Música
50 músicas terríveis presentes em álbuns incríveis, segundo Rolling Stone

Sempre tem uma. É aquela única música em um disco excelente que é tão ruim, mas tão ruim, que quase parece uma piada de mau gosto. Elas existem por diversos motivos. Às vezes, o vocalista principal se sentiu na obrigação de dar uma música para o baterista no lado B, só para manter a harmonia da banda. Outras vezes, eles simplesmente tomaram uma quantidade absurda de drogas, e a ideia de deixar um cachorro uivar por 134 segundos ou bater uma cruz de metal nas cordas da guitarra por um minuto e meio pareceu genial. Em outras ocasiões, estavam desesperados por um refrão chiclete e acabaram roubando um de um comercial de Corn Flakes — e enfiando essa porcaria no mesmo álbum dos Beatles que tem “A Day in the Life”.
A gente vasculhou a história da música e selecionou 50 músicas terríveis que mancham discos que, de resto, são perfeitos. É bem provável que muitos de vocês discordem de algumas (ou de muitas) dessas escolhas. Talvez porque vocês ouviram esses álbuns tantas vezes que é difícil imaginá-los de outra forma. Mas será que Goodbye Yellow Brick Road precisa realmente de “Jamaica Jerk Off”? Synchronicity se beneficia mesmo de uma canção na qual Andy Summers delira sobre a mãe controladora? E Phil Collins realmente achou que seria uma boa cantar “Illegal Alien” com um sotaque espanhol forçado?
Vale dizer que essas escolhas não foram fáceis. O White Album, dos Beatles, gerou dilemas particularmente difíceis, com faixas polarizadoras como “Rocky Raccoon”, “Good Night”, “Revolution 9” e “Ob-La-Di, Ob-La-Da”. Nenhuma dessas entrou na nossa lista — e temos certeza de que muita gente vai discordar da nossa decisão. Da mesma forma, não conseguimos concordar com a ideia de que “Treefingers” estraga Kid A, do Radiohead, nem achamos que “La La Love You” deveria ser cortada de Doolittle, do Pixies. Gostamos das duas.
A lista está organizada da “menos pior” até a absolutamente pior, segundo a Rolling Stone. Se você discordar de alguma coisa — ou de tudo —, vá até as redes sociais e destrua a gente. A gente aguenta.
50) “Maxwell’s Silver Hammer”, Abbey Road (1969)
Banda: The Beatles
A ideia de uma música boba, com cara de cantiga infantil, sobre um estudante perturbado chamado Maxwell Edison que mata colegas de escola, uma professora e um juiz com um martelo de prata já é bem absurda. Mais absurdo ainda é a maior banda de todos os tempos ter trabalhado nessa faixa por vários meses — e depois incluí-la em sua obra final, quando poderiam ter escolhido qualquer uma das incríveis composições de George Harrison que ficaram fora, como “All Things Must Pass”. Mas, por algum motivo, Paul McCartney estava determinado a colocar “Maxwell’s Silver Hammer” no Abbey Road.
“Essa é do Paul,” disse John Lennon à Playboy em 1980. “Eu odeio. Porque tudo o que eu lembro é da gravação — ele fez a gente repetir aquilo umas cem milhões de vezes. Ele fez de tudo para transformar aquilo num single, e nunca foi, e nunca poderia ter sido… A gente gastou mais dinheiro nessa música do que em qualquer outra do álbum inteiro.”
49) “Ballad in Plain D”, Another Side of Bob Dylan (1964)
Artista: Bob Dylan
É preciso muito para que Bob Dylan admita que cometeu um erro. Mas lançar uma faixa dolorosamente pessoal sobre o fim de seu relacionamento com Suze Rotolo — e seus conflitos com a irmã dela, Carla — no álbum Another Side of Bob Dylan, de 1964, foi um erro tão gritante que ele acabou confessando duas décadas depois. “Eu olho para trás e digo: ‘Eu devia ser um tremendo idiota por escrever aquilo’”, disse ele em 1985. “Olho para aquela música em particular e penso: de todas as que escrevi, talvez eu pudesse ter deixado essa de lado.”
Para piorar, a canção tem oito minutos de duração e está cheia de versos constrangedores, como “For her parasite sister, I had no respect / Bound by her boredom, her pride to protect” (“Por sua irmã parasita, eu não tinha respeito / Presa ao seu tédio, ao orgulho que queria proteger”). Ao que tudo indica, ele percebeu o erro bem rápido, já que nunca a tocou ao vivo. Ainda assim, a faixa está lá, registrada para sempre em Another Side of Bob Dylan, ao lado de clássicos como “My Back Pages” e “Chimes of Freedom”, quando deveria ter permanecido apenas como uma página amarga de seu caderno de letras — que ninguém jamais teria lido.
48) “Hit the Plane Down”, Crooked Rain, Crooked Rain (1994)
Banda: Pavement
Scott Kannberg (também conhecido como Spiral Stairs) é um guitarrista brilhante e uma peça fundamental do Pavement desde a formação da banda, em 1989. Mas quando chegou a hora de gravar Crooked Rain, Crooked Rain, em 1994, o líder Stephen Malkmus já tinha 11 músicas quase perfeitas que definiriam o legado da banda por décadas. E Kannberg apareceu com “Hit the Plane Down”, uma faixa estranha e carregada no baixo, em que ele repete “Hit the plane down” com uma voz distorcida, várias e várias vezes.
Num ato de tremenda generosidade, Malkmus arranjou um espaço para a música perto do fim do disco. Ele deveria ter esperado até Kannberg entregar um material mais forte — o que ele acabaria fazendo em Wowee Zowee, com faixas como “Kennel District” e “Western Homes”. Essas músicas, inclusive, entraram no setlist das últimas turnês de reunião da banda. “Hit the Plane Down” não foi tocada nenhuma vez.
47) “Silver”, Doolittle (1989)
Banda: Pixies
“La La Love You” costuma ser apontada como a pior música de Doolittle, já que não passa do baterista David Lovering cantando “I love you” e “All I’m sayin’, pretty baby / La la love you, don’t mean maybe” com um pano de fundo de guitarra surf. Mas há um charme infantil e iluminado na faixa que faz com que ela funcione. O mesmo não pode ser dito de “Silver”, a penúltima música do álbum — arrastada, coescrita por Black Francis e Kim Deal. “É definitivamente uma abstração”, disse Francis. “Pelo menos, essa é a minha interpretação. Acho que a ideia era criar um clima.”
E o que ela cria é um clima melancólico que puxa para baixo a segunda metade de um disco que, de resto, é perfeito. Mais uma vez, o bom senso do público do Spotify se mostrou certeiro: “Silver” é a faixa menos ouvida do álbum.
46) “Anything Goes”, Appetite For Destruction (1987)
Banda: Guns N’ Roses
Appetite for Destruction foi tão absurdamente bem-sucedido que nenhuma das decisões cabeças-duras, autocomplacentes e autodestrutivas que o Guns N’ Roses tomou nos anos seguintes conseguiu diminuir seu legado. Só com a força dessas músicas, a banda poderia fazer turnês para sempre com qualquer formação que Axl Rose conseguisse reunir. Mas nem toda faixa está no mesmo nível de “Sweet Child O’ Mine”, “Rocket Queen”, “Welcome to the Jungle” e “Paradise City”.
