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Ator de História de Amor foi preso sete vezes e teve direitos cassados pela ditadura

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Ator de História de Amor foi preso sete vezes e teve direitos cassados pela ditadura

No ar na reprise de História de Amor, Mário Lago foi militante político e acabou preso sete vezes durante seus 90 anos de vida

Mário Lago, que está no ar na Globo como o Professor Medina na reprise de História de Amor, teve muitas funções ao longo de seus extensos 90 anos de vida. Além de ator, foi advogado, poeta, radialista, compositor, escritor e militante político. Essa última atividade o fez ser preso sete vezes e ter seus direitos cassados pela ditadura. Relembre a carreira do intérprete que se consagrou como um dos grandes nomes das artes brasileiras.

Artista multifacetado

Filho do maestro Antônio de Pádua e neto do anarquista italiano Giuseppe Croccia, Mário Lago cresceu em um ambiente onde arte e engajamento social estavam profundamente entrelaçados. Sua paixão pela literatura surgiu cedo, e ele publicou seu primeiro poema aos 15 anos.

Apesar de ter se formado em Direito na Universidade do Brasil, Mário Lago exerceu a profissão por pouco tempo. Seu verdadeiro chamado estava no teatro, na música e na dramaturgia, áreas em que deixou sua marca inconfundível.

Como letrista, foi responsável por clássicos da música brasileira, como Ai! que saudade da Amélia, que imortalizou a expressão “mulher Amélia” para descrever uma figura submissa e dedicada ao lar. Seu talento atravessou as ondas do rádio, onde atuou como ator e roteirista, antes de se tornar uma presença cativa na televisão, participando de dezenas de novelas da TV Globo.

Militância e prisões

A militância política foi uma das marcas mais fortes da vida de Mário Lago. Desde a juventude, ele se aproximou do marxismo e passou a integrar movimentos ligados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). A defesa intransigente de seus ideais fez com que fosse preso sete vezes, nos anos de 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969.

A repressão contra ele atingiu seu auge durante a Ditadura Militar, quando teve seus direitos políticos cassados e perdeu sua posição na Rádio Nacional. Mesmo sob constante vigilância, Mário Lago nunca abandonou sua convicção política. Em 1957, viajou para a União Soviética a convite da Rádio de Moscou, mas se decepcionou com o excessivo controle das produções artísticas do regime.

Ainda assim, permaneceu fiel às causas sociais e, na década de 1980, se alinhou ao Partido dos Trabalhadores (PT), participando ativamente de campanhas eleitorais e do debate político no país.

Legado nas artes

No teatro e na televisão, Mário Lago brilhou em inúmeras produções. Ele participou de novelas marcantes como Selva de Pedra, O Casarão, Cavalo de Aço, Barriga de Aluguel e História de Amor, onde interpretou o Professor Medina.

Sua presença era sinônimo de talento e carisma, e ele se tornou um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira. No cinema, também teve papéis memoráveis, como em Terra em Transe, de Glauber Rocha (1939-1981). Além das artes cênicas, Mário Lago se destacou na literatura, publicando livros como Na Rolança do Tempo e Bagaço de Beira-Estrada.

Nos últimos anos de sua vida, Mário Lago recebeu diversas homenagens. Em 2001, foi tema do desfile da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, e no mesmo ano, recebeu o Troféu Mário Lago, criado para reconhecer os grandes nomes da teledramaturgia nacional. Já em 2002, foi agraciado com a Ordem do Mérito Parlamentar.

Mário Lago faleceu em 30 de maio de 2002, vítima de enfisema pulmonar. Seu velório foi realizado no palco do Teatro João Caetano, onde viveu tantos momentos memoráveis como ator.

O multiartista Mário Lago - Reprodução/Globo
O multiartista Mário Lago – Reprodução/Globo

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