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O hábito de sono silencioso que pode aumentar o risco de demência, segundo a ciência

Dormir bem é essencial para a saúde física e mental, mas um comportamento de sono em particular — muitas vezes ignorado — pode estar ligado a um maior risco de demência em pessoas mais velhas. Um estudo recente publicado na renomada revista científica Neurology revelou que o aumento da sonolência diurna ao longo do tempo pode ser um sinal de alerta para o desenvolvimento de demência, especialmente em mulheres.
A pesquisa acompanhou mais de 1.000 mulheres idosas ao longo de quase 15 anos, com foco em padrões de sono e funções cognitivas. O objetivo era entender como mudanças no sono ao longo do tempo poderiam refletir no risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
Mulheres e o risco elevado de demência
Segundo os pesquisadores, as mulheres apresentam uma maior prevalência de demência ao longo da vida, em parte devido à maior longevidade e também a fatores hormonais e neurológicos. Por isso, o foco do estudo em uma população feminina trouxe informações valiosas sobre sinais precoces de risco.
Durante o acompanhamento, os cientistas observaram que mulheres que relataram aumento da sonolência diurna — mesmo após noites aparentemente normais de sono — tiveram maior probabilidade de desenvolver demência mais tarde. Isso sugere que alterações na qualidade do sono ou na regulação dos ciclos de vigília e descanso podem ser indicadores precoces de declínio cognitivo.

O que é sonolência diurna excessiva e por que ela importa?
A sonolência diurna excessiva é caracterizada pela dificuldade de se manter acordado durante o dia, episódios frequentes de cochilos não planejados e sensação constante de fadiga mental. Muitas vezes, ela é tratada apenas como sinal de cansaço ou má qualidade do sono, mas a ciência mostra que pode ser mais do que isso.
De acordo com os autores do estudo, essa sonolência crescente pode refletir alterações cerebrais em áreas responsáveis pelo sono e pela memória, como o hipotálamo e o hipocampo — regiões também afetadas nas fases iniciais da doença de Alzheimer.
Sono fragmentado e microdespertares: um ciclo prejudicial
Além da sonolência diurna, outros padrões de sono prejudiciais também podem contribuir para o risco de demência. Pesquisas anteriores mostram que o sono fragmentado — com microdespertares durante a noite — pode comprometer a limpeza natural das toxinas cerebrais, como a proteína beta-amiloide, associada ao Alzheimer.
Durante o sono profundo, o cérebro ativa um sistema de “limpeza” chamado sistema glinfático, que remove resíduos metabólicos. Quando o sono é interrompido com frequência, esse processo é prejudicado, e substâncias neurotóxicas podem se acumular ao longo dos anos.
Como proteger o cérebro enquanto dorme?
- Mantenha uma rotina de sono regular: vá para a cama e acorde nos mesmos horários todos os dias.
- Evite luzes fortes à noite e reduza o uso de telas antes de dormir.
- Pratique técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda.
- Evite álcool e cafeína à noite, que prejudicam o sono profundo.
- Exercite-se regularmente, mas não muito próximo da hora de dormir.