A única verdadeira bomba, no entanto, é “Anything Goes”, que remonta à antiga banda de Rose e Izzy Stradlin, Hollywood Rose. O verso “My way, your way, anything goes tonight” é repetido até cansar, enquanto Slash abusa do efeito talk-box na guitarra. Na tentativa desesperada de renovar o setlist já gasto, a banda ressuscitou a faixa nos shows de 2023 — mas ela não ficou melhor do que era em 1987.
45) “It Ain’t Easy”, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars (1972)
Artista: David Bowie
A narrativa central de The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars nem sempre é fácil de acompanhar, mas gira em torno de uma estrela do rock chamada Ziggy Stardust que dá esperança e inspiração a um planeta prestes a deixar de existir em apenas cinco anos. No entanto, essa narrativa solta é completamente interrompida já na quinta faixa, com uma releitura glam da obscura canção folk de 1970 “It Ain’t Easy”, de Ron Davies. Bowie gravou essa música muito antes das outras faixas de Ziggy, ela não tem qualquer ligação com a história, é a única do álbum que não foi escrita por ele — e simplesmente não pertence ali. O próprio Bowie parece ter reconhecido isso, já que nunca a tocou ao vivo durante a turnê do Ziggy ou em qualquer outro momento.
44) “Don’t Stop”, The Stone Roses (1989)
Banda: The Stone Roses
Se esta fosse uma lista dos melhores álbuns de estreia da história, o disco homônimo do Stone Roses, de 1989, estaria muito bem posicionado. Mas talvez ele ficasse ainda mais alto se “Don’t Stop” tivesse sido cortada da tracklist final. Como muitos fãs perceberam quando o álbum foi lançado, a faixa nada mais é do que a anterior, “Waterfall”, tocada ao contrário, com nova letra e instrumentação adicional. É uma experiência sonora esperta, que funcionaria melhor como um lado B ou uma faixa escondida. Mas está ali como a quarta música do disco — e é literalmente a terceira ao contrário. Não é à toa que tem menos reproduções no Spotify do que qualquer outra do álbum. A graça da brincadeira passa rápido, e tudo que você quer é pular direto para “Bye Bye Bad Man”.
43) “The Playboy Mansion”, Pop (1997)
Banda: U2
Quando U2 lançou Pop, em 1997, fãs e críticos não ficaram muito impressionados com a tentativa da banda de incorporar elementos pesados de música eletrônica ao seu som. Mas o tempo foi extremamente generoso com o legado de Pop, que hoje é visto como um experimento ousado que gerou músicas incríveis como “Mofo”, “Please”, “Discotheque” e “Staring at the Sun”. Ainda assim, os críticos da época tinham razão ao apontar “The Playboy Mansion” como uma faixa particularmente ruim, presa para sempre no âmbar de 1997 graças a letras infelizes como: “If Coke is a mystery / Michael Jackson — history” e “If O.J. is more than a drink / And a Big Mac bigger than you think / And perfume is an Obsession / And talk shows — confession.”
“Essas referências contemporâneas jogam contra a música”, disse Bono em 2006. “Piadas sobre Michael Jackson e O.J. Simpson simplesmente não têm mais graça. A letra original era muito mais emocional. Não tenho certeza se a melhor versão foi a que acabou no álbum.” (“Miami” é outra grande derrapada em Pop, mas não chega aos níveis constrangedores de “The Playboy Mansion”. A gente ama todas as outras músicas do disco, até mesmo “Do You Feel Loved.”)
42) “Horse Latitudes”, Strange Days (1967)
Banda: The Doors
Segundo Jim Morrison — e, a essa altura, não tem como contestar —, ele escreveu esse poema perturbador sobre um navio que joga um monte de cavalos na água quando ainda era criança. No disco Strange Days, de 1967, do The Doors, ele recita a obra de forma frenética enquanto seus companheiros de banda batem cocos e garrafas de refrigerante e aceleram uma fita para simular o som do vento. A “música” grava na sua mente a imagem horrível de cavalos se afogando — e não há absolutamente nenhum motivo para ouvi-la mais de uma vez. São condensados, em 95 segundos intermináveis, todos os aspectos que os críticos odiavam nos Doors.
41) “Illegal Alien”, Genesis (1983)
Banda: Genesis
Os anos 1980 foram uma época na qual o Culture Club podia incluir um júri com maquiagem de blackface no vídeo de “Do You Really Want to Hurt Me”, o Guns N’ Roses podia usar a palavra com “n” em uma música, e o Genesis podia fazer um vídeo em que se vestiam como mexicanos em um desenho animado do Speedy González — e as gravadoras e a MTV simplesmente aceitavam. O vídeo do Genesis ao qual nos referimos é “Illegal Alien”, do seu LP homônimo de 1983, que também contou com as faixas “Mama,” “That’s All” e “Home By the Sea”.
Mesmo sem o vídeo, “Illegal Alien” é uma música dolorosamente horrível, onde Phil Collins canta com um sotaque espanhol caricatural e repete a frase “It’s no fun being an illegal alien” cerca de 650 vezes. Não podemos culpar a cocaína por isso. Todos estavam com a cabeça bem clara quando escreveram essa música terrível, a gravaram, a incluíram no álbum, lançaram como single, filmaram um vídeo e a tocaram ao vivo na Mama Tour. Imaginamos que gostariam de voltar no tempo e apagar todos os vestígios de “Illegal Alien” hoje, mas isso não é possível. Ela viverá para sempre na infâmia.
40) “Mother Earth”, Ragged Glory (1990)
Artistas: Neil Young & Crazy Horse
Após uma década sólida em que a maioria das pessoas na indústria musical o descartou como um hippie ultrapassado, Neil Young voltou à vida com o estrondoso “Rockin’ in the Free World” em 1989. Ele então se reconectou com o Crazy Horse para gravar o impressionante Ragged Glory. “Country Home,” “Over and Over,” “Fuckin’ Up” e “Love and Only Love” estão entre seus maiores trabalhos da década de 1970.
Não há um único momento fraco até que o Crazy Horse saia de cena no final e Young se sente para entregar a piegas balada ambiental “Mother Earth.” “Respect Mother Earth,” ele lamenta. “And her giving ways/Or trade away/Our children’s days.” É difícil discordar da mensagem da música, mas ela não se encaixa bem no álbum. Quando ele tocou Ragged Glory na íntegra em uma festa privada de aniversário no final de 2023 para o CEO da Canada Goose, Dani Reiss, ele pulou “Mother Earth.” Foi uma escolha sábia.
