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Maio roxo alerta para doenças inflamatórias intestinais e autoimunes que afetam milhões

O mês de maio marca uma importante campanha de saúde: o Maio Roxo, dedicado à conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII) e também sobre outras doenças autoimunes que impactam a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
Criada para tornar essas condições mais visíveis para a sociedade, a campanha é reconhecida por importantes entidades de saúde, como a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD).
O que são as doenças inflamatórias intestinais?
As doenças inflamatórias intestinais são condições crônicas que causam inflamação no trato gastrointestinal. As duas principais são:
- Doença de Crohn: pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, da boca ao ânus, causando sintomas como dor abdominal, diarreia persistente, perda de peso e fadiga.
- Retocolite Ulcerativa: afeta exclusivamente o intestino grosso (cólon e reto), provocando úlceras, sangramento retal, cólicas e diarreia com sangue.
A prevalência das doenças inflamatórias intestinais (DIIs) no Brasil é de aproximadamente 100 casos para cada 100 mil habitantes, e esses casos vêm aumentando nas últimas décadas.
Quais os sintomas das doenças inflamatórias intestinais
As formas mais comuns de DII costumam provocar episódios de diarreia, cólicas e dores abdominais, sangramento retal, perda de peso, febre e fadiga.
No entanto, as duas doenças também podem ser acompanhadas por manifestações extraintestinais, cujos sintomas vão além do intestino – pois essas doenças são sistêmicas –, que atingem os olhos, as articulações e a pele, para citar alguns exemplos.
A intensidade dos sintomas costuma variar com o tempo, uma vez que as doenças têm um curso ideal de longos períodos de remissão, mas com surtos recorrentes. Este caráter varia muito conforme o perfil de cada pessoa, suas características essenciais observadas ao diagnóstico, critérios de melhor ou pior prognóstico, idade, perfil social e outros fatores.
“Os pacientes podem experimentar períodos de remissão, nos quais os sintomas diminuem ou desaparecem completamente, seguidos por períodos de recaída, nos quais os sintomas pioram e requerem tratamento intensivo”, afirma o gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestivo, Dr. Guilherme Berenhauser Leite.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico e o tratamento das DII podem ser complexos. “Muitas vezes, os sintomas são semelhantes aos de outras condições gastrointestinais, o que pode atrasar o diagnóstico”, acrescenta o gastroenterologista.
A demora no diagnóstico impacta diversos aspectos da vida dos pacientes, como ausências no trabalho, redução da vida social e prejuízos emocionais, segundo a GAMEDII (Associação Multidisciplinar de Apoio à Saúde Intestinal). Mesmo após o início do tratamento e remissão da doença, a grande maioria dos pacientes (83%) alega que suas vidas são impactadas.
Geralmente, para se chegar até o diagnóstico, o paciente passa por uma série de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O principal procedimento é a endoscopia do intestino, que permite a visualização direta das lesões e a coleta de biópsias para análise histológica.
Além da endoscopia, uma série de exames laboratoriais complementares é fundamental para avaliar a extensão da inflamação e possíveis complicações, como:
- Exames de sangue: ajudam a identificar sinais de infecção, anemia e deficiências nutricionais;
- Análise hepática: importante para detectar alterações no fígado, que podem ocorrer em casos mais graves;
- Marcadores inflamatórios: como a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C reativa (PCR), que indicam o grau de inflamação sistêmica;
- Biomarcadores fecais: como a calprotectina, que mede a inflamação intestinal de forma não invasiva e é útil no acompanhamento da atividade da doença.
Esses exames permitem ao médico definir um diagnóstico preciso, classificar a gravidade da condição e planejar o tratamento mais adequado para cada paciente.
Tratamento
Uma vez diagnosticadas, as DII são tratadas com uma combinação de medicamentos, incluindo anti-inflamatórios, imunossupressores e terapias biológicas, além de mudanças na dieta e estilo de vida.
Embora ainda não seja possível curar as DII, os sintomas são minimizados com tratamento médico adequado e, assim, haverá menor impacto na qualidade de vida do paciente.
O tratamento cirúrgico é uma opção para casos graves refratários ao tratamento medicamentoso ou que desenvolveram complicações.
“É importante que os pacientes com suspeita de DII busquem ajuda médica o mais rápido possível. Um diagnóstico precoce e um plano de tratamento adequado podem ajudar a minimizar os sintomas e prevenir complicações a longo prazo”, orienta Guilherme Berenhauser Leite.
Outras doenças relacionadas ao Maio Roxo
Além das DIIs, o Maio Roxo também promove a conscientização sobre diversas doenças autoimunes, incluindo:
- Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): doença que faz o sistema imunológico atacar tecidos saudáveis, afetando órgãos como pele, articulações, rins e cérebro. Estima-se que 65 mil brasileiros convivam com lúpus, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
- Esclerose Múltipla (EM): condição neurológica que afeta o sistema nervoso central, comprometendo a comunicação entre o cérebro e o corpo. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 35 mil pessoas vivem com esclerose múltipla no Brasil.
- Artrite Reumatoide: doença inflamatória crônica que acomete principalmente as articulações, provocando dor, inchaço e deformidades. A Sociedade Brasileira de Reumatologia estima que a artrite reumatoide atinja cerca de 1% da população brasileira.