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Matheus Maia destaca a reabilitação cognitiva no Alzheimer

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Matheus Maia destaca a reabilitação cognitiva no Alzheimer

Desde os primeiros anos da faculdade de medicina, Matheus Maia já tinha uma inquietação: compreender os mecanismos que regulam a memória, a atenção e o comportamento. Esse desejo o levou à neurologia cognitiva. “Sempre quis saber como o cérebro opera, como é sua química, suas conexões. Parece um computador, mas é muito mais complexo“, explica.

Formado em medicina pela Universidade Católica de Brasília, especializou-se em neurologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde também concluiu sua subespecialização em transtornos cognitivos, transtornos do movimento e neurogeriatria. Contudo, encontrou sua grande paixão em outra área. “Hoje, meu maior foco está em transtornos de memória e atenção, seja em condições como Alzheimer, TDAH ou mesmo autismo“, afirma.

Saint Clinic: um centro de excelência em neurologia integrada

Com o objetivo de oferecer um atendimento diferenciado, Matheus se juntou aos médicos Raphael Palomo e Eduardo Sousa para fundar a Saint Clinic Neurologia Integrada. O centro médico se destaca por unir tecnologia avançada, um olhar humanizado e uma abordagem multidisciplinar no cuidado com pacientes que apresentam transtornos cognitivos, dores de cabeça e doenças neurodegenerativas. “A ideia sempre foi criar um espaço onde fosse possível diagnosticar e tratar em um mesmo local, com conforto e segurança para o paciente“, ressalta Matheus.

Experiência na linha de frente e a construção de um neurologista preparado

Atuar na linha de frente da Santa Casa foi um divisor de águas em sua carreira. O hospital, que abriga o maior pronto-socorro da América Latina, exigia decisões rápidas e muita resiliência. “Ali era um ambiente de guerra. O volume de pacientes era imenso e tínhamos que nos adaptar. Mas essa experiência nos tornou profissionais mais preparados”, reflete. “Muitas vezes, até hoje, se estou diante de uma situação extrema, sei que já passei por algo parecido ou pior na Santa Casa. Isso me dá segurança para agir com precisão“, afirma Matheus.

Essa experiência o motivou a permanecer na Santa Casa após sua especialização, assumindo a função de preceptor. Além de atender pacientes, passou a ensinar neurologia e a coordenar ambulatórios especializados. “Trabalhar ao lado de profissionais que são referência em Alzheimer foi essencial para aprofundar meus estudos. Ensinar novos médicos e residentes é garantir que mais pessoas tenham acesso a um atendimento de qualidade“, destaca.

Diagnóstico precoce do Alzheimer: um caminho para retardar a doença

Na Saint Clinic, onde coordena a área de neurologia cognitiva, Matheus busca integrar diagnóstico e tratamento para pacientes com transtornos de memória. Seu objetivo é oferecer um atendimento que una tecnologia e humanização. “Aqui, conseguimos realizar todos os exames complementares em um único espaço, garantindo mais conforto e eficiência para o paciente“, explica. O Alzheimer, um dos seus principais focos, tem sido o centro de avanços promissores. “Estamos muito próximos de descobertas revolucionárias. Medicamentos como Aducanumab, Lecanemab e Donanemab prometem eliminar a proteína beta-amiloide, um dos principais fatores da doença. É um passo rumo à cura, mas ainda precisamos de mais estudos para garantir segurança e acessibilidade“, destaca.

Além disso, o neurologista reforça a importância do diagnóstico precoce. “O Alzheimer se desenvolve ao longo de anos, mas muitos pacientes só chegam ao consultório quando a doença já está avançada. Precisamos reconhecer sinais precoces, como esquecimentos sutis e dificuldades de orientação. Quanto mais cedo detectamos, maiores as chances de retardar a progressão da doença“. Um equívoco muito comum que o médico faz questão de desconstruir é a ideia de que demência senil é algo natural. “Muita gente acredita que é normal um idoso esquecer as coisas. Isso não é verdade. O que muitos chamam de demência senil, na verdade, pode ser Alzheimer. Precisamos quebrar esse tabu“.