39) “Treat People With Kindness”, Fine Line (2019)
Artista: Harry Styles
Vamos começar dizendo que sempre é uma boa ideia tratar as pessoas com gentileza. Se você tiver que viver sua vida com um código básico, talvez esse devesse ser ele. Mas isso não significa que queremos um hino açucarado, com toques de gospel e cara de musical da Broadway, em que Harry Styles repete esse mantra simplista repetidamente em seu álbum Fine Line, de 2019. “[‘Treat People With Kindness’] é uma quimera horrível de Jesus Christ Superstar e ‘Free Ride’, do Edgar Winter Group,” escreveu Jeremy D. Larson, da Pitchfork, na resenha do álbum, “que confunde palmas com felicidade.” Styles também confundiu “Treat People With Kindness” com uma boa música. E, por alguma razão inexplicável, ela virou presença constante em seus shows, tendo sido tocada ao vivo 174 vezes.
38) “Little Child”, With the Beatles (1964)
Banda: The Beatles
Os Beatles mantinham uma agenda tão maluca no fim de 1963, quando a Beatlemania explodiu na Inglaterra, que mal tiveram tempo para gravar material para With the Beatles. Se tivessem tido um pouco mais de tempo, teriam percebido que “Little Child” era a definição de música tapa-buraco e nunca deveria ter entrado no álbum. Paul McCartney e John Lennon escreveram a faixa para Ringo cantar, mas acabaram dando a ele “I Wanna Be Your Man” como sua música “de cota” no disco.
“‘Little Child’ foi um trabalho por encomenda,” McCartney contou ao escritor Barry Myles. “Algumas músicas eram inspiradas, e você simplesmente seguia o fluxo. Outras eram do tipo: ‘Certo, temos duas horas, precisamos de uma música para o Ringo no álbum.’” Só depois que pararam de fazer turnês, em 1966, conseguiram dedicar tempo suficiente a cada disco para garantir que nenhuma música “por encomenda” acabasse incluída.
37) “The Last Time”, Red (2012)
Artistas: Taylor Swift feat. Gary Lightbody
Red ocupa um lugar especial no coração dos Swifties ao redor do mundo. “I Knew You Were Trouble”, “22”, “We Are Never Getting Back Together” e, especialmente, “All Too Well” costumam figurar no topo das listas das melhores músicas que Taylor já escreveu, e até faixas menos conhecidas como “Stay, Stay, Stay”, “Treacherous” e “The Lucky One” são reverenciadas.
Mas há uma exceção bem notável: “The Last Time”, um dueto com Gary Lightbody, do Snow Patrol. É uma power ballad que retrata o amargo fim de um relacionamento, como muitas faixas de Red, mas as vozes dos dois não combinam bem, e a canção soa simplesmente como uma música ruim do Snow Patrol com participação de Taylor Swift. Inexplicavelmente, foi lançada como o último single do álbum, mas sequer entrou na Billboard Hot 100. Taylor e Lightbody regravaram a faixa em 2021 para a versão Taylor’s Version de Red, mas pouco fizeram para melhorá-la.
36) “How to Skin a Cat”, New Day Rising (1985)
Banda: Hüsker Dü
Em 1875, um artigo publicado pela Associated Press falava sobre um suposto rancho de gatos e ratos que produzia peles de gato a custo zero, alimentando gatos com ratos, esfolando os gatos e dando seus restos para os ratos. Era pura ficção, mas de alguma forma essa história circula como lenda urbana há 150 anos. O trio de Minneapolis Hüsker Dü encontrou o texto original de 1875 e o transformou em uma faixa falada no clássico do indie rock New Day Rising, de 1985. A intenção era ser uma faixa de humor inteligente, mas a graça acaba em cerca de 30 segundos. Quatro décadas depois, é o tipo de música que você pula antes mesmo de começar.
35) “The Murder Mystery”, The Velvet Underground (1969)
Banda: The Velvet Underground
Os motivos de Lou Reed para expulsar John Cale do Velvet Underground nunca foram totalmente explicados, mas um dos principais claramente foi o desejo de afastar o grupo de suas raízes vanguardistas e aproximá-lo de algo que se parecesse mais com música mainstream — especialmente após o fracasso comercial de White Light/White Heat.
O primeiro álbum após a saída de Cale foi The Velvet Underground, de 1969, e faixas como “Pale Blue Eyes”, “Candy Says” e “Some Kinda Love” mostram uma direção claramente mais acessível. A única exceção é “The Murder Mystery” — e que exceção. A faixa falada de nove minutos é uma cacofonia praticamente inaudível, em que os quatro integrantes da banda recitam versos de poemas simultaneamente, acompanhados por um órgão. Se Cale ainda estivesse por perto, talvez conseguisse transformar isso em algo minimamente decente. Sem ele, é apenas um desastre constrangedor.
34) “Red Angel Dragnet”, Combat Rock (1982)
Banda: The Clash
The Clash passou bastante tempo em Nova York durante as gravações de Combat Rock, absorvendo as vibrações criativas da cena artística do centro da cidade e do movimento hip hop em crescimento por toda parte. Isso resultou em triunfos como “Ghetto Defendant”, “Overpowered by Funk” e “Straight to Hell”. Mas também inspirou o baixista Paul Simonon e o colaborador de longa data da banda, Kosmo Vinyl, a se juntarem para a profundamente equivocada “Red Angel Dragnet”.
A música foi inspirada na morte do Frank Melvin, morto por um policial — o que, para eles, simbolizava a decadência da cidade. A ideia da música até funciona em teoria, mas a execução — que envolveu Vinyl recitando falas do filme Taxi Driver (“Aqui está um homem que não aguentaria mais / Um homem que se levantou contra a escória, a sujeira”) — não funcionou em nenhum nível. É apenas aquela música entediante e sem melodia que todo mundo pula depois de “Rock the Casbah” para chegar logo em “Straight to Hell”.
33) “Drunk and Hot Girls”, Graduation (2007)
Artista: Kanye West
Independentemente do que se pense sobre Kanye West como pessoa hoje em dia, é impossível negar a genialidade de sua fase inicial. Seu terceiro álbum, Graduation, é uma das maiores conquistas de sua carreira, graças a faixas como “Stronger”, “Champion”, “Good Morning”, “Can’t Tell Me Nothing” — e basicamente todas as músicas do disco.
A única exceção é “Drunk and Hot Girls”, uma colaboração surpreendentemente inepta com Mos Def, em que West reclama das mulheres bêbadas que encontra em baladas pela cidade. “Pare de dançar com sua amiga e venha dançar comigo”, ele canta. “Pare de falar do seu namorado, já que ele não sou eu / Pare de estourar minha conta, porque essas bebidas não são de graça / Você é uma garota bêbada e gostosa.” É uma faixa sem vida, entediante, que rebaixa o nível do álbum inteiro.
32) “Joey”, Desire (1976)
Artista: Bob Dylan
Se conseguirmos, vamos tentar deixar de lado o fato de que Joey Gallo foi um mafioso cruel que assassinou várias pessoas e foi justamente preso por uma década. Vamos tentar ignorar o fato de que Bob Dylan e o coautor Jacques Levy tomaram a decisão absurda de transformá-lo em herói em Desire, retratando-o como uma espécie de mistura entre Andy Dufresne, Jean Valjean e Jesus Cristo. “E algum dia, se Deus estiver no céu cuidando da Sua criação”, escreveram Dylan e Levy, “eu sei que os homens que o mataram vão receber o que merecem.” Mas tudo isso é secundário diante do fato de que “Joey” é um suplício de 11 minutos em um álbum que, fora isso, é excelente.
