Celebridade
Médica comenta caso da ex-BBB Hariany Almeida e garante: ‘Tem solução segura’

Em entrevista à CARAS Brasil, a ginecologista endócrina Maira Campos explica o que aconteceu com Hariany Almeida, que foi parar no hospital nesta segunda-feira, 5
Ex-participante do BBB 19, a influenciadora digital Hariany Almeida (27) precisou passar por uma breve intervenção cirúrgica na manhã desta segunda-feira, 5. Ela contou, por meio das redes sociais, que passou por uma troca de Dispositivo Intrauterino (DIU) e foi sedada durante o procedimento. A famosa também explicou o motivo aos seguidores. “Tive que fazer o procedimento sedada porque a perninha do DIU que serve para puxar acabou entrando. E como sou muito sensível à dor, a sedação foi a melhor opção para eu não sentir tanta dor”, contou. Em entrevista à CARAS Brasil, a ginecologista endócrina Maira Campos detalha o assunto.
Hariany revelou que colocou o DIU Mirena há cinco anos e que teve que fazer a troca nesta segunda. “Mas foi tudo super rápido”, falou. Em seguida, ela compartilhou uma imagem em que aparece sentada em uma cadeira de rodas e explicou: “Saí com muita cólica, mas já estou tomando remédio na veia e daqui a pouco passa”.
Segundo Maira, o DIU Mirena é um dispositivo em forma de “T”, colocado dentro do útero, que libera um hormônio chamado levonorgestrel (uma progesterona). Ele atua de três formas: engrossa o muco do colo do útero (impedindo a passagem dos espermatozoides), afina o endométrio (revestimento interno do útero, onde o óvulo se implantaria), e em algumas mulheres, também impede a ovulação. Tudo isso reduz drasticamente as chances de uma gravidez. “Ele é mais de 99% eficaz, sendo um dos métodos contraceptivos mais seguros disponíveis”, ressalta.
Ainda de acordo com a especialista, se for colocado nos primeiros 7 dias do ciclo menstrual (contando do primeiro dia da menstruação), ele começa a funcionar imediatamente. Se for colocado em outro momento do ciclo, é recomendado usar um método adicional (como camisinha) por até 7 dias.
“A colocação é feita em consultório, por ginecologista. Dura cerca de 5 a 10 minutos. A dor varia de mulher para mulher. Algumas sentem apenas um desconforto leve, outras relatam cólicas moderadas ou fortes no momento da inserção. Mulheres que já tiveram filhos costumam tolerar melhor. Após o procedimento, pode haver cólica ou sangramento leve por alguns dias”, informa.
Questionada se há necessidade de anestesia ou algum preparo especial, ela salienta que, normalmente, não se usa anestesia. “Algumas pacientes tomam analgésico ou anti-inflamatório 30 minutos antes para aliviar desconfortos. O ideal é fazer o procedimento durante ou logo após a menstruação, pois o colo do útero está mais dilatado. Em casos de muita ansiedade ou dor, pode-se considerar anestesia local ou sedação leve, mas não é a rotina”, fala a médica, acrescentando que o DIU Mirena pode ficar no útero por até 8 anos, dependendo da indicação médica.
Maira ressalta que a retirada também é feita no consultório: “O médico localiza os fios do DIU e puxa com cuidado. Em geral, é bem rápido e causa apenas uma cólica leve. A maioria das mulheres não sente dor significativa”. Ela também diz que é normal parar de menstruar com o DIU Mirena. “Cerca de 50% das mulheres param de menstruar após um ano de uso. Isso acontece porque o endométrio fica bem fino. Não é sinal de problema, e não “acumula sangue”, como muitos pensam. Para muitas mulheres, isso é até um alívio, especialmente quem sofre com fluxo intenso, cólicas ou anemia”, fala.
EFEITOS COLATERAIS E RISCOS
Sobre os efeitos colaterais mais comuns do Mirena, Maira informa que nos primeiros meses, podem ocorrer escapes (sangramentos fora do período menstrual), cólicas, dor de cabeça, acne ou sensibilidade nos seios. Esses sintomas tendem a diminuir com o tempo. A maioria das mulheres se adapta bem.
Já sobre os riscos do uso do Mirena, a médica diz que pode haver perfuração do útero durante a colocação (um a cada mil casos); expulsão do DIU (mais comum em mulheres que nunca tiveram filhos); infecção uterina nas primeiras semanas após a colocação; e alterações hormonais, como queda de cabelo ou mudança no humor (raras).
Febre, dor intensa, sangramento forte ou alteração no corrimento são os sinais de alerta de que algo pode estar errado. “Podem indicar problemas. Também é importante verificar se sente os fios do DIU”, destaca a ginecologista, que questionada se há alguma contraindicação, ela comenta: “É preciso avaliar com consulta. Mulheres com infecção pélvica ativa, suspeita de câncer ginecológico ou algumas doenças no útero podem ter contraindicações”.
A primeira revisão após a colocação do DIU costuma ser entre 30 e 60 dias. Depois, o acompanhamento é anual ou conforme orientação médica, explica a especialista. “O objetivo é verificar se o DIU está no lugar, se há efeitos colaterais e se continua tudo certo”, diz. “É importante entender que o DIU hormonal Mirena, ao longo do tempo, pode ter alterações de posicionamento dentro do útero, especialmente se a mulher teve contrações uterinas intensas ou outros fatores anatômicos. Em alguns casos, os fios que usamos para puxar o DIU durante a retirada podem se encurtar ou até se retraírem para dentro do colo do útero ou do próprio útero, como foi o caso relatado por Hariany”, continua.
“Quando isso acontece, a retirada pode ficar mais difícil e desconfortável e, para mulheres com baixa tolerância à dor, como ela mesma explicou, a sedação pode ser indicada para evitar sofrimento. É válido reforçar que, apesar de não ser o cenário mais comum, esse tipo de intercorrência é conhecido pelos ginecologistas e tem solução segura”, completa Maira.
A médica ainda afirma que o uso de sedação é uma prática possível e segura quando bem indicada, principalmente quando a paciente relata sensibilidade à dor ou ansiedade em procedimentos ginecológicos. “Também vale destacar que a influenciadora Hariany seguiu corretamente a recomendação de troca do Mirena após cinco anos de uso, que é o período de eficácia indicado antes da atualização mais recente que estendeu esse prazo para até oito anos, dependendo da versão e aprovação local”, conclui.
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