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Sintomas fora do intestino que podem esconder doenças inflamatórias intestinais e atrasar o diagnóstico

Maio Roxo é o mês de conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn.
Embora esses distúrbios afetem diretamente o trato digestivo, os primeiros sinais podem surgir fora do intestino, dificultando o diagnóstico e atrasando o início do tratamento.
Quais são os sintomas das DIIs que surgem fora do intestino?
Segundo a Dra. Patricia Almeida, gastroenterologista e hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, sintomas como dores articulares, lesões de pele, inflamações nos olhos, cansaço extremo, aftas bucais e até alterações no fígado podem ser manifestações de uma DII.
Chamados de sintomas extraintestinais, esses sinais podem surgir antes dos intestinais e ser tratados de forma isolada, sem resolver a causa principal.
“Em alguns pacientes, as primeiras queixas são dores nas articulações, inflamações nos olhos ou lesões de pele. Enquanto os sintomas intestinais — como dor abdominal, diarreia ou sangramento nas fezes — podem surgir meses depois.”
Exatamente por não parecerem relacionados ao intestino, os primeiros sinais costumam levar o paciente a consultar outros especialistas, como reumatologistas, oftalmologistas ou dermatologistas, antes de chegar ao gastroenterologista.
“Se não houver sintomas digestivos evidentes no início, a conexão com o intestino pode não ser feita de imediato. Isso retarda o início do tratamento e, consequentemente, impacta a qualidade de vida. Por isso, é tão importante que os profissionais de saúde considerem a possibilidade de uma DII em pacientes com manifestações inflamatórias persistentes, mesmo que o intestino ainda não esteja dando sinais”, alerta a Dra. Patricia.
Quando suspeitar de doenças inflamatórias intestinais?
A especialista orienta que o paciente observe o conjunto dos sintomas. Sinais como dor abdominal recorrente, diarreia frequente, presença de sangue ou muco nas fezes, perda de peso sem explicação e fadiga constante devem ser motivo de atenção.
Sobretudo quando vierem acompanhados de queixas articulares, oculares ou de pele. “O histórico familiar também conta: quem tem parentes com DII deve ficar mais atento“, complementa.
Como confirmar o diagnóstico?
O caminho até o diagnóstico de doenças inflamatórias intestinais envolve diferentes exames clínicos, laboratoriais e de imagem.
“Exames de sangue ajudam a identificar sinais de inflamação e possíveis deficiências nutricionais. O exame de fezes pode detectar marcadores inflamatórios, como a calprotectina fecal”, detalha a gastroenterologista.
Mas é a colonoscopia com biópsia que confirma a inflamação e permite classificar o tipo de DII. Em certos casos, exames de imagem como enterorressonância ou tomografia são indicados para avaliar o intestino delgado.
Importância do diagnóstico precoce
Detectar a DII precocemente permite um tratamento mais eficaz, evitando complicações e danos permanentes ao intestino.
“Quanto antes controlamos a inflamação, menor o risco de danos permanentes no intestino e de manifestações fora dele”, afirma a médica.
O intestino desempenha um papel central na saúde. Ele abriga a microbiota intestinal — um conjunto de micro-organismos que influencia a imunidade, o metabolismo, o humor e até o funcionamento cerebral.
“Manter essa microbiota equilibrada com alimentação adequada, sono de qualidade, manejo do estresse e acompanhamento médico, é parte fundamental do cuidado com a DII e com a saúde como um todo“, orienta a Dra. Patricia.
No Maio Roxo, a mensagem é clara: sintomas aparentemente desconectados podem, sim, estar ligados ao intestino. Estar atento a eles e buscar ajuda especializada pode fazer toda a diferença no tratamento e no bem-estar. Confira mais conteúdos clicando aqui.