Ezra Miller sente ‘muito remorso e lamentação’ por erros do passado

Ezra Miller refletiu sobre as diversas controvérsias em torno de sua carreira em uma entrevista ao veículo italiano Lo Speciale Giornale. A conversa foi gravada durante o Festival de Cannes, em maio de 2025, e publicada em 19 de junho. Miller (que usa pronomes neutros) explicou por que participou do tapete vermelho do novo filme de Lynne Ramsay, Die My Love.

“Vou trabalhar com ela novamente”, confirmou Miller sobre a cineasta. “Será provavelmente a primeira coisa que farei — um filme que estamos escrevendo juntos. Tenho escrito bastante, porque é algo que se pode fazer em solidão, e isso tem sido acolhedor para mim… E vim a Cannes porque ela me pediu. Se tem algo em que ainda acredito, na minha vida, é na devoção às minhas pessoas, aos meus entes queridos, aos meus amigos, aos meus camaradas — acima de tudo.”

Miller acrescentou: “Eu não necessariamente queria ir a Cannes. Foi meio difícil para mim. É um ponto de reentrada complicado. Se você passou três anos no mato, não recomendo voltar direto para Cannes, onde todos os fotógrafos e todos os esquisitos, todos os ricos genocidas vão estar lá, sabe o que quero dizer? Não é uma reentrada fácil.”

O ator não falou diretamente sobre suas más condutas passadas — que incluem várias prisões —, mas refletiu sobre o que veio depois. “Quando passamos por esses cadinhos e conseguimos sobreviver — o que, sendo honesto, era incerto para mim —, passamos a ter a capacidade de reconhecer outras pessoas nos seus próprios cadinhos e simplesmente estender a mão para elas”, disse Miller. “Acho que isso está se tornando cada vez mais raro no mundo. Tipo, a capacidade de fazer isso, o desejo de fazer isso, a disposição para fazer isso.”

E completou sobre as circunstâncias que se seguiram: “Não que eu não sinta muito remorso e lamentação por muitas coisas que fiz e por muitas coisas que aconteceram naquele período, mas sou muito, muito grato pelas lições que vieram com aquele abismo.”

Quando questionado sobre como definiria sua relação atual com a indústria do cinema, Miller respondeu: “Cautelosa — eu diria que em bases cautelosas.”

Em 2020, Miller apareceu em um vídeo viral em que aparece enforcando e derrubando uma mulher não identificada em um bar em Reykjavik, na Islândia. Em 2022, foi preso no Havaí por conduta desordeira e assédio, incluindo um episódio em um karaokê, onde supostamente começou a “gritar obscenidades e ficou agitado quando um casal começou a cantar ‘Shallow’, de Lady Gaga e Bradley Cooper”. Na mesma noite, a polícia foi chamada para retirá-lo da propriedade onde estava hospedado, devido a outro distúrbio.

Miller foi novamente preso no Havaí, posteriormente, e acusado de agressão em segundo grau. Ainda em 2022, os pais de Gibson Iron Eyes — uma ativista indígena de destaque ligada ao movimento de Standing Rock — acusaram Miller de aliciamento e controle da jovem, que então tinha 18 anos. Pouco depois, Rolling Stone Austrália publicou uma reportagem exclusiva revelando que Miller havia abrigado, em sua fazenda de 96 acres em Stamford, Vermont, uma mãe de 25 anos com três filhos pequenos — todos com menos de cinco anos —, o que preocupou o pai das crianças e pessoas próximas da situação.

Em um comunicado divulgado em agosto de 2022, Miller disse: “Tendo passado recentemente por um momento de crise intensa, agora entendo que estou lidando com questões complexas de saúde mental e iniciei um tratamento contínuo. Quero pedir desculpas a todos que alarmei e perturbei com meu comportamento passado. Estou comprometido a fazer o trabalho necessário para voltar a um estágio saudável, seguro e produtivo da minha vida.”

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