Moda
como é se hospedar no Grand Pigalle Experimental

O bairro de Pigalle, no 9º arrondissement, há muito deixou para trás o estereótipo dos cartões-postais de cabarés e vida noturna. Hoje, a região — também conhecida como SoPi (South Pigalle) — combina tradição boêmia com uma cena contemporânea de bares de vinhos, bistrôs, brechós, galerias e cafés, atraindo tanto locais quanto visitantes em busca de uma Paris mais autêntica.
É nesse contexto que está situado o Grand Pigalle Experimental, hotel criado pelo Experimental Group, conhecido por espaços que combinam coquetelaria, design e hospitalidade em diversas cidades da Europa. O hotel ocupa um prédio típico do bairro, de esquina, e foi projetado pela designer Dorothée Meilichzon, que buscou refletir na decoração a identidade visual de Pigalle hoje — mais vibrante, urbana e conectada ao cotidiano parisiense.
O conceito do hotel é direto: oferecer uma hospedagem confortável, bem localizada e que se integra ao bairro. A ideia é que os hóspedes se sintam parte de Pigalle, e não isolados em um espaço turístico genérico. O hotel não tem academia nem áreas de lazer tradicionais. O foco está no conforto dos quartos, na gastronomia e na conexão com o bairro.
São 37 quartos, divididos em diferentes tamanhos e configurações. Alguns estão localizados no último andar, no sótão, com vista para os telhados de Paris e para a Basílica de Sacré-Cœur. Outros oferecem vista para a tranquila Villa Frochot, uma rua privada do bairro. Há também quartos voltados para o pátio interno, mais silenciosos, e alguns com janelas para as ruas movimentadas de Pigalle.
A decoração mistura elementos clássicos parisienses, como papel de parede estampado, cabeceiras estofadas e móveis de madeira, com toques contemporâneos e referências à cultura dos coquetéis, marca do Experimental Group. Todos são equipados com cama confortável, isolamento acústico, frigobar, wi-fi de alta velocidade, ar-condicionado, cofre, TV, telefone e enxoval de qualidade. Alguns quartos possuem banheira para relaxar depois de um dia de passeio por Paris. As diárias começam em cerca de €200 (aproximadamente R$ 1.280).
Onde tudo acontece: comida, vinho e o espírito de Pigalle
No térreo do Grand Pigalle Experimental, o Frenchie Pigalle ocupa um único espaço que funciona de manhã até de madrugada, transitando entre café da manhã, brunch, almoço, jantar, tapas, wine bar e coquetelaria. Mais do que um restaurante de hotel, é um espaço que reflete perfeitamente a energia e o espírito descontraído de SoPi, como é carinhosamente chamado o bairro de South Pigalle.
A cozinha é liderada pelo chef Grégory Marchand, criador da marca Frenchie, que tem endereço também no 2º arrondissement e estrela Michelin, e pelo chef executivo Alaeddine Zitoun, que traz ao time sua experiência multicultural, técnicas refinadas e um olhar atento para a sazonalidade e os pequenos produtores.
Os menus são sazonais, criativos e mudam com frequência. A proposta é espontânea, com pratos que nascem tanto da disponibilidade dos ingredientes como das inspirações de Marchand em viagens. Entre os pratos que costumam aparecer estão o gnocchi de batata com ragù de cogumelos, o frango assado com cebolas caramelizadas e molho de vinho, peixes frescos preparados no dia e pratos que brincam com contrastes — como os já conhecidos nuggets de ris de veau com crème crue e caviar, ou a berinjela na brasa com caviar de berinjela e ervas.
O menu de almoço e jantar leva um nome provocativo: “Eat Me Like It’s Hot”, reforçando o tom informal e divertido do lugar. A filosofia da casa também se resume em outra expressão que eles mesmos adotam: “muito sexy-trash” — uma forma de explicar uma cozinha despretensiosa, que combina alta técnica, ingredientes nobres e elementos populares de maneira irreverente.
A carta de vinhos, com curadoria da sommelière Camille Fourmont, prioriza rótulos naturais, de baixa intervenção e pequenos produtores, principalmente franceses, mas também de outras regiões da Europa. Na mesma linha, a coquetelaria carrega a assinatura do Experimental Group, conhecido mundialmente pela excelência na criação de bares e drinks autorais — o que faz do bar do Frenchie não só um complemento, mas um atrativo por si só.
Durante o dia, além dos pratos quentes, o espaço também serve brunch e café da manhã, com opções que vão de viennoiseries artesanais a ovos beneditinos, passando por itens como bacon scones, gougères (pequenos pães de queijo franceses), iogurtes, frutas frescas, cafés de torrefações locais e sucos naturais.
O ambiente é informal, acolhedor e dinâmico, com serviço conduzido por uma equipe jovem e multilíngue, mantendo o clima de bairro e a proposta de integrar hóspedes, moradores e quem está só de passagem por Pigalle. Aqui, não há barreiras entre turistas e parisienses — o salão é compartilhado, os balcões estão sempre movimentados e o clima é de encontro, conversa e descontração, sem formalidades.
Mais do que um restaurante de hotel, o Frenchie Pigalle é hoje um dos pontos gastronômicos que ajudam a traduzir o próprio espírito do bairro: uma mistura viva de tradição, irreverência, sabor e sociabilidade.