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‘No idoso é mais grave’

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‘No idoso é mais grave’

Em entrevista à CARAS Brasil, a geriatra Roberta França analisa a internação de Fernanda Montenegro e revela por que esses casos podem ser fatais

Fernanda Montenegro, com 95 anos, é um verdadeiro ícone da dramaturgia brasileira e já enfrentou muitas batalhas ao longo da vida. Uma delas aconteceu em 2019, quando a atriz precisou ser internada por um motivo que, à primeira vista, parece simples: desidratação. Mas afinal, por que esse quadro exigiu tantos cuidados médicos?

Em entrevista à CARAS Brasil, a geriatra e psiquiatra Roberta França analisou o episódio e deixou um alerta sério sobre os riscos para quem está na terceira idade.

“A desidratação no idoso é infinitamente mais grave do que em outras faixas etárias, como adultos e até mesmo crianças. Quando o idoso se desidrata, além da sensação de mal-estar e lentificação do corpo, pode apresentar desorientação, confusão mental e alterações neurológicas”, explica.

Por que o idoso não sente sede como os mais jovens?

Segundo a especialista, a percepção de sede tende a diminuir com o passar dos anos, o que torna o cuidado diário ainda mais essencial.

“Por isso, é fundamental que a família mantenha um olhar atento. Vale lembrar que o idoso, em geral, não pede água nem sente sede. É muito importante que a família ofereça água ao longo do dia, pois a tendência é ingerir pequenas quantidades apenas para tomar medicamentos. No fim do dia, muitas vezes ele não chega a consumir nem 500ml de água”, orienta França.

Ela ainda destaca uma dica prática: “Sempre reforço a importância de se disponibilizar uma garrafa de água específica para o idoso — de preferência transparente — para que ele possa visualizar quanto está bebendo ao longo do dia. Isso porque muitos tendem a recusar água ou dizer que já beberam o suficiente.”

Quais sinais de desidratação precisam ser observados?

A médica ressalta que os sintomas nem sempre são claros, mas é possível notar algumas pistas no comportamento e no corpo.

“É essencial observar sinais como prostração, sonolência, desatenção, fala arrastada, pele muito seca ou com perda de elasticidade (quando, ao apertá-la, ela demora a voltar ao normal). Esses são sinais clássicos de desidratação”, destaca.

Em dias quentes, o risco se multiplica, ainda mais quando o idoso insiste em usar roupas mais quentes ou manter janelas fechadas.

“O calor é um desafio para a família, porque, de modo geral, os idosos não percebem a temperatura como os mais jovens. A temperatura corporal básica do idoso é mais baixa, por isso eles tendem a sentir mais frio. É muito comum, mesmo em períodos de calor, vermos idosos usando blusas, casacos ou pedindo cobertores. O uso de roupas mais fechadas também contribui para uma desidratação mais fácil”, analisa.

Ela alerta ainda para os ambientes fechados: “Como já mencionei, eles não costumam sentir sede. Então, em dias quentes, mesmo perdendo líquido ao suar, acabam não se hidratando adequadamente. Devemos ficar atentos ao hábito de manter portas e janelas fechadas — algo que muitos idosos preferem — mas é importante permitir a circulação de ar.”

O que fazer quando o idoso recusa água?

A especialista reforça que criar estratégias simples pode ajudar e muito: “Se estiver muito quente, use ventiladores ou ar-condicionado, mesmo que isso gere resistência, pois muitos implicam com o uso desses aparelhos. O ambiente deve estar com temperatura agradável e compatível com o clima externo, garantindo bem-estar. Também é importante evitar roupas com tecidos sintéticos que deixam a pele úmida; prefira roupas de algodão. Além disso, incentiva a ingestão de água ao longo do dia.”

“Muitos idosos tentam trocar a água por sucos ou outros líquidos, mas devemos insistir que a água é essencial para a hidratação. Portanto: ambiente arejado, roupas leves, alimentação mais leve, e preferência por alimentos com alto teor de água, como frutas — melancia e melão, por exemplo — que contribuem para uma hidratação mais eficaz”, destaca a médica.

Esperar o idoso pedir água é suficiente?

A resposta é direta: não. E pode ser tarde demais quando a sede aparece: “Como disse, precisamos criar um ambiente favorável à hidratação do idoso. Esperar que ele peça água não é eficaz — geralmente, quando sente sede, é porque já está desidratado. A primeira medida é oferecer água durante todo o dia, em pequenas porções. Evite copos grandes ou garrafas muito cheias, pois quanto maior o volume, maior tende a ser a recusa. Ofereça pequenas quantidades várias vezes ao dia.”

Há formas criativas de tornar a água mais atrativa?

Sim e elas podem fazer toda a diferença na rotina de quem mais precisa: “Uma boa estratégia é usar uma garrafa transparente, com o nome do idoso, para que ele visualize o quanto está bebendo. Assim, é possível mostrar: ‘Veja como sua garrafa ainda está cheia’, o que ajuda na conscientização. Para os que têm maior resistência à água, é possível saborizá-la com rodelas de laranja, limão, pedaços de abacaxi ou outras frutas cítricas, além de folhas como hortelã, manjericão ou alecrim. Há várias opções para deixar o sabor da água mais agradável.”

“Para quem tem menos recursos, uma alternativa é adicionar um pouco de suco natural (como maracujá, caju e goiaba) à água, apenas para dar um sabor e aroma suaves. Muitas vezes, isso já é suficiente para facilitar a aceitação. O importante é criar estratégias diárias que incentivem a hidratação, pois a desidratação no idoso pode evoluir para quadros graves, como insuficiência renal e alterações neurológicas. Devemos estar sempre atentos a isso”, orienta a médica.

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