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‘tentei tirar o pus em casa’

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‘tentei tirar o pus em casa’


Viralizou nas redes sociais a história de Jessica da Silva Avelino, uma ex-dançarina de 26 anos que viu sua vida mudar drasticamente por causa de algo que parecia inofensivo: um furúnculo.

Após manipular a inflamação em casa, ela acabou desenvolvendo uma infecção generalizada, passou por internações, UTI e foi diagnosticada com mielite infectuosa.

Hoje, vive com paralisia nas pernas, mas compartilha sua rotina e superação nas redes sociais.

Eu já tinha ouvido falar de furúnculo, achei que era uma coisa que não devia se preocupar ou ir ao médico e que podia fazer o procedimento em casa“, confessa Jessica, que é mãe de Pietro, de 3 anos, em entrevista à Catraca Livre.

Se eu soubesse os riscos que poderia causar ao mexer, eu teria ido até um pronto socorro para fazer o procedimento. Eu não procurei um profissional de saúde… meu erro foi esse.”

Após o diagnóstico de mielite infectuosa, Jessica passou a usar cadeira de rodas e segue em processo de reabilitação.
Após o diagnóstico de mielite infectuosa, Jessica passou a usar cadeira de rodas e segue em processo de reabilitação. – Acervo pessoal

Jessica espremeu furúnculo em casa

Tudo começou no dia 11 de novembro de 2023, com uma ferida no antebraço esquerdo. Na época, Jessica, que morava em São Mateus (ES), não imaginou que se tratava de um furúnculo.

A ferida evoluiu e, no dia 15, ela decidiu espremer: “como várias outras pessoas, eu tentei tirar o pus em casa mesmo, apertando. Até que, no dia 20 de novembro, eu comecei a sentir uma dor lombar muito forte e tomava remédio para dor. A dor aliviava, mas depois voltava.”

Ferida no braço esquerdo que parecia simples, mas deu início a uma grave infecção bacteriana.
Ferida no braço esquerdo que parecia simples, mas deu início a uma grave infecção bacteriana. – Acervo pessoal

Nos dias seguintes, as dores lombares se intensificaram. Ela foi ao hospital várias vezes entre os dias 24 e 27 de novembro, recebendo apenas medicação para dor.

Eu imaginei que era rotina do dia a dia, porque meu filho tinha um ano e 10 meses, então assim, eu abaixava muito para pegar ele no colo, eu ia para a praia, brincava com ele, eu trabalhava como operadora de caixa, eu gostava muito de dançar“, lembra.

Da dor lombar à UTI

No dia 27, os sintomas pioraram: febre, vômito, fraqueza nas pernas. Jessica foi internada com suspeita de meningite e passou por diversos exames.

O diagnóstico inicial era inconclusivo. Só quando ela mencionou o furúnculo, os médicos passaram a investigar a ligação com uma infecção.

Eu em nenhum momento tinha mencionado o furúnculo. […] Até que o exame de punção lombar deu uma alteração e no meu exame de sangue constou uma bactéria sanguínea. Foi aí que eles perguntaram se eu tive alguma ferida recentemente e aí que eu informei do furúnculo.”

No dia 29 de novembro, ainda no hospital, a jovem perdeu os movimentos das pernas. “Quando eu fui para levantar, eu já não tive mais forças… eu entrei em desespero, comecei a gritar.”

A situação evoluiu rapidamente: Jessica foi levada à UTI, onde recebeu a notícia de que uma bactéria estava generalizando pelo corpo.

A paralisia parou no peito, os médicos não sabem explicar o motivo dela ter parado no peito, porque ela começou pela perna e subiu. Eu não sentia a perna, a barriga e o peito.”

A luta pela vida e a importância do diagnóstico

Foram dias críticos. “Ou eu ia a óbito, ou poderia ter uma paralisia cerebral.

Não conseguiam fechar um diagnóstico. E eu continuava sentindo muita dor, muita dor lombar a todo momento que eu tava lá na UTI. Eu só pensava no meu filho, eu falava assim: ‘Deus, me tira daqui na cadeira de roda, mas não me leva, porque eu quero ver meu filho crescer’.”

