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Descoberto novos fatores de risco para AVC em jovens

Um novo estudo publicado na revista Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, da American Heart Association, revelou que adultos jovens, especialmente entre 18 e 44 anos, podem ter risco elevado de sofrer acidente vascular cerebral (AVC) devido a fatores de risco não tradicionais, como enxaqueca, distúrbios autoimunes e doenças renais. A descoberta reforça a necessidade de atenção redobrada a sintomas frequentemente subestimados em pessoas mais jovens.
Enxaqueca é destaque entre os fatores de risco não tradicionais para AVC
Embora fatores tradicionais como pressão alta, colesterol elevado, diabetes e tabagismo sejam bem conhecidos por aumentar o risco de AVC, os pesquisadores identificaram que, em adultos com menos de 35 anos, condições não tradicionais superam esses fatores em relevância. A enxaqueca, em particular, destacou-se como o principal fator de risco não tradicional, sendo associada a 20% dos AVCs em homens e 35% em mulheres na faixa etária de 18 a 34 anos.
“Quanto mais jovem a pessoa no momento do AVC, maior a probabilidade de a causa estar ligada a um fator de risco não tradicional”, explica a autora principal do estudo, Dra. Michelle Leppert, neurologista da Universidade do Colorado.
Jovens estão cada vez mais vulneráveis a derrames
A análise foi feita com base em dados de mais de 10 mil indivíduos do Colorado, dos quais 2.600 sofreram AVC e mais de 7.800 não. Os pesquisadores avaliaram a presença de diversos fatores de risco, comparando sua influência em diferentes faixas etárias. Entre jovens de 18 a 34 anos, os fatores não tradicionais superaram os tradicionais em incidência de AVC, respondendo por 31% dos casos em homens e 43% em mulheres.
Na faixa etária de 35 a 44 anos, os fatores tradicionais passam a ter maior impacto, representando 33% dos AVCs em homens e 40% em mulheres. Já entre 45 e 55 anos, a pressão alta volta a liderar como principal causa, especialmente em homens.
O que são fatores de risco não tradicionais?
Fatores não tradicionais de AVC são condições que, embora não sejam típicas em idosos, aparecem com frequência em adultos jovens e têm sido cada vez mais associadas à ocorrência de derrames. Esses fatores incluem:
- Enxaqueca
- Distúrbios autoimunes
- Trombofilia (tendência à formação de coágulos)
- Insuficiência renal
- Doenças cardíacas valvulares
- Hepatite e HIV
- Anemia falciforme
- Uso de anticoncepcionais e gravidez (em mulheres)
- Câncer (malignidades)
“Essas condições, embora menos discutidas, têm um papel relevante no risco de AVC entre jovens adultos e não devem ser negligenciadas”, afirma Leppert.
Implicações para diagnóstico e prevenção
Os dados sugerem que é fundamental ampliar o olhar clínico sobre o risco de AVC em jovens, especialmente aqueles que apresentam histórico de enxaqueca ou doenças inflamatórias. A detecção precoce desses fatores pode prevenir eventos graves e salvar vidas.
O estudo também aponta para a necessidade de desenvolver estratégias preventivas específicas para esse grupo etário, com foco não apenas em hábitos de vida, mas também no acompanhamento de condições clínicas menos convencionais.
Limitações e próximos passos
A pesquisa foi realizada com base em dados administrativos de seguros de saúde no Colorado, entre 2012 e 2019. Os autores reconhecem limitações, como ausência de informações detalhadas sobre raça e etnia, além do fato de o estudo ter sido feito em uma região de alta altitude, o que pode interferir nos resultados.
Mesmo assim, os achados reforçam uma tendência preocupante: o crescimento de AVCs em adultos jovens. Segundo Leppert, entender melhor os mecanismos por trás desses fatores de risco não tradicionais é essencial para desenvolver intervenções mais eficazes no futuro.