Música
Bob Vylan defende grito de ‘Morte às Forças de Defesa de Israel’: ‘Disse o que disse’

A dupla punk inglesa Bob Vylan gerou controvérsia no fim de semana ao gritar “Morte, morte às FDI [Forças de Defesa de Israel]” durante sua apresentação no festival Glastonbury 2025. Após o show, o vocalista Bobby Vylan — que usa um nome artístico — defendeu suas declarações no palco por meio de uma longa publicação no Instagram com a legenda: “Disse o que disse.”
Vylan contou que recebeu “uma enxurrada de mensagens de apoio e de ódio”. Ele explicou que se inspirou em sua filha ao vê-la responder a uma pesquisa sobre merenda escolar e que “ouvi-la expressar sua opinião” o lembrou de que “talvez ainda não estejamos condenados”.
“Ensinar nossas crianças a se manifestarem pelas mudanças que querem e precisam é a única maneira de tornar este mundo um lugar melhor”, escreveu. “À medida que envelhecemos e nosso fogo começa a se apagar sob o sufocamento da vida adulta e todas as suas responsabilidades, é fundamental que incentivemos e inspiremos as próximas gerações a pegar a tocha que nos foi passada. Vamos mostrar a elas, de forma clara e visível, o que é certo fazer quando queremos e precisamos de mudança”.
Que nos vejam marchando nas ruas, fazendo campanha no nível local, se organizando online e gritando sobre isso em qualquer e todo palco que nos for oferecido. Hoje é uma mudança na merenda escolar, amanhã é uma mudança na política externa.
Bob Vylan se apresentou no palco West Holts do Glastonbury na tarde de sábado, 28, antes do show comentado do grupo Kneecap. Vylan, que compõe a dupla ao lado do baterista Bobbie Vylan, liderou o público em gritos de “Palestina livre” e “Morte, morte às FDI”, em referência às Forças de Defesa de Israel.
A organizadora do festival, Emily Eavis, reagiu no Instagram, dizendo que os organizadores estavam “horrorizados com as declarações feitas no palco West Holts por Bob Vylan.” Ela acrescentou: “Os gritos ultrapassaram todos os limites, e estamos lembrando com urgência a todos os envolvidos na produção do festival que não há espaço em Glastonbury para antissemitismo, discurso de ódio ou incitação à violência.”
A BBC, que transmitiu a apresentação ao vivo, também se pronunciou, afirmando que ela não ficará disponível sob demanda. “Alguns dos comentários feitos durante o show de Bob Vylan foram profundamente ofensivos”, disse a emissora. “Durante a transmissão ao vivo no iPlayer, que refletia o que estava acontecendo no palco, exibimos um aviso na tela sobre a linguagem extremamente forte e discriminatória. Não temos planos de disponibilizar a apresentação para reprise.” Em um segundo comunicado divulgado na segunda-feira, a BBC classificou os gritos como “antissemitas” e “totalmente inaceitáveis.”
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também se manifestou: “Não há desculpas para esse tipo de discurso de ódio repulsivo.” Starmer, que já havia criticado a participação do Kneecap no festival, acrescentou: “Disse que Kneecap não deveria ter espaço para se apresentar — o mesmo vale para qualquer artista que faça ameaças ou incite à violência. BBC precisa explicar como essas cenas foram transmitidas.”
O grupo Kneecap subiu ao palco logo após Bob Vylan e aproveitou o momento para criticar Starmer e demonstrar apoio à causa palestina. “O primeiro-ministro do seu país — não do nosso — disse que não queria que a gente tocasse”, declarou o integrante Mo Chara no palco. “Então f*da-se, Keir Starmer.” O cantor Rod Stewart também foi alvo de piadas do grupo: “Alguém vai ao show do Rod Stewart amanhã? O homem é mais velho que Israel!”
A apresentação do Kneecap não foi transmitida ao vivo como o planejado, mas o grupo afirmou no Instagram, mais cedo naquele dia, que a BBC “VAI colocar nosso show de Glastonbury no iPlayer ainda hoje à noite, para o seu deleite.”
Após a performance, a agência UTA, que representava o grupo, supostamente os dispensou. A página do Kneecap foi removida do site da empresa.
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