Celebridade
‘Eu acho que a Raquel sempre foi preta’, afirma Manuela Dias, autora de remake de Vale Tudo

Durante coletiva de imprensa, Manuela Dias, autora do remake de Vale Tudo, destaca as mudanças na sociedade e a atualização racial desde 1988
A Globo já está em contagem regressiva para a estreia do remake de Vale Tudo, a próxima novela das nove da emissora. A CARAS Brasil marcou presença na coletiva de imprensa do lançamento do folhetim e conversou com Manuela Dias (47), a autora da nova versão da história. Ela destaca as mudanças na sociedade e a atualização racial desde 1988.
Considerado um dos maiores clássicos da teledramaturgia, a primeira versão de Vale Tudo foi ao ar em 1988. A trama tem como plano de fundo a corrupção e a falta de ética no final dos anos 1980 no Brasil. A obra retrata a relação conflituosa de Raquel Accioli(Regina Duarte) e Maria de Fátima Accioli (Glória Pires), mãe e filha, que divergem de opinião se é possível ou não ser muito bem-sucedido e, ao mesmo tempo, honesto no Brasil.
Na nova versão, os papéis são de Taís Araújo (46) e Bella Campos (27), a autora Manuela Dias fala sobre as mudanças no cenário brasileiro de 1988 até os dias atuais e debate a questão da representatividade na teledramaturgia do Brasil.
“A questão da representatividade é central desde Justiça 1 e por quê? Acho que para mim, em função da dramaturgia é servir de ferramenta de transformação social – quando a gente tem representatividade é uma atitude central [e] política. Acho que de 88 para cá, a gente passou por um processo de letramento e a gente consegue ver hoje”, avalia.
Manuela Dias defende que a personagem Raquel sempre foi uma mulher negra: “Naquela época só tinha 2 atores pretos na novela. Naquele momento, o nosso olhar era tão deformado pelo racismo estrutural. Eu acho que a Raquel sempre foi preta. Ela era branca pela nossa incapacidade social de dar o protagonismo para outra atriz preta”, declara.
‘HOJE EM DIA A GENTE ESTRANHA’
Manuela Dias destaca que não foi só no debate racial que a sociedade avançou e afirma que outras temáticas da novela também serão alteradas na nova versão. A autora reforça que algumas questões como machismo eram muito normalizadas na época.
“A questão do machismo na primeira versão também é chocante. Poliana e Afonso, inclusive personagens bonzinhos. Poliana dizia que ia bater na Aldeide. Agressão contra a mulher na versão de 88 é totalmente normalizada. E que bom que hoje em dia a gente estranha”.
A autora fala sobre a relação de Maria de Fátima e Odete Roitman (Débora Bloch): “Sobre a questão da Maria de Fatima ser a Bella, eu acho que a Odete é um personagem tão pragmático que isso é maior que tudo. A Maria de Fátima é perfeita, tanto na versão original, como nessa. Ela tem um processo muito forte de identificação. A grande decepção é lá na frente, quando ela descobre tudo, que é quando Odete desmonta. Ela tem uma identificação muito forte”, finaliza a autora Manuela Dias.
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