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Suplemento pré-treino: promessa ou exagero?

Suplementos pré-treino têm ganhado popularidade entre frequentadores de academias e atletas de diferentes níveis, com promessas tentadoras: mais energia, maior resistência muscular e menos fadiga com apenas uma dose antes do exercício. Mas será que eles realmente funcionam — e são seguros?
A composição desses suplementos varia, mas os ingredientes mais comuns incluem creatina, beta-alanina, arginina e cafeína. Entre eles, apenas a cafeína possui respaldo científico sólido quanto à eficácia ergogênica — ou seja, na melhora do desempenho físico — e à segurança do uso regular. É o que mostra uma revisão publicada em 2021 no Journal of the International Society of Sports Nutrition (JISSN).
Segundo o estudo, a cafeína apresenta efeitos consistentes na performance aeróbica e no aumento do estado de alerta, sendo eficaz quando consumida antes do exercício.
E os outros ingredientes?
Já a creatina, embora eficiente no ganho de força e potência muscular, funciona de forma acumulativa — seus benefícios surgem com o uso contínuo, não imediato, o que vai contra o uso típico dos pré-treinos. A beta-alanina também pode melhorar o desempenho em exercícios intensos, mas exige semanas de suplementação para fazer efeito. A arginina, por sua vez, ainda apresenta resultados inconclusivos.
Riscos do consumo sem orientação
Outro alerta importante da pesquisa é a grande variação na qualidade e na dosagem dos produtos disponíveis no mercado. Muitos pré-treinos contêm quantidades excessivas de cafeína — às vezes acima do limite recomendado — o que pode provocar efeitos colaterais como insônia, ansiedade, taquicardia e desconforto gastrointestinal.
Para o professor e pesquisador Dr. Felipe Côrrea, autor do estudo, o maior problema está na percepção equivocada de que esses produtos são inofensivos por estarem à venda livremente. “A suplementação deve levar em conta o tipo de exercício, os objetivos individuais e o estado de saúde da pessoa”, afirma.
Vale a pena usar?
A conclusão dos especialistas é clara: embora alguns compostos possam oferecer benefícios pontuais, a maioria dos suplementos pré-treino carece de evidências científicas consistentes, especialmente quando usados de forma isolada e esporádica.
O uso indiscriminado, sem orientação profissional, pode não apenas frustrar expectativas como também trazer riscos à saúde. Antes de incluir qualquer suplemento na rotina, o ideal é buscar orientação de um nutricionista ou médico do esporte. Afinal, melhorar o desempenho é importante, mas com segurança e responsabilidade.
Bônus: creatina pode beneficiar o cérebro
Um outro estudo recente aponta que a creatina, além de seus efeitos físicos, pode também ter impacto positivo nas funções cognitivas — especialmente em situações de privação de sono. Um dado promissor que amplia ainda mais as possibilidades desse suplemento. Confira mais sobre isso em breve.