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Médico aponta riscos de diagnóstico de Aline Campos com lesão pré-cancerígena: ‘Abortamento’

Em entrevista à CARAS Brasil, Dr. Jorge Abissamra Filho fala sobre o diagnóstico de HPV e remoção de lesão pré-cancerígena de Aline Campos
Aline Campos surpreendeu seus fãs nas redes sociais ao confirmar que se submeteu a uma cirurgia em fevereiro deste ano para remover uma lesão pré-cancerígena causada pelo HPV, uma infecção sexualmente transmissível. Em entrevista à CARAS Brasil, Dr. Jorge Abissamra Filho explica mais detalhes do diagnóstico da artista.
“É muito comum no Brasil ter a lesão pré-cancerígena, que é a Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC). Essa lesão é precursora ao câncer de colo uterino e é causada pelo vírus HPV, que é transmitido sexualmente. E mesmo com o uso de preservativo, não previne a infecção desse vírus. A medicina ainda não sabe por que alguns pacientes desenvolvem os NICs e outros não. A 90% da população sexualmente ativa é portadora do vírus HPV, mas uma pequena parte só que desenvolve o NIC. E aí, a partir do NIC, que é causado o câncer de colo uterino“, explica.
“Depende do grau do NIC. Ele é dividido em grau 1, 2 e 3. O grau um muitas vezes é tratado só com uma cauterização, uma queimadura no local. Grau 2 e 3, principalmente o grau 3, é feita uma conização, a retirada dessa lesão, em forma de cone, do colo uterino, principalmente quando se quer manter o útero. Geralmente isso acontece em mulheres jovens e que querem ainda ter o desejo reprodutivo, querem ter filhos. Então, muitas vezes, para se manter o útero, é tirado essa lesão em forma de cone, que é um procedimento chamado conização. Ou a cauterização em lesões mais iniciais“, acrescenta.
Apesar disso, o médico destaca que a recuperação é simples, mas que alguns casos podem causar complicações em gestações futuras: “Em relação à Aline Campos, ela não descreve exatamente qual cirurgia ela fez, mas provavelmente ela fez uma conização. Como ela é jovem, provavelmente ela fez a retirada dessa lesão em forma de cone no colo uterino, ou seja, como se você amputasse um pedaço do colo uterino“.
“A recuperação da cirurgia é tranquila, porém, mesmo mantendo o útero, esse paciente tem uma gravidez de risco. Precisa ter muita cautela porque ela pode sofrer abortamento. Geralmente é feito um procedimento chamado cerclagem, que você amarra literalmente o colo uterino dessa paciente grávida, para evitar que aquela amputação que você fez parcial do colo tenha ali um abortamento. Em pacientes idosas, que não desejam manter o útero, ou seja, não querem ter filho, também um dos tratamentos é a retirada do útero, a estrectomia“, aponta.
Como mencionado pela própria artista, ela não apresentou nenhum sintoma, sendo surpreendida com o diagnóstico. E isso é completamente normal. Dr. Jorge Abissamra Filho destaca que o HPV é assintomático, ou seja, ele não traz nenhum sintoma. “Por isso, é fundamental a realização do papanicolau anualmente nas mulheres sexualmente ativas. Exatamente por isso, porque ele é uma lesão completamente assintomática. Posteriormente, quando já desenvolvido o câncer, aí a lesão está grande, pode haver sangramento, dispareunia, que é a dor para ter relação sexual, mas isso já com o diagnóstico avançado de câncer. Agora essas lesões, que são os NICs causados pelo HPV ou só você ser portador do HPV, é completamente assintomáticas“, aponta.
“É importante ressaltar também que a vacina para HPV é recente no calendário vacinal brasileiro. Ela tem que ser tomada por meninas e meninos que não tiveram ainda a primeira atividade sexual. Por isso que ela é aplicada no calendário vacinal no período da infância. A partir do momento que você já teve atividade sexual, o uso da vacina tem respostas muito controversas. E geralmente não é tão indicado“, conclui.
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