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A explicação de Billy Idol para uso passado de suásticas no punk

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A explicação de Billy Idol para uso passado de suásticas no punk



Billy Idol refletiu, em entrevista recente ao podcast Turned Out A Punk (via NME), sobre o uso de suásticas no início do movimento punk na Inglaterra.

De acordo com ele, essa prática era como “combater fogo com fogo”, no sentido de usar elementos tradicionalmente conservadores para se contrapor às “forças conservadoras”.

O músico citou o papel decisivo da estilista Vivienne Westwood no desenvolvimento da estética punk e relembrou que ela, mesmo não tendo qualquer tipo de simpatia ao nazismo, implementou o uso de suásticas na indumentária da cena londrina:

“Vivienne Westwood combinava a suástica com símbolos comunistas, com Karl Marx. E isso era um pouco como um “foda-se” para as forças conservadoras na Inglaterra, que meio que sentíamos que estavam se tornando fascistas. Então, nós pensávamos: ‘Ah, se vocês vão se tornar fascistas, então vamos refletir isso de volta para vocês’.”

Em seguida, complementou a reflexão:

“Foi uma espécie de reflexão sobre os poderes constituídos. ‘É isso que vocês querem que sejamos? Querem que sejamos fascistas? Ah, que tal nos vestirmos assim para assustar vocês?’ E funcionou.”

Apesar de a intenção ser a melhor possível, Billy Idol admite que, em certos momentos, a prática não foi vista com bons olhos, principalmente fora da Inglaterra. O artista lembrou um episódio em que ele e Siouxsie Sioux, outra personagem fundamental na cena punk inglesa, foram hostilizados em um show dos Sex Pistols em Paris, na França.

“Siouxsie estava usando seu traje de porteira noturna, com a suástica estampada, e estava deixando esses franceses de esquerda loucos porque eles não entendiam que isso era uma espécie de arte performática. Eles simplesmente achavam que ela era anticomunista – porque eles eram praticamente comunistas. Eles não percebiam que isso fazia parte da arte performática punk.”

E completou, pontuando que essa visão distinta da moda inserida ao contexto musical era uma diferença marcante entre o movimento punk na Inglaterra e na França.

“Eles simplesmente não entendiam o aspecto artístico performático da moda londrina presente no punk. Estávamos refletindo sobre o que a sociedade britânica estava fazendo conosco ao usar esse tipo de símbolo político.”

Suásticas no punk

*Texto de Paula Lepinksi para o site Aventuras na História.

O punk britânico surgiu para chocar. Cabelos espetados, jaquetas de couro com rebites, mensagens nas roupas, piercings , coturnos, pins, alfinetes e correntes. Valia tudo para não parecer com a geração anterior, dos hippies, cujas ideias tinham sido tão deglutidas pelo mainstream que os âncoras de TV se apresentavam de cabelos longos.

Exibida em faixas, camisetas e até pinturas no rosto, a suástica se tornou parte da cultura punk no início do movimento. Mas, juram os punks, a intenção não era alienar judeus ou difundir uma mensagem antissemita. Pelo menos não para maioria deles.

Siouxsie Sioux, um dos maiores ícones da época, afirmou a Jon Savage no livroEngland’s Dreaming.

“Era algo anti-mães e anti-pais. Nós odiávamos pessoas mais velhas martelando sobre Hitler ‘nós mostramos para ele’, e aquele orgulho presunçoso. Era uma forma de ver essas pessoas ficando vermelhas de indignação.”

Sid Vicious, do Sex Pistols, também exibia o símbolo nazista como um ato de rebeldia, e isso nem passava perto de seus ideais – aliás, a sua namorada, Nancy Spungen, era judia.

O guitarrista Marco Pirroni, que trabalhou com Siouxsie, falou sobre o assunto em 2001, conforme repercutido pelo Punk 77.

“A gente estava tentando parecer decadente e imperfeito a ponto de irritar todo mundo, até os nazistas. Não éramos nazistas nem tínhamos tendência política. A gente não tinha problemas com judeus, paquistaneses, gays ou qualquer grupo, só odiávamos todos que viviam em um mundo certinho.”

Mas poucos entendiam isso, tanto que a Frente Nacional Britânica, partido político de orientação ultra direitista e racista, tentou recrutar jovens membros do movimento punk na década de 70.

Foi quando surgiu o estilo Oi! (com exclamação mesmo). Eram skinheads – jovens de classe trabalhadora que até então ouviam sons da jamaica e, porque não podiam trabalhar com cabelos da moda, os raspavam. E, absolutamente, nem todos os skinheads eram supremacistas brancos. Mas alguns eram, e a imagem do neonazista careca estaria sempre associada ao Oi!

Isso fez com que os demais punks buscassem se distanciar de qualquer ligação com o nazismo. Surgiu o Rock Against Racism e o Anti Nazi League — com membros entre os skinheads. A “brincadeira” com suástica ficaria para trás.

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