Celebridade
Carolina Ferraz expõe etarismo e médica reforça importância de aceitar o tempo: ‘Fundamental’

Em entrevista à CARAS Brasil, a médica geriatra Roberta França defende a beleza das marcas do tempo após Carolina Ferraz expor etarismo nas redes
Aos 57 anos, Carolina Ferraz virou assunto nas redes sociais ao publicar um vídeo exibindo sua rotina de skincare sem filtros. Ao receber comentários ofensivos como “velha” e “feia”, a apresentadora não se intimidou e devolveu com firmeza: “Com vocês não rolava nem um lanchinho”. A resposta direta viralizou, escancarando o preconceito etarista e acendendo um debate fundamental sobre autoestima e a valorização do envelhecimento.
Em entrevista à CARAS Brasil, a médica geriatra Roberta França analisou o episódio e destacou como os sinais do tempo devem ser compreendidos como parte natural e bela da vida.
“O envelhecimento precisa ser visto como algo positivo e principalmente com naturalidade. É um processo da vida que todos nós obrigatoriamente vamos passar. Aliás, a única maneira de viver muito tempo é envelhecer”, afirma a médica.
Com uma fala direta, Roberta desconstrói o culto à juventude eterna: “O contrário disso é morrer. Então, para a gente ter um cabelo sempre muito bom, uma pele maravilhosa, sem nenhuma ruga, sem nenhuma marca, sem nenhuma cicatriz, a gente vai ter que morrer com 25 anos de idade, no máximo. É o tempo máximo que você vai viver sem apresentar sinais do tempo. Todo o resto é um processo que o tempo vai trazendo às marcas da vida. E valorizar esse processo, ele é fundamental”.
A idade ideal é aquela em que você se sente bem
Para a especialista, a ideia de “melhor idade” é relativa e deve partir do bem-estar individual. “Ninguém aqui está fazendo apologia a uma velhice cheia de alegria, a melhor idade, nada disso. Envelhecer, a melhor idade é a idade que você se sente bem, é a idade que você está bem consigo e com os outros. E isso pode ser a qualquer tempo. Eu conheço pessoas de 90 anos que estão infinitamente melhores do que pessoas com 50. Assim como eu conheço pessoas de 30 que são muito melhores do que uma pessoa de 15. Então tudo depende da fase da vida e como você encara essa fase da sua vida”.
“A pele, os sinais do tempo, a maturidade, ela tem que ser vista como algo natural. Cada vez que a gente demoniza esse lugar, cada vez que a gente coloca isso como algo ruim, como algo negativo, nós estamos transformando o envelhecimento natural num momento de punição e não uma fase de conquista. E isso é muito cruel”, afirma a geriatra.
A especialista ainda critica os padrões estéticos impostos: “É muito importante a gente respeitar esse movimento e entrar nessa discussão social das exigências sociais que são feitas desse corpo perfeito, desse corpo magro, desse rosto sem rugas, sem marcas e muitas vezes também sem nenhuma expressão. Será que é isso que realmente é bonito? Será que esse é o conceito de beleza que nós devemos seguir?”
Cada ruga carrega uma história
Ao citar nomes como Fernanda Montenegro, a médica reforça que as marcas no rosto são, na verdade, registros de trajetórias. “Cada vez que a gente olha uma mulher como a Fernanda Montenegro, belíssima nos seus quase 100 anos de idade, quantas histórias perpassam por aquele rosto, por aquelas rugas, por aquelas marcas? É a história da vida dela. Aliás, uma história honradíssima, belíssima. E quantas mulheres temos todos os dias, famosas e anônimas, que têm as suas marcas, que têm nas suas rugas o registro da sua história? E isso tem que ser aplaudido”.
Procedimentos estéticos? Só se for por você
Por fim, a médica destaca que cuidar da aparência não é um problema desde que seja uma escolha pessoal, livre de pressões externas. “Não tem nenhum demérito em envelhecer e apresentar as expressões que o seu rosto vai trazer. ‘Ah, eu quero fazer um botox, eu quero me cuidar’. Não há nenhum problema nisso. A grande questão é que você não deve fazer pelo outro. Se você quiser fazer qualquer tipo de procedimento, que seja por você, porque você vai se sentir melhor e não para fazer com que o outro te veja de uma forma mais bonita ou melhor do ponto de vista dele”.
“Então, quando eu faço por mim, ok. Mas fazer pelo outro não é justo consigo e não é justo com essa sociedade que está sempre exigindo beleza e juventude eterna numa sociedade completamente envelhecida e cheia de cabelo branco”, finaliza.
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