Em uma entrevista de 2009 a Bill Flanagan, Dylan tentou jogar a culpa pelas letras malucas e sem base histórica em Levy. “Jacques Levy escreveu as palavras”, disse ele. “Jacques tinha uma mente teatral, ele escreveu muitas peças. Então a música talvez fosse um tipo de teatro da mente. Eu só cantei.” Em outras palavras: “Não me culpe por essa música maluca que eu coescrevi, aprovei, incluí no meu álbum e toquei ao vivo quase 70 vezes. Culpe o cara que já morreu.”
31) “Cans and Brahms”, Fragile (1971)
Banda: Yes
A gente entende por que o Yes optou por incluir interlúdios instrumentais em Fragile, entre épicos como “Roundabout”, “South Side of the Sky”, “Long Distance Runaround” e “Heart of the Sunrise”. Eles funcionam como um tipo de “limpa-palato”, preparando o ouvinte para o próximo banquete prog. E muitos deles funcionam muito bem, incluindo a faixa de violão acústico de Steve Howe, “Mood for a Day”, e a jam de 37 segundos “Five Per Cent of Nothing”.
Mas “Cans and Brahms”, de Rick Wakeman — uma adaptação do terceiro movimento da Sinfonia nº 4 em Mi Menor, de Johannes Brahms — é outra história. Ela aparece cedo demais no disco, logo após a faixa de abertura, “Roundabout”, e não faz nada além de demonstrar a habilidade técnica de Wakeman, o novo tecladista. Ele é de fato um talento imenso que elevou muito o nível da banda, mas ninguém precisava ouvi-lo tocando Brahms. Yes parece ter aprendido a lição, já que o álbum seguinte, Close to the Edge, traz apenas três épicos progressivos e nada mais.
30) “The Battle of Epping Forest”, Selling England By the Pound (1973)
Banda: Genesis
Os fãs do Genesis têm dividido opiniões sobre “The Battle of Epping Forest” desde que a faixa de 12 minutos apareceu no icônico álbum de 1973, Selling England by the Pound. Alguns adoram a complexidade da música prog-rock sobre duas gangues do Leste de Londres batalhando em uma floresta ao norte da cidade, e todas as vozes malucas de personagens que Peter Gabriel utiliza enquanto narra a história. Outros acham a música desajeitada, excessivamente longa e irritante no extremo, quando Gabriel pula de um personagem para outro em velocidade vertiginosa. Nós nos colocamos firmemente no segundo grupo, e estamos em boa companhia.
“É tipo, 300 palavras por linha,” disse Phil Collins décadas depois. “Não havia espaço. Todo o ar tinha sido sugado dali. Se soubéssemos, teríamos afinado isso… Naqueles dias, não voltávamos para regravar as coisas.” Gabriel concordou: “Passei muito tempo criando os personagens. Fui bem relutante em editar tão severamente quanto deveria. Acabou ficando longo demais.” Existem elementos da música que funcionam, mas ela simplesmente não consegue se comparar à majestade de “Firth of Fifth,” “The Cinema Show” e “Dancing With the Moonlight Knight.”
29) “Such a Woman”, Harvest Moon (1992)
Artista: Neil Young
Depois de passar boa parte dos anos 1980 em conflito com sua gravadora e afastando antigos fãs com experimentações de gênero como Trans, Old Ways e Everybody’s Rockin’, Neil Young ressurgiu com força em 1989 com Freedom e, em 1990, com Ragged Glory. Ele manteve o ritmo em 1992 com Harvest Moon, no qual se reuniu com o grupo de apoio de Harvest, os Stray Gators, duas décadas depois. É um álbum deslumbrante em que ele presta homenagem à esposa, Pegi Young, e reflete sobre a vida aos quarenta e tantos anos, chegando a pedir desculpas por seus erros em “One of These Days”.
Mas ele comete um grande deslize na constrangedora balada ao piano “Such a Woman”, em que canta sobre seu amor eterno por Pegi com o apoio de uma seção de cordas. “Ninguém mais pode me matar como você”, canta. “Ninguém mais pode me preencher como você.” Nada na música funciona, e ele nunca mais a tocou ao vivo desde 1992.
28) “Take Up Thy Stethoscope and Walk”, The Piper At the Gates of Dawn (1967)
Banda: Pink Floyd
Nos primeiros dias do Pink Floyd, o guitarrista Syd Barrett era o gênio residente da banda e o principal compositor. E apesar de tudo o que veio depois, Roger Waters era apenas o baixista. O álbum de estreia de 1967, The Piper at the Gates of Dawn, está repleto de clássicos escritos por Barrett, como “Astronomy Domine,” “Bike,” “The Gnome” e “Lucifer Sam.” Mas Barrett deu a Waters a chance de contribuir com uma única música, “Take Up Thy Stethoscope and Walk,” e o resultado foi simplesmente atroz.
A melodia irritante repete “Doctor, doctor!” sem parar enquanto despeja frases sem sentido como “Gold is lead / Choke on bread” a uma velocidade alucinante e psicodélica. A música dura apenas três minutos, mas parece durar 10 vezes mais. Só por essa música, ninguém teria adivinhado que seu autor tomaria conta da banda nos anos 70 e a transformaria em um dos maiores nomes do rock. As pessoas provavelmente pensariam que ele estava prestes a ter um colapso nervoso completo.
27) “Rainy Day Women # 12 & 35”, Blonde On Blonde (1966)
Artista: Bob Dylan
Esta provavelmente será uma escolha controversa, já que “Rainy Day Women #12 & 35” não foi apenas o single mais bem-sucedido de Blonde on Blonde, mas também um dos maiores sucessos da carreira de Bob Dylan. Mas é uma música quase de entretenimento, construída em torno de um trocadilho fraco sobre drogas (apedrejado no sentido bíblico versus apedrejado no sentido de estar drogado), que dá início a uma das maiores coleções de músicas já gravadas.
As versões variam sobre se os músicos no estúdio de Nashville estavam bêbados e/ou drogados quando gravaram a música em uma única tomada nas primeiras horas da manhã de 10 de março de 1966, mas eles definitivamente parecem um pouco fora de si, especialmente quando Dylan começa a rir durante o primeiro verso. Isso poderia ter sido um lado B interessante, mas não o começo de uma jornada que leva a “Visions of Johanna,” “Just Like a Woman,” e “Sad Eyed Lady of the Lowlands.”
26) “Dear Jessie”, Like A Prayer (1989)
Artista: Madonna
Uma grande parte dos fãs mais fervorosos de Madonna acredita que ela atingiu seu auge criativo com Like a Prayer, de 1989. A faixa-título é claramente uma das maiores realizações de sua longa carreira, mas é seguida no álbum por “Express Yourself,” “Cherish,” “Love Song,” e joias menos conhecidas como “Spanish Eyes” e “Promise to Try.” Mas então vem “Dear Jessie,” uma canção de ninar que o compositor-produtor Patrick Leonard escreveu para sua filha. “If the land of make believe / Is inside your heart, it will never leave,” Madonna canta. “There’s a golden gate where the fairies all wait / And dancing moons, for you.” Essas palavras são acompanhadas por cordas e sintetizadores de maneira profundamente desconcertante. É simplesmente uma música terrível em todos os aspectos que, de alguma forma, foi lançada como single. Desnecessário dizer, foi um fracasso colossal.
