Música
A primeira ação política contra Kanye West em SP após show confirmado

Como noticiado, Ye, rapper antes conhecido como Kanye West, realizará show único no Brasil. A apresentação, possivelmente como parte de um festival, acontecerá em local ainda a ser anunciado na cidade de São Paulo, no dia 29 de novembro.
A situação tem potencial para gerar polêmica em território nacional. Isso porque o americano se envolveu em diversas controvérsias — para dizer o mínimo — nos últimos anos.
Ye tem conquistado manchetes ao, por exemplo, afirmar ter identificação com o nazismo, elogiar Adolf Hitler, publicar uma foto de uma suástica enredada em uma Estrela de Davi, defender o artista Sean Combs das acusações de abuso sexual e proferir discursos antissemitas, entre outros. Mais recentemente, chegou a lançar uma música intitulada “Heil Hitler”, posteriormente banida de plataformas digitais.
Diante disso, Zoe Martínez (PL), vereadora de São Paulo, apresentou projeto de lei para torná-lo “persona non grata” em âmbito municipal. Dessa forma, o artista será classificado como alguém “indesejado” e haverá efeitos diplomáticos, mas não necessariamente impede a entrada do músico ao Brasil ou à cidade.
Em sua ação (via CNN Brasil), Martínez destaca especificamente a música “Heil Hitler”, anteriormente citada, por sua apologia ao nazismo. Ela afirma:
“Ao lançar uma obra com esse título e conteúdo, Kanye West incorre em clara apologia ao nazismo. São Paulo, uma das cidades mais diversas e acolhedoras do mundo, não pode se calar diante de manifestações que atentam contra os valores democráticos e os direitos humanos. Permitir que um agente público ou cultural cometa, sem consequências, atos que glorifiquem ou minimizem esse regime é um desserviço à memória histórica e uma afronta aos compromissos civilizatórios que sustentam nossa democracia.”
O que dizem produtores de show
O empresário Guilherme Cavalcante e o responsável por agenciamento Jean Fabrício Ramos (Fabulouz Fabz), listados pela Folha de S. Paulo como produtores do show, dizem não sentir receio de que tais controvérsias espantem o público. Fabz disse em entrevista ao veículo que o rapper “não é nazista” e definiu tais polêmicas como “estratégias”.
“O cara não é nazista. Ele está num caminho, se você olhar o Twitter, já começou a se retratar. Artista a gente conhece… Ele é muito estratégico em várias situações de causar polêmicas, devido aos contratos que ele tem.”
Por um lado, o agenciador de artistas declara que não é da alçada de produtores de eventos manifestarem opiniões a respeito de posicionamentos de Ye. Ele diz:
“Quem quiser ir, vai. Musicalmente, o cara é um gênio. Ele tem o histórico dele. Nem Deus agradou todo mundo. Estamos aqui para trazer uma atração f#da. Temos uma assessoria de imprensa para lidar com essa situação, ele já está começando a se retratar e, pela conversa que eu tive, vem coisa boa aí. Ele está virando uma outra pessoa. A realidade é que ele não é nazista —ele está causando.”
Sob outra ótica, porém, Fabz diz não haver conivência com nazismo. O brasileiro garantiu que a organização do evento não irá tolerar manifestações do tipo ao longo de sua realização.
“Vamos tomar as medidas. Isso é inaceitável. A gente não apoia isso. Vamos deixar bem claro que não é o nosso caso. Somos contra tudo isso.”
Kanye West no Brasil
Ainda não há informações sobre compra de ingressos. Em suas redes sociais, o americano apenas disponibilizou um link de pré-venda: yenobrasil.com.br.
Junto de um formulário, a página disponibiliza um perfil de Instagram chamado Urban Movement (@urbanmovementbr). Acredita-se que Ye se apresentará em um festival na capital paulistana — e este deve ser o nome do evento.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o empresário Guilherme Cavalcante e o responsável por agenciamento Jean Fabrício Ramos (Fabulouz Fabz) disseram que o festival deverá reunir entre 80 e 100 mil pessoas. Dois dias são previstos, com o americano escalado em um deles.
Ye não se apresenta no Brasil desde 2013. Na ocasião, fez parte do festival SWU.
Antes disso, o artista veio ao país em 2008. À época, ele integrou o lineup de outro evento: o Tim Festival, com edições em São Paulo e Rio de Janeiro.
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