Música
A banda que é ‘o Rage Against The Machine de hoje’, segundo Tom Morello

Desde o início, o trabalho de Tom Morello no Rage Against The Machine é, entre outras coisas, político. O guitarrista, que também é graduado com honras em Ciência Política pela Universidade de Harvard, faz questão de exaltar essa identidade e, mais de uma vez, respondeu fãs que criticaram o ativismo da banda.
“Quando você pega uma guitarra, você não deixa de ter seus direitos. E quando as pessoas te dizem para ‘calar a boca e tocar guitarra’, ou reclamam de artistas que se manifestam, é só porque elas não concordam com o que você está dizendo. Não é nada complicado. Há uma dissonância cognitiva em que elas dizem: ‘gosto de rock, gosto de solos, mas eu discordo disso, então, cale a boca’. Isso destaca os conflitos da boa arte. É uma missão que tenho desde adolescente”, disse ele ao Chicago Tribune em 2018, para citar um exemplo.
Após mais de 30 anos na estrada, o Rage Against The Machine se tornou uma das referências de bandas politizadas. Mas outros artistas também levantam essa bandeira. Durante participação no programa The Strombo Show (via ThePRP.Com), o músico ressaltou uma banda que, segundo ele, mantém o legado do RATM.
O Rage Against The Machine de atualmente
O grupo em questão é o Kneecap, um trio de hip-hop formado na capital da Irlanda do Norte. “O que eles estão fazendo é o que mais pessoas deveriam fazer na vida: falar a verdade ao poder. Kneecap não são terroristas. Terrorismo são 20 mil crianças palestinas mortas. “Eles estão no topo da lista. São claramente o Rage Against The Machine de agora”, ressaltou Morello.
Fundado em Belfast, o Kneecap se tornou um dos nomes mais comentados da música internacional em 2025 e ficou conhecido por suas letras incisivas, que abordam temas como identidade, política e justiça social. Utilizando tanto o inglês quanto o irlandês em suas composições, a banda mistura elementos da cultura local com batidas modernas, criando um som autêntico e provocador.
O grupo ganhou notoriedade rapidamente, principalmente entre jovens que se identificam com suas mensagens e com a postura de resistência diante de temas polêmicos. Shows enérgicos e performances marcadas por simbolismos políticos consolidaram a reputação do trio como uma força disruptiva, capaz de mobilizar multidões e gerar debates intensos sobre liberdade de expressão e ativismo na música.
Polêmicas recentes do Kneecap
Em 2025, o grupo esteve no centro de diversas controvérsias após manifestações políticas durante apresentações em grandes festivais, como Coachella e Glastonbury. Durante o evento na Califórnia, por exemplo, o grupo exibiu mensagens críticas à atuação de Israel no conflito de Gaza, o que resultou em cancelamentos de shows e na rescisão de contratos com agentes nos Estados Unidos e Europa. Já no Glastonbury, diante de dezenas de milhares de fãs, a banda entoou gritos de “Palestina livre” enquanto resistia à pressão de patrocinadores e da emissora BBC, que optou por não transmitir o show.
Mesmo após o fim do Rage Against The Machine em 2024, Tom Morello não deixou a politização de lado. Por isso, ele comemora o trabalho de grupos como o Kneecast. “Graças a Deus ainda tem gente com coragem de dizer o que precisa ser dito”, afirmou, ressaltando que The Neighborhood Kids e Nova Twins são outras bandas que chamaram sua atenção.
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