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A lendária baixista que se recusa a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame

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A lendária baixista que se recusa a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame


Carol Kaye, uma das baixistas que mais realizaram gravações em todos os tempos, recusou o convite para comparecer à cerimônia de posse do Rock and Roll Hall of Fame deste ano.

Kaye receberia o Prêmio de Excelência Musical no evento deste ano da instituição, Peacock Theater, em Los Angeles, no mês de novembro. Outros homenageados deste ano incluem Bad Company, Chubby Checker, Joe Cocker, Cyndi Lauper, Outkast, Soundgarden e White Stripes.

Em uma publicação no Facebook compartilhada na última semana, ela declarou, citando também Denny Tedesco, diretor do documentário Wrecking Crew (2008):

“As pessoas têm perguntado: NÃO, eu não estarei lá. Estou recusando a premiação do RRHOF (e o processo Denny Tedesco)… recusando porque não era algo que refletisse o trabalho que os músicos de estúdio fazem e faziam na era de ouro dos sucessos de gravação dos anos 1960.”

Durante as décadas de 1960 e 1970, Kaye se tornou parte de um grupo de músicos de estúdio que se tornaria conhecido como The Wrecking Crew, um coletivo frequentemente convocado por Beach Boys, Phil Spector, Monkees e outros. No entanto, em sua publicação, a musicista de 90 anos criticou o nome do grupo — que, como observa o site Igor Miranda, havia aparecido no site do Rock and Roll Hall of Fame na época de seu anúncio —, enfatizando a natureza colaborativa dos músicos de estúdio.

“Sempre se fez parte de uma EQUIPE, não de artista solo… sempre houve 350 a 400 músicos de estúdio trabalhando na movimentada década de 1960, e eram chamados APENAS dessa forma (‘músico de estúdio’)… desde a década de 1930, eu nunca fui uma ‘wrecker’ (‘destruidora’)… esse é um nome terrivelmente insultuoso.”

Carol Kaye em 2004
Carol Kaye em 2004 – Foto: Jim Steinfeldt / Michael Ochs Archives / Getty Images

Embora Kaye tenha aparecido no documentário de Tedesco — mencionado no início de seu post —, ela se opôs ao nome por muito tempo. A artista diz que o coletivo não se chamava de The Wrecking Crew e que o baterista Hal Blaine foi quem deu o nome ao grupo.

“Só para você saber, como musicista de jazz (guitarrista solo de jazz) na década de 1950, trabalhando desde 1949, fui acidentalmente convidada para gravar discos pelo produtor Bumps Blackwell em 1957. Comecei a gravar boa música com Sam Cooke e outros artistas e, acidentalmente, fui colocada num baixo Fender Precision em meados de 1963, quando alguém não apareceu. Nunca toquei baixo na minha vida, mas sendo um guitarrista experiente em gravações, era evidente que três baixistas contratados para tocar ‘dum-de-dum’ em datas de gravação não estavam conseguindo… era fácil para mim inventar boas linhas de baixo… como musicista de jazz, você inventa cada nota que toca… e eles usaram muitos músicos de jazz (e ex-músicos experientes em big bands em todas aquelas datas de rock e pop também).”

A famosa baixista encerrou sua mensagem declarando:

“Eu me recuso a fazer parte de um processo que seja diferente daquilo em que acredito, para o benefício dos outros e sem refletir sobre a verdade – todos nós gostamos de trabalhar UNS COM OS OUTROS.”

Denny Tedesco responde Carol Kaye

Depois da publicação de Carol Kaye, Denny Tedesco se manifestou. Em sua longa resposta, o cineasta escreveu que “nunca respondeu pessoalmente a nenhum dos comentários de Carol Kaye nos últimos 17 anos sobre sua discordância” com o documentário. Embora a tenha chamado de “pioneira”, ele disse que “talvez seja hora de explicar às pessoas que não conhecem o contexto da raiva de Carol”.

Tedesco alega que os comentários de Kaye foram baseados em uma desavença entre ela e Blaine, que morreu em 2019. Ele afirma:

“Eu costumava brincar que era como ter pais divorciados com os quais você se importa, mas nunca os menciona um ao outro. Mantive Hal e Carol separados o máximo possível até que o relacionamento deles se deteriorou durante uma sessão de exibição do filme no AFM Union Hall. Mas antes disso, Carol me enviou dois e-mails apoiando o filme.”

Em referência à menção de Kaye ao seu documentário, Tedesco escreveu:

“Acho que toda publicidade é boa, mesmo que seja uma ofensa pessoal. Estou realmente honrado! Mas estou confuso porque não tenho certeza do que é o ‘processo Denny Tedesco’? Não tenho absolutamente nada a ver com o Rock and Roll Hall of Fame. Sou cineasta. Não sei nem tocar um instrumento!”

The Wrecking Crew

Segundo a lenda, o termo The Wrecking Crew (algo como “A turma destruidora” em tradução livre) surgiu de uma crítica que Hal Blaine ouviu sobre a forma como ele e o novo grupo de músicos de estúdio nos anos 1960 estavam dispostos a trabalhar por menos do que os músicos mais velhos:

“Esses caras vão acabar (wreck) com o negócio tocando essa porcaria de rock & roll.”

Embora o nome não tenha sido usado durante o tempo em que tocaram juntos, ele logo se tornou associado aos músicos e foi consolidado com o aclamado documentário de Denny Tedesco, que incluía entrevistas com muitos desses músicos.

A própria Carol Kaye, porém, nunca gostou da alcunha. Em sua resposta, Tedesco também disse que, em abril de 2008, Kaye lhe escreveu dizendo: “Denny, não se preocupe, não vou mais reclamar do título, parece ser um slogan, então vou conviver com ele, você estava certo”.

Finalizando com uma nota conciliatória, Tedesco acrescentou:

“Estou muito orgulhoso do documentário The Wrecking Crew. Ele trouxe fama e notoriedade aos músicos que tocaram em algumas das músicas pop mais incríveis de todos os tempos. Essas músicas continuam sendo ouvidas até hoje. A única diferença agora é que os ouvintes podem saber quem tocou guitarra, baixo, bateria ou piano na faixa. Nem estou com raiva; estou triste. Gostaria que pudéssemos aproveitar o que temos neste momento de nossas vidas e não enlouquecer por causa de um nome tirado do contexto.”

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