Reabilitação cognitiva: um campo que precisa de mais atenção

Um dos principais desafios da neurologia hoje é a reabilitação cognitiva. Matheus explica que, quando um paciente sofre um traumatismo craniano ou um AVC, a recuperação não deve se limitar à parte motora. “Muitas vezes, após uma lesão cerebral, os pacientes perdem funções cognitivas essenciais, como a capacidade de ler, calcular ou se comunicar. O maior desafio é fazer com que os profissionais de saúde compreendam que a reabilitação deve incluir essas funções“. Ele alerta para a falta de profissionais especializados nessa área. “A reabilitação cognitiva precisa ser iniciada nos primeiros seis meses após a lesão. Mas poucos pacientes têm acesso porque ainda há poucos neuropsicólogos preparados para esse tipo de tratamento“. O cenário, portanto, reforça sua missão de expandir o acesso a terapias que ajudem a restaurar a cognição dos pacientes.

O impacto dos traumas cranianos em atletas

A pesquisa também faz parte da trajetória de Matheus Maia. Em um de seus estudos realizados na Santa Casa, ele investigou o impacto de traumas cranianos em atletas e profissionais que sofrem pancadas repetitivas na cabeça. “Futebol, lutas e esportes de contato podem gerar microtraumas que se acumulam ao longo dos anos, levando a doenças neurodegenerativas. Nos Estados Unidos, já há um grande debate sobre isso no futebol americano. Aqui no Brasil, precisamos alertar os atletas e seus treinadores sobre os riscos dessas microlesões“, destaca. O problema, segundo ele, é que esses danos costumam ser silenciosos no início. “Se um atleta recebe repetidas pancadas na cabeça, ele pode apresentar pequenos prejuízos cognitivos que passam despercebidos. Mas, ao longo do tempo, isso pode evoluir para quadros semelhantes ao Alzheimer. Por isso, exames neurológicos preventivos são fundamentais para essa população“.

Inteligência artificial e o futuro da neurologia

Para ele, a inteligência artificial (IA) será uma grande aliada no diagnóstico e no tratamento das doenças neurológicas. “A IA pode ajudar a fazer diagnósticos diferenciais com mais precisão, identificando padrões que muitas vezes passam despercebidos pelo olhar humano“, explica. “Além disso, há um enorme potencial para o uso de robôs e dispositivos inteligentes na reabilitação de pacientes com sequelas neurológicas“.

Humanização na prática médica

Apesar de todo o avanço tecnológico, Matheus reforça que a humanização do atendimento continua sendo essencial. “Os pacientes que um neurologista recebe costumam estar emocionalmente carregados. Muitos chegam assustados, com diagnósticos difíceis. Meu papel é oferecer acolhimento, escutar sem interrupção, adaptar minha linguagem e garantir que a pessoa se sinta compreendida“, explica. Ele também destaca a importância do suporte aos familiares, especialmente em doenças neurodegenerativas. “O impacto do Alzheimer não se restringe ao paciente. A família também sofre e precisa de orientação para lidar com as mudanças. Ensinar estratégias para um cuidado seguro e respeitoso é parte essencial do meu trabalho“.

O futuro da neurologia cognitiva

Para os próximos anos, Matheus tem um objetivo claro: consolidar a reabilitação cognitiva como uma ferramenta essencial na neurologia. “Precisamos dar a mesma atenção à reabilitação cognitiva que damos à física. Meu sonho é ampliar essa área para que mais pessoas tenham acesso a esse tipo de tratamento“. O médico reflete que a medicina é sobre escuta e se colocar no lugar do outro. “Escutar mais, falar menos e valorizar o essencial são princípios que aplico todos os dias na minha profissão“, ressalta.

Instagram: @drmatheusgmaia

Site: https://saintclinic.com.br 

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