25) “Squeeze Box”, The Who by Numbers (1975)
Banda: The Who
The Who by Numbers é uma jornada sombria pela mente de Pete Townshend enquanto ele luta contra o bloqueio criativo, alcoolismo, solidão, conflitos internos na banda e uma sensação persistente de que seus melhores dias ficaram para trás. Mas, após três músicas, a banda deixa tudo isso de lado para uma canção agressivamente boba que compara o órgão sexual de uma mulher a um acordeão. “She goes in and out and in and out,” Roger Daltrey canta. “And in and out and in and out / She’s playing all night / And the music’s all right / Mama’s got a squeeze box / Daddy never sleeps at night.”
Sabemos que essa será uma escolha controversa, já que “Squeeze Box” foi um sucesso em todo o planeta, e a única música do The Who by Numbers que os fãs não tão fanáticos reconhecerão. Mas permanecemos firmemente ao lado disso. The Who by Numbers é um álbum criminalmente subestimado que ocupa um lugar de destaque na lista dos melhores trabalhos do The Who. Só é manchado por essa música estúpida, estúpida. (É tão boba que o Poison costuma tocá-la. Encerramos nosso caso.)
24) “E-Mail My Heart”, … Baby One More Time (2000)
Artista: Britney Spears
O álbum de estreia de Britney Spears, … Baby One More Time, de 1998, é uma jornada pela mente de uma adolescente de coração partido, imaginada por uma pequena equipe de compositores e produtores homens, em grande parte vindos da Suécia. Ele transformou Spears em uma superestrela global praticamente da noite para o dia, graças a sucessos como “… Baby One More Time”, “(You Drive Me) Crazy” e “From the Bottom of a Broken Heart.”
Esta última foi escrita por Eric Foster White, que também compôs “E-Mail My Heart.” É outra balada melosa sobre uma jovem mulher esperando ao lado de seu computador e modem dial-up pelo seu namorado responder a um e-mail. “And all I do is check the screen / To see if you’re OK,” Spears canta. “You don’t answer when I phone / Guess you wanna be left alone / So I’m sending you my heart, my soul / And this is what I’ll say.” Vamos ignorar o fato de que a maioria das meninas adolescentes estava no AOL em 1999 e não escrevendo e-mails, e focar no fato de que essa é uma música dolorosamente piegas.
23) “What’s Become of the Baby”, Aoxomoxoa (1968)
Banda: The Grateful Dead
Quando Jerry Garcia olhou para “What’s Become of the Baby” em uma entrevista de 1991 com Blair Jackson, ele tinha uma pergunta: “Por que diabos todo mundo me deixou fazer isso?” A resposta é que era 1968, todo mundo estava completamente chapado, e uma faixa psicodélica e esparsa onde Garcia canta de forma incoerente por oito minutos parecia uma boa ideia.
“Originalmente era barroca,” disse Garcia. “Eu tinha essa melodia trabalhada que tinha esse contraponto e um ritmo legal. O arranjo original que eu trabalhei era realmente como uma daquelas formas de canção da New York Pro Musica. Eu só queria torná-la muito mais estranha do que isso, e eu não sabia como fazer isso… É uma pena, porque é uma letra incrível e eu sinto que joguei a música fora de alguma forma.”
22) “Rude Awakening #2”, Pendulum (1970)
Banda: Creedence Clearwater Revival
As melhores músicas do Creedence são explosões de genialidade de dois minutos e meio, sem um grama de gordura. Elas surgiram no auge da psicodelia, mas a música deles era a antítese desse movimento indulgente de quase todas as maneiras. Mas o Creedence se afastou bastante da fórmula no final de 1970 com “Rude Awakening #2”, a última faixa de seu penúltimo disco, onde já mostram sinais de desgaste. (A presença de “Have You Ever Seen the Rain” e “Hey Tonight” ainda torna este disco ótimo aos nossos olhos.) “Rude Awakening #2” é uma instrumental imersa na psicodelia que se arrasta por intermináveis seis minutos e 22 segundos. Se essa foi a tentativa deles de serem abraçados pelos “cool kids”, falhou miseravelmente. Infelizmente, também marcou o fim do tempo do guitarrista Tom Fogerty na banda.
21) “There’s a World”, Neil Young (1972)
Artista: Neil Young
No início de 1971, Neil Young foi para a Inglaterra para se apresentar na BBC e fazer um show no Royal Festival Hall de Londres. No final da viagem, ele tomou a profundamente infeliz decisão de entrar em um estúdio com a London Symphony Orchestra e gravar duas novas músicas destinadas ao álbum Harvest: “A Man Needs a Maid” e “There’s a World.” Ambas eram músicas esparsas que funcionavam bem no piano, mas sofreram consideravelmente devido aos arranjos sinfônicos exagerados e desnecessários. A faixa que mais sofreu foi “There’s a World.” É uma mancha no Harvest, e o fato de que Young não tenha tocado ela novamente ao vivo até 2017 sugere que ele provavelmente sabe que a estragou.
20) “The Lady in My Life”, Thriller (1982)
Artista: Michael Jackson
Se Michael Jackson tivesse terminado Thriller com a faixa oito em vez da faixa nove, ele teria criado uma das obras mais impecáveis da história da música. Mas, por razões difíceis de entender, ele colocou “The Lady in My Life” no final. E não foi um processo fácil. “Quincy não estava satisfeito com o meu trabalho nessa música, mesmo depois de literalmente dezenas de tentativas,” Jackson disse. “Finalmente, ele me chamou de lado no final de uma sessão e me disse que queria que eu implorasse. Foi isso o que ele disse — ele queria que eu voltasse para o estúdio e literalmente implorasse por isso. Então, eu voltei e pedi para apagarem as luzes do estúdio e fecharem a cortina entre o estúdio e a sala de controle, para que eu não ficasse autoconsciente.” Ele fez uma interpretação vocal forte, mas ela serve a uma música que não tem razão para estar no mesmo álbum de “Billie Jean,” “Beat It,” “Human Nature,” “Thriller,” e “Wanna Be Startin’ Something.”
19) “Run for Your Life”, Rubber Soul (1965)
Banda: The Beatles
Os Beatles levaram um mês inteiro para gravar Rubber Soul no outono de 1965. O objetivo era finalmente dedicar tempo suficiente a um único álbum para que não precisassem preencher o tempo de execução com covers ou faixas filler. Eles mantiveram essa promessa até a última faixa, “Run for Your Life,” onde incluíram uma música que John Lennon fez de forma improvisada, sem muito pensamento. “Foi uma música que eu fiz de improviso,” ele disse à Rolling Stone em 1970. “Foi inspirada — essa é uma conexão muito vaga — na música de [Elvis Presley] ‘Baby, Let’s Play House’. Tinha uma linha nela — eu costumava gostar de linhas específicas de músicas — ‘Eu prefiro te ver morta, menininha, do que estar com outro homem’ — então eu escrevi em torno disso, mas não achei que fosse tão importante.” Muitos fãs dos Beatles acham que é uma das músicas mais fracas de Lennon-McCartney em todo o catálogo dos Beatles.
