Moda
Descoberto fator na infância que pode ter ligação com câncer de intestino

O câncer colorretal, tradicionalmente considerado uma doença de adultos mais velhos, está assustadoramente em alta entre jovens adultos em todo o mundo. Agora, novas pesquisas sugerem que uma exposição precoce a uma toxina bacteriana pode ser um dos principais culpados por essa tendência alarmante.
Um estudo liderado por cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, publicado na revista Nature, revelou uma ligação preocupante entre a bactéria intestinal E. coli — especificamente as cepas produtoras da toxina colibactina — e o risco aumentado de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos.
A toxina que pode estar silenciosamente aumentando seu risco
- A pesquisa analisou 981 tumores colorretais de pacientes em 11 países das Américas, Europa e Ásia.
- Dos tumores estudados, 132 eram de pessoas com câncer colorretal de início precoce.
- A análise genética revelou que mutações específicas causadas pela colibactina eram mais de três vezes mais comuns em pacientes diagnosticados antes dos 40 anos do que naqueles com mais de 70 anos.
- Essas mutações indicam que a exposição precoce — provavelmente antes dos 10 anos de idade — pode danificar o DNA das células do cólon, aumentando significativamente o risco de câncer na fase adulta jovem.
- Em países como Inglaterra, Nova Zelândia, Porto Rico e Chile, onde se observam os maiores aumentos nos casos de câncer de intestino em jovens, as mutações associadas à colibactina são mais frequentes, reforçando ainda mais essa hipótese.
Por que essa bactéria está ganhando espaço?
- Segundo o professor Ludmil Alexandrov, líder do estudo, a colibactina pode funcionar como uma “arma química” para as bactérias E. coli ganharem vantagem no intestino, superando outras espécies microbianas.
- Essa “guerra microbiana” pode beneficiar a bactéria, mas deixa o hospedeiro — nós — vulnerável a danos genéticos graves.
Como a exposição pode acontecer?
Embora ainda não esteja totalmente claro como as crianças são expostas a essas cepas nocivas de E. coli, especialistas acreditam que uma combinação de fatores — incluindo dieta pobre em fibras, alto consumo de alimentos processados e alterações no microbioma intestinal — pode desempenhar um papel importante.
Segundo o Cancer Research UK, mais da metade dos casos de câncer de intestino poderiam ser evitados, sendo:
- 25% atribuídos à ingestão insuficiente de fibras;
- 13% ao consumo de carnes processadas;
- 11% causados pela obesidade;
- 6% pelo consumo excessivo de álcool;
- 5% relacionados à inatividade física.
Portanto, mudanças no estilo de vida e na alimentação ainda são fundamentais para a prevenção da doença, mas o novo estudo sugere que a intervenção precoce para moldar um microbioma intestinal saudável também pode ser crucial.
O que este estudo muda na prevenção do câncer colorretal?
Embora o estudo ainda não prove uma relação causal definitiva entre colibactina e câncer colorretal de início precoce, ele acrescenta uma peça importante ao quebra-cabeça.
Agora, pesquisadores ao redor do mundo estão aprofundando a investigação sobre:
- Como surgem essas cepas nocivas de E. coli;
- Como elas colonizam o intestino infantil;
- Se tratamentos com probióticos ou outros métodos podem neutralizar sua ação.
A expectativa é que essas descobertas levem a novas estratégias de prevenção e talvez até ao desenvolvimento de terapias específicas para reduzir o risco de câncer de intestino em futuras gerações.
A epidemia silenciosa: câncer colorretal em jovens
Dados recentes mostram que as taxas de câncer colorretal entre adultos com menos de 50 anos aumentaram em pelo menos 27 países, dobrando a cada década nos últimos 20 anos. Se essa tendência não for revertida, o câncer colorretal pode se tornar a principal causa de morte por câncer nessa faixa etária até 2030.
Diante desse cenário, a identificação de novos fatores de risco — como a exposição precoce à colibactina — é fundamental para virar o jogo a favor da saúde pública.