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Lip-Bu Tan: Novo CEO da Intel é anunciado com olhar estratégico da indústria

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Lip-Bu Tan: Novo CEO da Intel é anunciado com olhar estratégico da indústria

AIntel anunciou que Lip-Bu Tan será o novo CEO (Chief Executive Officer) da companhia azul na quarta-feira (12). Com uma ampla visão mercadológica e passagens pelo conselho do time azul, Tan chega como uma das principais esperanças da gigante dos semicondutores para reverter uma forte crise, e já anima o mercado.

Nascido na Malásia, criado em Singapura e agora um cidadão norte-americano, Lip-Bu Tan é um daqueles executivos pouco conhecidos no cenário da indústria dos chips. Apesar do nome não ser tão familiar assim, o novo chefão de 65 anos tem um histórico invejável ao apostar em startups.

Com formação em física e até mesmo em engenharia nuclear no MIT (Massachusetts Institute of Technology), Bu Tan fundou em 1987, na Califórnia, a Walden International, uma empresa de investimentos. A ideia do executivo era bem clara: investir em mentes e companhias com muito potencial de crescimento para obter bastante lucro.

E basicamente foi assim que o fundador da Walden começou a construir seu legado. Tan não era exatamente uma figura notória no mundo dos semicondutores, mas decidiu apostar nesse segmento e em várias áreas do mundo digital, fazendo com que a empresa chegasse a um valor de mercado de US$ 2 bilhões em 2001 (Cerca de R$ 11 bilhões na cotação atual).

Lip Butan em entrevista
Tan se retirou do quadro de diretores da Cadence em 2023 (Imagem: The Israeli Semiconductor Portal/Reprodução)

Em 2024, ele se juntou como membro do conselho da Cadence Design Systems, uma companhia especializada em desenvolver softwares e hardware para empresas do ramo dos semicondutores. Anos depois, em 2009, Tan se tornou CEO da Cadence, e sob sua tutela a empresa bateu um recorde de receita de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,5 bilhões) em 2012.

Somente com essas credenciais já poderíamos dizer que Lip-Bu Tan tem um certo talento para aumentar significativamente a receita das empresas por onde passou. O grande truque de Tan parece ser sua visão de mercado certeira ao observar pequenas startups e enxergar um potencial de crescimento.

Foi isso o que ocorreu com a Annapurna Labs, uma startup de microeletrônica responsável por desenvolver um ecossistema em nuvem e auxiliar no design de chips. Tan investiu um dinheiro importante na empresa, comprada em 2015 pela Amazon por US$ 370 milhões (R$ 2 bilhões) e que se tornou um importante trunfo da expansão da empresa de Jeff Bezos.

No passado, Tan apostou na Nuvia, uma empresa fundada por um ex-executivo da Apple que almejava brigar contra a Intel e AMD na produção de chips. Não demorou muito até a Nuvia ser adquirida pela Qualcomm em 2021 por US$ 1,4 bilhão (R$ 8,1 bilhões) e ter auxiliado a fabricante de chips a impulsionar seu crescimento com a linha Snapdragon.

Novo CEO empolga, mas terá um caminho difícil

A notícia sobre a chegada de Lip-Bu Tan à chefia da Intel animou os investidores, e as ações da companhia tiveram um aumento de 10% logo nas primeiras horas após o anúncio. O mercado pareceu empolgado com o fato de ter um nome experiente e bem conhecido nos bastidores para tocar a gigante dos chips.

Tan já informou aos funcionários que irá se comprometer com o plano realizado pela gestão anterior, de alavancar a Intel com uma fabricante de chips até mesmo para outras empresas. O movimento é visto, por muitos, como uma estratégia ainda arriscada, visto que essa foi uma das consequências que fez o antigo CEO ser retirado do cargo.

Fotografia de Lip-Bu Tan
Lip-Bu Tan começará efetivamente o cargo de CEO na terça-feira (18) (Imagem: Intel)

“Trabalharemos arduamente para restaurar a posição da Intel como uma empresa de produtos de classe mundial, nos estabelecer como uma fundição de classe mundial e encantar nossos clientes como nunca antes”, revela a carta aberta de Tan à Intel.

Inclusive, o novo CEO aproveitou para agradecer David Zinsner e Michelle Johnston Holthaus, que nos últimos meses atuaram como co-CEOs da empresa. Zinsner ocupará o cargo de CFO, enquanto Johnston continuará como CEO da divisão de produtos da empresa.

Por mais que a chegada de Lip-Bu Tan seja animadora não só para a Intel, como para parte da indústria, o novo CEO terá um trabalho duro. Seu antecessor, Pat Gelsinger, anunciou sua aposentadoria no início de dezembro do ano passado, mas a verdade é que Pat teria sido forçado a se retirar do cargo por conta da crise financeira e uma briga com o conselho de membros da companhia.

Um ano desafiador para a Intel

O fim de 2024 foi um tanto quanto caótico para a Intel. A empresa apresentou resultados financeiros negativos recorrentemente e demitiu 15% de sua força de trabalho como uma forma de cortar custos. Uma grave falha em processadores Intel Core i9 de 13ª e 14ª geração eclodiu ao longo do ano e afetou a percepção pública a respeito da companhia.

Apesar disso, a empresa mostrou força ao anunciar os Intel Core Ultra 200V em meados do ano. A nova geração trouxe ainda mais foco em inteligência artificial para esses processadores e ajudou a acirrar a briga com a AMD e a Qualcomm.

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Empresas como a Arm foram especuladas de investir ou comprar certas divisões da Intel em meio à crise (Imagem: GettyImages)

Por outro lado, o lançamento dos Intel Core Ultra 200S para computadores de mesa foi morno. Embora tenham introduzido IA nas CPUs de desktop da empresa, o desempenho ficou bem parecido com a 14ª geração e não empolgou tanto assim o público.

A companhia fez um movimento muito interessante com as novas Intel Arc B500, que superaram as expectativas em termos de vendas e em análises especializadas. Porém, o mercado ainda não confia tanto nas GPUs da Intel, principalmente por uma questão a respeito de drivers.

Bu Tan vai ‘salvar a pátria’?

Em casos como esse, é difícil imaginar que somente a mudança do CEO irá gerar resultados totalmente diferentes em tão pouco tempo. Tan, inclusive, já foi membro do conselho da Intel, mas saiu do cargo após divergências internas.

Embora seja difícil apontar um salvador, o olhar amadurecido do executivo pode ser um diferencial importante nessa retomada da empresa. Alguém com uma boa visão tão boa para inovações tem muito a ganhar nessa indústria, mas ele precisa de tempo, afinal de contas novas tecnologias pioneiras e mudanças não ocorrem do dia para a noite.

Pessoalmente, é preciso desejar sorte à Intel nesse caminho, e digo isso como consumidor e jornalista. Com apenas Nvidia, AMD, Qualcomm e Intel para competir em um mercado tão amplo e que afeta tantas pessoas, não podemos nos dar ao luxo de perder a gigante azul para o ostracismo. Uma indústria forte e com concorrência traz bons produtos, bons preços, e mais empregos — e é exatamente disso que precisamos agora.

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