18) “The Angel”, Greetings From Asbury Park (1973)
Artista: Bruce Springsteen
Bruce Springsteen assinou com a Columbia Records como artista solo em 1972, e o lendário responsável pelo A&R, John Hammond, o via como um cantor e compositor sensível, no mesmo estilo de James Taylor, Cat Stevens, Carole King e outros astros da época. Mas Springsteen tinha muito mais interesse em gravar canções de rock como “It’s Hard to Be a Saint In the City” e “Growin’ Up” com a primeira formação da E Street Band. Isso significava que seu álbum de estreia, Greetings From Asbury Park, era um compromisso que oscilava entre faixas acústicas e rockers da E Street.
As duas músicas mais fracas do álbum, sem dúvida, são “Mary Queen of Arkansas” e “The Angel.” Mas há uma centelha romântica em “Mary Queen of Arkansas” que impede a música de cair totalmente no fracasso. Não podemos oferecer esse tipo de elogio para “The Angel.” É uma balada de piano melosa sobre um motociclista, com letras que fazem a gente revirar os olhos, como “Wieldin’ love as a lethal weapon/On his way to hubcap heaven.” As únicas duas apresentações ao vivo desde 1973 aconteceram no Royal Albert Hall de Londres em 1996 e na HSBC Arena de Buffalo, Nova York, em 2009, quando Springsteen tocou Greetings inteiro. As chances de ele fazer isso novamente são muito baixas. Agora está no céu dos capôs.
17) “Bad Blood”, 1989 (2014)
Artista: Taylor Swift
Em sua matéria de capa da Rolling Stone em 2014, Taylor Swift revelou que tinha uma grande rixa com uma colega popstar que tentou “sabotar uma turnê inteira em arenas” ao roubar alguns de seus dançarinos. “Durante anos, eu nunca soube se éramos amigas ou não”, disse ela. “Ela vinha falar comigo em premiações, dizia alguma coisa e ia embora, e eu ficava pensando: ‘Somos amigas ou ela acabou de me dar o insulto mais cruel da minha vida?’” (Demorou cerca de 16 segundos para os detetives da internet descobrirem que ela estava falando sobre Katy Perry.) Isso inspirou “Bad Blood”, na qual Swift ataca sua inimiga (“Você pede desculpas só de fachada”), mas a música é fraca e repetitiva.
Quando Swift e Perry fizeram as pazes, tudo isso pareceu ainda mais bobo. Por outro lado, isso levou a um momento glorioso na Eras Tour, quando Perry se filmou cantando a música em um estádio em Sydney. Talvez isso seja um sinal de que está na hora de aposentar “Bad Blood” de vez.
16) “Paint a Vulgar Picture”, Strangeways, Here We Come (1987)
Banda: The Smiths
É verdade que praticamente não existe uma música ruim dos Smiths, mas eles chegaram bem perto disso com “Paint a Vulgar Picture”, do álbum final da banda, Strangeways, Here We Come. (Um grupo vocal de fãs considerou o disco uma grande decepção depois de The Queen Is Dead, mas quase qualquer álbum pareceria menor após aquela conquista impressionante.) “Paint a Vulgar Picture” é um ataque contra as gravadoras que lucram com as mortes prematuras de jovens estrelas. “Na reunião da gravadora”, canta Morrissey, “em suas mãos, finalmente!/Uma estrela morta/Mas eles não podem te manchar aos meus olhos.”
A crítica se arrasta por cinco minutos e meio, sem nunca chegar perto dos pontos altos de “Girlfriend in a Coma”, “Death of a Disco Dancer”, “Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me” ou qualquer outra faixa do disco. Morrissey não estava errado em se sentir desconfortável com a forma como as gravadoras lucravam com as mortes de Ian Curtis, Marc Bolan e outros artistas trágicos. Mas isso deveria ter permanecido como um desabafo em seu diário — não precisava virar música.
15) “The Continuing Story of Bungalow Bill”, The White Album (1968)
Banda: The Beatles
John Lennon tinha boas intenções quando escreveu “The Continuing Story of Bungalow Bill” para zombar de um jovem americano rico que caçava tigres enquanto estava no retiro de meditação do Maharishi, na Índia. Mas a música é uma cantiga infantil simplista que repete o verso “Hey, Bungalow Bill/What did you kill, Bungalow Bill?” repetidamente, com gritos de Yoko Ono. Pode ser levemente divertida na primeira vez que se ouve, mas rapidamente se torna extremamente irritante. Há outros momentos fracos no White Album, como “Wild Honey Pie”, “Rocky Raccoon” e “Good Night” — sem falar na colagem sonora “Revolution 9” —, mas “The Continuing Story of Bungalow Bill” é aquela que nos faz apertar o botão de pular mais rápido.
14) “Lily, Rosemary, and the Jack of Hearts”, Blood On the Tracks (1975)
Artista: Bob Dylan
Apesar de Bob Dylan ter negado repetidamente ao longo dos anos, as músicas de Blood on the Tracks refletem a dor que ele sentiu durante a separação de sua primeira esposa, Sara Lownds. É por isso que tantas pessoas se conectaram a faixas como “Shelter From the Storm”, “If You See Her, Say Hello” e “Simple Twist of Fate” ao longo do tempo. Mas, no meio do álbum, a narrativa é interrompida por nove intermináveis minutos de “Lily, Rosemary, and the Jack of Hearts”. Trata-se de uma saga no estilo faroeste sobre o Jack of Hearts, Lily, Rosemary, Big Jim e o Juiz Carrasco — praticamente impossível de acompanhar.
Muitos ouvintes simplesmente pulam a faixa. (A versão mais enxuta lançada em The Bootleg Series Vol. 14: More Blood, More Tracks, de 2018, é muito superior.) A única vez que Dylan tentou tocar a música ao vivo foi no show final da Rolling Thunder Revue, em 1976, mas nenhuma gravação sobreviveu. Provavelmente, isso foi para melhor. (Ainda é fácil argumentar que Blood on the Tracks é o melhor álbum de Dylan, mas seria ainda melhor se ele tivesse incluído “Up to Me” e deixado “Lily, Rosemary, and the Jack of Hearts” de fora.)
13) “Factory”, Darkness On the Edge of Town (1978)
Artista: Bruce Springsteen
Se pedissem para uma inteligência artificial compor uma música de Bruce Springsteen, provavelmente ela criaria algo muito parecido com “Factory”. Como o título sugere, a faixa fala sobre a dor e a indignidade de trabalhar em uma fábrica, inspirada nas dificuldades enfrentadas por seu pai. “De manhã cedo, a sirene da fábrica toca”, canta Springsteen. “O homem se levanta da cama e veste suas roupas/O homem pega sua marmita e sai na luz da manhã.”
