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Isolamento pode amenizar sintomas de ansiedade em casos específicos

A convivência social é fundamental para o desenvolvimento humano, e os efeitos da solidão sobre a saúde mental vêm sendo amplamente discutidos.
Em geral, o afastamento social tende a agravar quadros emocionais, como ansiedade e depressão. No entanto, estudos recentes sugerem que, para pessoas com níveis mais elevados de ansiedade, o isolamento pode ter um efeito contrário e até benéfico.
Como o estudo foi realizado?
Pesquisadores do Laboratório de Neurociência Comportamental do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que realizaram testes com animais, demonstraram que o isolamento, em determinadas condições, pode reduzir comportamentos associados à depressão em indivíduos com alta predisposição à ansiedade.
O experimento envolveu diferentes grupos de ratos — uns mais ansiosos, outros menos, e um grupo considerado “comum”.
Após 14 dias separados ou em grupo, os animais foram submetidos a um teste comportamental que avalia sinais de desânimo e depressão.
O resultado mostrou que os ratos mais ansiosos demonstraram melhora após o período de isolamento, enquanto os demais apresentaram piora.
O que explica esse comportamento?
Os cientistas acreditam que isso pode estar relacionado ao ambiente emocional compartilhado. No caso dos ratos ansiosos, a convivência com outros igualmente inquietos pode ter intensificado o estresse, tornando o afastamento um alívio.
Já para os menos ansiosos, a solidão teve efeito negativo, reforçando a ideia de que o impacto do isolamento pode variar conforme o perfil emocional de cada indivíduo.
Apesar desses dados, o afastamento social não deve ser entendido como solução definitiva. A literatura científica mostra que a manutenção de vínculos afetivos é um dos pilares da saúde mental.
Relações saudáveis ajudam a fortalecer a autoestima, promover bem-estar emocional e proteger contra o agravamento de transtornos psíquicos. O isolamento prolongado, por outro lado, pode desencadear alterações hormonais e neurológicas, reduzindo a motivação para o convívio social e aprofundando sentimentos de angústia.
Por isso, especialistas apontam que o distanciamento pode funcionar, em alguns casos, como estratégia temporária de enfrentamento, mas não substitui o apoio emocional oferecido por conexões humanas sólidas.
Recomendação geral
A recomendação é que o tratamento de transtornos como ansiedade e depressão envolva uma abordagem ampla — que considere o histórico pessoal, o contexto de vida e priorize o fortalecimento de relações sociais, associando técnicas terapêuticas e, quando necessário, medicamentos.
Os resultados das pesquisas reforçam a importância de compreender melhor os diferentes perfis de ansiedade e seus desdobramentos no comportamento social, contribuindo para intervenções mais eficazes e individualizadas no cuidado com a saúde mental.