Após inúmeras investigações e um mês internada, ela foi transferida para outro hospital, onde os médicos descobriram que a bactéria havia se alojado na medula, no nível T7, provocando uma inflamação grave.

A decisão médica foi iniciar um tratamento com antibióticos por 21 dias. “Graças a Deus, o antibiótico fez efeito.

Jessica foi internada diversas vezes até ser levada à UTI, onde descobriu que a bactéria havia atingido sua medula.
Jessica foi internada diversas vezes até ser levada à UTI, onde descobriu que a bactéria havia atingido sua medula. – Acervo pessoal

Jessica teve alta com o diagnóstico de mielite infectuosa, causada pela infecção bacteriana originada no furúnculo.

Eu tive uma bactéria sanguínea decorrente do furúnculo. Eu não peguei por fora, foi própria do furúnculo, que correu para corrente sanguínea e se alojou na minha medula, causando a inflamação.”

Adaptação com a cadeira de rodas

Jessica lembra que a adaptação não foi fácil e destaca a importância da saúde mental no processo.

Tive ansiedade, depressão, engordei quase 20 quilos. […] Mas me lembrei do que pedi a Deus: sair da UTI na cadeira de rodas, mas viva.”

Foi nesse momento que Jessica começou a se adaptar à nova rotina e à nova vida. Aos poucos, passou a aceitar sua condição, iniciou a fisioterapia, começou a cuidar mais de si mesma e seguiu cuidando do filho.

Eu entendi que a vida não acabou ali, que ela só estava recomeçando com uma nova história, dessa vez de superação.”

Com apoio e foco na reabilitação, ela segue lutando com esperança. “Muita gente pergunta se eu posso voltar a andar. Os médicos não dão a certeza, nem que sim nem que não, mas tem a possibilidade porque foi uma inflamação medular.”

Como Jessica está hoje?

Hoje, a jovem segue em tratamento com fisioterapia e já recuperou a sensibilidade. Apesar de ainda não andar sozinha, alguns movimentos estão voltando aos poucos.

Hoje em dia estou tão bem, com meu filho ao lado, ele é muito cuidadoso. O que quero é viver, aproveitar a vida, pois não sabemos o dia de amanhã.”

Ao lado de sua mãe e do filho Pietro, de 3 anos, Jessica encontra força todos os dias para seguir em frente e aproveitar a vida.
Ao lado de sua mãe e do filho Pietro, de 3 anos, Jessica encontra força todos os dias para seguir em frente e aproveitar a vida. – Acervo pessoal

Ela precisou ir morar em Curvelo (MG) com sua mãe, que ajuda a cuidar de Pietro: “no início eu não conseguia fazer nada, não tinha equilíbrio de tronco. Hoje eu já consigo fazer bastante coisa. Alguns movimentos da perna já estão voltando pouco a pouco. Os médicos falam que conforme a medula vai desinflamando os sinais vão voltando. Não tem como saber se ela vai desinflamar totalmente. É só com o tempo mesmo pra saber.”

Como ela precisa ficar bastante tempo sentada, revezando entre a cama e a cadeira de rodas, atualmente ela está sem conseguir trabalhar.

Também amo dançar e não abandonei esse amor. Continuei dançando em cima da cadeira“, comenta.

Alerta e aprendizado da ex-dançarina

Jessica decidiu contar sua história nas redes para alertar outras pessoas. “Eu tentei procurar nas redes sociais algo parecido com o meu, decorrente a um furúnculo. Não achei. Então, tomei essa iniciativa.

A mensagem que ela deixa é direta: não subestime feridas. “É um assunto pouco falado. A gente acha normal fazer o procedimento em casa, mas uma coisa que é simples pode se tornar grave.

Espinhas também. Não façam procedimentos em casa sem entendimento do que pode acontecer. Procure um profissional de saúde“, finaliza.

Atenção: furúnculos são infecções cutâneas que podem se agravar se manipuladas de forma incorreta. Em caso de sintomas como dor intensa, febre ou secreção, procure um médico imediatamente.



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