A música foi inicialmente concebida como “Come On (Let’s Go Tonight)”, com uma letra muito melhor, mas Springsteen decidiu seguir por outro caminho durante as sessões de Darkness on the Edge of Town. Para ser justo, “Factory” está longe de ser um vexame completo. Mas ainda é, de longe, a pior música de um álbum que, no restante, é impecável. Para piorar, ele deixou de fora faixas incríveis como “Because the Night”, “Fire” e “The Promise”, mas abriu espaço para “Factory”. Foi uma decisão infeliz. E parece que o próprio Springsteen tem consciência disso — ele tocou a música ao vivo apenas uma vez na última década.
12) “Try and Love Again”, Hotel California (1976)
Banda: The Eagles
Randy Meisner era um homem de muitos talentos. Um baixista talentoso, sua voz incrivelmente delicada foi parte essencial da harmonia que deu aos Eagles um som tão distinto. Seus vocais em “Take It to the Limit” são simplesmente magníficos, e todas as tentativas de cantar essa música sem ele fracassaram. Mas ele simplesmente não conseguia competir como compositor em uma banda com Don Henley, Glenn Frey e Joe Walsh. E esses caras estavam em seu auge criativo na época de Hotel California.
Esse foi o último álbum de Meisner com o grupo, e eles incluíram sua faixa country-rock “Try and Love Again” no segundo lado. É a única música fraca de um álbum que, no restante, é perfeito. Vince Gill fez o melhor que pôde quando os Eagles remanescentes tocaram Hotel California na íntegra há cerca de cinco anos, mas a faixa virou uma pausa para o banheiro entre “Pretty Maids All in a Row” e “The Last Resort”.
11) “Florida”, Homegrown (2020)
Artista: Neil Young
Quando Neil Young finalmente lançou Homegrown em 2020, após um atraso de 46 anos, os fãs ficaram cheios de perguntas: por que ele guardou por tanto tempo uma coleção de músicas tão brilhante? Como um disco tão intenso e pessoal teria sido recebido pelo público em 1974? E o que, afinal, está acontecendo com a faixa “Florida”? Essa última pergunta se refere a uma faixa falada e bizarra, na qual um Neil Young claramente chapado conta uma história confusa sobre presenciar um asa-delta desgovernado matar um casal no chão, deixando um bebê órfão ao lado dos corpos.
O único acompanhamento musical são sons de Young e do guitarrista Ben Keith esfregando as cordas de um piano e as bordas de taças de vinho. Trata-se de uma história simbólica sobre o fim de seu relacionamento com a atriz Carrie Snodgress e as questões de custódia envolvendo o filho deles, Zeke. Também é o sonho mencionado nos versos de abertura da faixa seguinte, “Kansas”. Mas isso não significa que seja agradável de ouvir. Não há absolutamente nenhuma razão para escutá-la mais de uma vez.
10) “We Will Fall”, The Stooges (1969)
Banda: The Stooges
Os Stooges praticamente inventaram o punk rock em seu álbum de estreia de 1969, com faixas como “I Wanna Be Your Dog”, “No Fun” e “1969”, que se tornaram clássicos do gênero. Mas, logo na terceira faixa do disco, eles saem completamente do rumo com a longa “We Will Fall”, de dez minutos. Baseada na viola de John Cale (que também assina a produção) e em um canto monástico do baixista Dave Alexander, a música soa mais como uma jam descartada do Velvet Underground do que algo típico dos Stooges.
“Sempre tem uma música em cada um dos meus álbuns que faz as pessoas dizerem: ‘Quando ele erra, ele erra feio. Isso aqui é absolutamente intragável, pretensioso pra caralho, cof cof’”, disse Iggy Pop anos depois. “Essa era a do meu primeiro álbum.” Para a maioria dos fãs dos Stooges, é apenas a faixa que vem depois de “I Wanna Be Your Dog” e que você pula para chegar a “No Fun.” Quando a banda se reuniu nos anos 2000, eles tocaram Fun House e Raw Power na íntegra em alguns shows. Mas nunca tocaram o primeiro disco inteiro — o que significaria apresentar “We Will Fall” ao vivo — e isso simplesmente nunca ia acontecer.
9) “Good Morning Good Morning”, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)
Banda: The Beatles
Se alguém acha que “Good Morning Good Morning” não é o ponto mais baixo de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, deveria ouvir o próprio John Lennon. “É descartável, um pedaço de lixo, sempre achei”, disse ele a David Sheff em 1980. “‘Good morning, good morning’ veio de um comercial de cereais da Kellogg’s. Eu sempre deixava a TV ligada, bem baixinha, enquanto escrevia, e essa frase passou, então escrevi a música.”
Lennon de fato tirou o gancho de um comercial famoso da Kellogg’s. Ele até transformou aquilo em algo levemente mais profundo, mas ainda é claramente uma música feita às pressas, sem muita consideração. George Martin morreu arrependido de não ter incluído “Strawberry Fields Forever” em Sgt. Pepper, já que a faixa havia sido lançada previamente como single. Se eles simplesmente tivessem descartado “Good Morning, Good Morning” para abrir espaço, o álbum seria bem mais forte. (E se você ama essa música, é provável que seja porque já a ouviu um milhão de vezes e não consegue imaginar Sgt. Pepper sem ela. Tente ouvi-la isoladamente e veja o que acha.)
8) “Silas Stingy”, The Who Sell Out (1967)
Banda: The Who
Pete Townshend concebeu o LP The Who Sell Out, de 1967, como uma transmissão imaginária de uma rádio pirata, completa com comerciais falsos de bicos assados e desodorantes. É um conceito inteligente que funciona na maior parte do tempo, mas nem todas as músicas estão à altura de faixas como “Tattoo”, “I Can See for Miles”, “Armenia in the Sky” e “I Can’t Reach Out”. O ponto mais baixo, sem dúvida, é “Silas Stingy”, escrita pelo baixista John Entwistle. É basicamente uma cantiga de ninar sobre um velho extremamente pão-duro que guarda todo seu dinheiro em uma caixa preta.
Metade da música é apenas a repetição de “Money, money, money bags/There goes mingy Stingy.” É irritante na primeira vez que você ouve, e insuportável na décima. Não é só a pior música de The Who Sell Out, mas uma das piores que o Who já lançou. E isso inclui fiascos dos anos 1980 embalados por cocaína, como “Did You Steal My Money?”
7) “Student Demonstration Time”, Surf’s Up (1971)
Banda: The Beach Boys
O Mike Love de hoje é um orgulhoso republicano que passou a véspera de Ano Novo com Donald Trump em Mar-a-Lago. O Mike Love de 1971 era consideravelmente menos inclinado politicamente, mas estava ansioso para entrar na onda anti-guerra e encontrar uma forma de manter os Beach Boys relevantes na era de Kent State e do Weather Underground. Foi por isso que ele pegou a música de 1954 de Leiber e Stoller, “Riot in Cell Block Number 9,” e a transformou em “Student Demonstration Time,” no Surf’s Up, escrevendo letras sobre o ativismo estudantil em resposta a Richard Nixon e à Guerra do Vietnã.
