiro procure fora, ou por culpa. É muito mais benéfico parar, entender o que está atrapalhando o desejo do casal, conversar sobre isso e ajustar os pontos necessários. Quando o sexo acontecer, que seja bem-feito: com conexão, presença, vontade, olho no olho e atenção plena ao momento.”
Estratégias práticas para driblar o cansaço e reconectar o casal
Com uma agenda lotada, filhos pequenos e múltiplas responsabilidades, manter o desejo vivo parece um desafio hercúleo. Mas Bárbara afirma que pequenas atitudes fazem grande diferença.
“Vamos falar de algo simples, mas crucial para sua vida sexual: o sono. Quando você está exausta, a prioridade é descansar, certo? Você quer dormir, e o desejo por uma relação sexual, que demanda energia, atenção e movimento, simplesmente diminui. Uma das coisas mais importantes que posso enfatizar é o cuidado com o seu sono.”
Ela conta que, na própria casa, criou uma rotina rígida com os filhos para garantir o tempo a dois: “Meus filhos dormem por volta das oito da noite. Isso nos dá tempo para jantar juntos, ter nosso momento íntimo, assistir a um filme ou simplesmente conversar. Com os filhos acordados, a atenção estaria sempre voltada para eles. Esse é o nosso momento, já que de manhã ou durante o dia, devido aos nossos trabalhos diferentes, nem sempre conseguimos.”
Outro ponto crítico é a presença excessiva do celular nas refeições e no tempo em casal: “Seja para trabalho ou para se distrair, o celular rouba a oportunidade de conexão. O tempo que vocês têm juntos é sagrado. É um momento de presença, atenção plena, 100% de dedicação um ao outro.”
Quando buscar ajuda profissional
A especialista também faz um alerta direto sobre o momento de procurar uma terapeuta sexual:“Nos primeiros sinais de que algo está estranho na esfera íntima do relacionamento – seja na falta de desejo, na dificuldade de conexão sexual ou na diminuição da intimidade na cama – a primeira e mais importante atitude dos casais é conversar abertamente.”
Mas se essa conversa não acontece ou não traz resultados, é hora de acender o alerta: “Quando os casais não conseguem ter essa conversa produtiva por conta própria, já é um forte indício de que é hora de procurar ajuda de terapia sexual. Por que esperar que algo que já está desconfortável e incômodo para ambos piore?”
Ela destaca que postergar esse cuidado costuma gerar consequências indesejadas: “Ao evitar a conversa e a busca por ajuda, os casais tendem a se distanciar ainda mais, tornando-se menos pacientes e mais irritados um com o outro.”
E conclui com um conselho direto: “Em resumo, nos primeiros sinais de problemas, especialmente se não conseguirem resolvê-los sozinhos e não houver uma comunicação sexual clara e eficaz, é fundamental procurar ajuda. Vocês podem, por exemplo, concordar em tentar por um ou dois meses e, se não houver melhora, buscar ajuda profissional. Esperar anos para procurar auxílio pode tornar o caminho para a solução muito mais longo e difícil.”
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