Celebridade
Psicóloga alerta perda de Clara Moneke em ‘Dona de Mim’: ‘Anos com dificuldades’

Em ‘Dona de Mim’, Leona (Clara Moneke) sofre uma perda devastadora; psicóloga explica o impacto do luto na vida da personagem
Dona de Mim, nova novela das sete da Globo, estreia nesta segunda-feira (28) com Clara Moneke vivendo Leona, uma personagem que enfrentará perdas devastadoras. Prestes a se formar em Publicidade e a se casar com Marlon (Humberto Morais), Leona sofre um dos piores golpes de sua vida: a morte da filha, Sophya, no sexto mês de gestação.
O luto profundo da personagem a leva a abandonar a faculdade, cancelar o casamento e mergulhar em dificuldades financeiras ao lado da avó e da irmã mais nova.
Para entender a fundo os efeitos dessa dor, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, que revelou como a perda de um bebê pode abalar intensamente o projeto de vida de uma mulher.
Como a perda da filha impacta a vida de Leona em Dona de Mim?
Segundo a psicóloga, a morte de um bebê, seja em qualquer fase da gestação, representa uma dor profunda para quem já nutria sonhos e planos de maternidade.
“Perder um bebê em qualquer fase da gestação é muito doloroso quando esse bebê era desejado, sonhado e planejado. Mesmo em casos de perdas em que o bebê não era planejado, pode haver sofrimento emocional intenso para a mulher, porque é a perda de um filho. Claro que isso não acontece com 100% das mulheres. Quando o bebê é planejado e desejado, há muito investimento psicológico, e a perda em qualquer fase da gestação traz muito sofrimento”, explicou Rafaela.
A especialista ainda ressaltou que o sofrimento não se mede pela fase da gravidez em que ocorre: “Existe um mito no senso comum de que, se a mulher perde o bebê no começo da gestação, ela sofre menos do que se perdesse ao final. Isso não é real. O bebê existe para essa mulher e, muitas vezes, para o homem, desde muito antes, desde a infância, quando se brinca de boneca e se fantasia sobre a maternidade. Então, perder um filho em qualquer fase da gestação é doloroso. Não trabalhamos com mais ou menos dor“, reforçou.
Quando a perda acontece próximo ao parto, como no caso de Leona em Dona de Mim, o impacto é ainda mais complexo: “Quando a perda ocorre no final da gestação, próximo ao parto, além da dor pela perda do filho, existe também a dor pelo relacionamento que já havia, o bebê do ultrassom, o que ela sentiu se mexer, a gestação que já foi anunciada, o chá de bebê, as fotos e lembranças. Tudo isso intensifica o sofrimento. Essa perda impacta muito emocionalmente a mulher e seu projeto de vida“, afirma a psicóloga.

Por que retomar os sonhos é tão difícil após uma perda?
Em Dona de Mim, Leona abandona seus projetos pessoais e profissionais após a perda da filha, retratando uma realidade vivida por muitas mulheres. Rafaela Schiavo explica: “Após a perda de um filho, independentemente do período gestacional, muitas mulheres passam anos com dificuldades de aceitar essa perda. Não significa que elas permanecerão em luto eterno, mas a perda deixa uma ferida emocional permanente. Toda vez que se lembra, a mulher sente a dor. Muitas têm medo de planejar uma nova gestação ou de enfrentar novos relacionamentos, porque a dor foi tão impactante e traumática que gera esse receio“.
O processo de luto não obedece prazos: “O luto pela maternidade não tem um tempo determinado. Não podemos dizer que, após seis meses ou um ano, a mulher “deveria” estar pronta. A dor de perder um filho é muito profunda. Geralmente, observa-se que, após um ano, um ano e meio ou dois anos, muitas mulheres retomam atividades habituais, trabalho, vida social, e voltam a ter projetos de vida. Porém, mesmo depois de 10, 20 anos, ao falar sobre o filho, essas mulheres revivem a emoção da perda e podem chorar”, disse.
Datas especiais, como o Dia das Mães, também tendem a ser momentos de maior sensibilidade: “Muitas fazem questão de manter viva a memória desse bebê, reconhecendo-o como seu filho, mesmo que outro filho venha posteriormente. Elas não querem que esse bebê seja apagado da história”, pontuou a especialista.
Existe um jeito certo de superar o luto?
A psicóloga alerta que, embora não exista um ‘caminho único’, algumas estratégias podem tornar a jornada menos dolorosa: “Não existe um único ‘caminho certo’, mas existem facilitadores que tornam o processo mais saudável. Um dos principais é o acompanhamento com um psicólogo perinatal. O luto não é um transtorno mental. É um estado de dor que precisa ser respeitado. A psicoterapia não busca fazer a mulher esquecer o filho ou parar de chorar. Ela tem como objetivo ajudá-la a elaborar o luto, prevenindo a evolução para uma depressão”, afirmou.

A falta de apoio pode trazer consequências sérias no futuro: “Quando a mulher tenta enfrentar o luto sozinha, sem ajuda, pode haver riscos futuros: dificuldades em novas gestações, medo intenso, conflitos com filhos que venham a nascer depois. Isso porque o luto mal elaborado pode gerar traumas que repercutem na vida emocional futura”, explicou Schiavo.
Finalizando, a psicóloga reforçou a importância do cuidado emocional: “Portanto, o acompanhamento psicológico perinatal é essencial para que essa mulher possa viver o luto de maneira saudável, preservando sua saúde mental e emocional, e evitando conflitos que poderiam surgir anos mais tarde”.
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