“Os Estados Unidos ficaram chocados em 4 de maio de 1970/Quando o comício virou um motim na Universidade de Kent State,” ele escreveu. “Disseram que os estudantes assustaram a Guarda/Embora as tropas estivessem completamente uniformizadas/Quatro mártires ganharam um novo grau/O bacharel em balas.” Isso parece uma espécie de paródia, mas essas são as letras reais. Mesmo 54 anos depois, é difícil ouvir a música sem sentir vergonha. E ela prejudica um álbum verdadeiramente excelente dos Beach Boys.
6) “Voices of Old People”, Bookends (1968)
Artistas: Simon & Garfunkel
Durante a criação de seu ambicioso álbum de 1968, Bookends, Art Garfunkel visitou o United Home for Aged Hebrews em New Rochelle, Nova York, e o California Home for the Aged em Reseda. A ideia era criar uma colagem sonora com idosos falando sobre suas vidas, o que levaria à música “Old Friends,” uma canção comovente que Paul Simon escreveu, na qual ele imaginava os dois compartilhando “um banco de praça em silêncio” aos 70 anos. O resultado foi dolorosamente depressivo: dois minutos e nove segundos de residentes de lares de idosos compartilhando coisas como “Deus me perdoe, mas um idoso sem dinheiro é patético,” e “Eu não poderia ficar mais jovem, tenho que ser um homem velho.”
A música faz o álbum parar abruptamente e lembra cada ouvinte da inevitabilidade da morte. Com o passar dos anos, e a probabilidade de qualquer uma dessas pessoas ainda estar viva indo a zero, a faixa se tornou ainda mais melancólica.
5) “FX”, Vol. 4 (1972)
Banda: Black Sabbath
O ditado diz que “cocaína é um inferno de droga.” O Black Sabbath estava cheirando praticamente por galões quando gravaram Vol. 4 no Record Plant em L.A. em 1972. Numa noite particularmente insana, após as horas no estúdio, eles arrancaram suas roupas e começaram a dançar. Um crucifixo que o guitarrista Tony Iommi usava ao redor do pescoço esfregou contra a corda da guitarra, fazendo um som distinto.
“Todo mundo então dançou em volta da guitarra, batendo nela,” Iommi escreveu em sua autobiografia, Iron Man. “Eu sempre colocava tanto trabalho em cada música, colocando todas as mudanças diferentes e tudo, e acabamos com uma faixa que surgiu acidentalmente porque alguns caras chapados estavam batendo na minha guitarra.” Isso certamente foi bom para uma risada no estúdio, mas colocar essa faixa em Vol. 4, ao lado de músicas legítimas como “Changes” e “Snowblind,” é uma decisão que só quatro caras cegos pela lógica e razão por causa da “neve” poderiam tomar.
4) “Jamaica Jerk-Off”, Goodbye Yellow Brick Road (1973)
Artista: Elton John
Elton John e Bernie Taupin originalmente planejaram gravar seu LP duplo de 1973, Goodbye Yellow Brick Road, no mesmo estúdio na Jamaica onde os Rolling Stones gravaram Goat’s Head Soup no começo daquele ano. “Não tinha uma boa vibe,” Taupin contou à Rolling Stone em 2013. “Eu me lembro de muito arame farpado ao redor do estúdio e guardas armados. Passamos muito tempo reunidos ao redor da área da piscina do hotel, sentindo que havia segurança em números.”
Eles eventualmente se retiraram de volta para o ambiente mais seguro do Château d’Hérouville, na França, e terminaram o álbum em questão de semanas. A única marca de suas aventuras jamaicanas pode ser encontrada na profundamente infeliz música “Jamaica Jerk-Off,” onde John canta versos como “We’re all happy in Jamaica/Do Jamaica jerk-off that way” com um forte sotaque de ilha.
Essa faixa não tem lugar no mesmo álbum de verdadeiras obras-primas como “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding,” “Candle in the Wind,” “Sweet Painted Lady” e “Harmony.” John nunca a tocou ao vivo, e Taupin afirma não se lembrar nem de tê-la escrito. Isso é provavelmente para o bem de todos.
3) “My World”, Use Your Illusion 2 (1991)
Banda: Guns N’ Roses
Incontáveis fãs do Guns N’ Roses se depararam com a faixa final de Use Your Illusion II ao longo dos anos e tiveram a mesma pergunta: “O que, em nome de Deus, é essa insana música industrial ‘My World,’ onde Axl Rose está rapping?” O guitarrista fundador Izzy Stradlin teve a mesma dúvida, mesmo tocando no álbum e coescrevendo várias das faixas. “Eu nem sabia que ela estava nele até ser lançada”, disse ele à Rolling Stone em 1992. “Eu ouvi e pensei, ‘Que porra é essa?’” A resposta é uma música que Rose criou em apenas três horas enquanto estava sob o efeito de cogumelos.
“Você quer entrar no meu mundo?”, ele rosnou. “É um estado sócio-psicótico de êxtase/ Você foi atrasado no mundo real/ Quantas vezes você acertou e errou?” A música é tão horrivelmente, ridiculamente ruim que precisa ser ouvida para ser acreditada. E decisões como “My World” tiveram um papel na saída de Stradlin da banda no meio da turnê de Use Your Illusion. Ele havia vivido no mundo de Axl por tempo demais e estava pronto para sair.
2) “Seamus”, Meddle (1971)
Banda: Pink Floyd
O LP Meddle de 1971 do Pink Floyd é iniciado e finalizado por dois clássicos do prog rock: “One of These Days” e “Echoes”. As faixas experimentais no meio do álbum não atingem esses picos, mas “Fearless”, “A Pillow Full of Winds” e “St. Tropez” são amadas pelos fãs do Floyd e envelheceram extremamente bem. O mesmo não pode ser dito sobre “Seamus”. A música blues de novidadade apresenta o border collie de Steve Marriot, Seamus, uivando por intermináveis dois minutos, e foi basicamente incluída como uma piada. Mas não foi engraçada em 1971, e definitivamente não é engraçada agora. É apenas a música ridícula que todos pulam para poder ouvir “Echoes”, e uma forte candidata ao título de pior música de todo o catálogo do Pink Floyd. (Desculpa, Seamus. Temos certeza de que você era um bom menino.)
1) “Mother”, Synchronicity (1983)
Banda: The Police
O guitarrista do Police, Andy Summers, teve uma mãe extremamente controladora. “Eu era meio que ‘o filho dourado’”, ele disse, “e lá estava eu, meio que realizando todos os sonhos dela ao ser uma estrela pop no Police. Eu sentia uma certa pressão dela.” Foi certamente uma situação difícil, e ele escreveu a maníaca “Mother” para desabafar, utilizando uma assinatura de tempo desconcertante em 7/8 e cantando ele mesmo. “Bem, toda garota com quem eu saio/Acaba se tornando minha mãe no final”, ele grita. “Oh, oh, mãe/Oh, querida mãe, por favor ouça/E não me devore.” Essas são as coisas que você diz para um terapeuta. Você não coloca isso no álbum final do Police ao lado de “King of Pain”, “Every Breath You Take”, “Murder by Numbers” e outros clássicos. É compreensível que Sting tenha sentido a necessidade de agradar seu guitarrista dando-lhe uma música no álbum, mas não precisava ser esse fiasco constrangedor.